A endometriose é uma doença que se caracteriza pelo crescimento de tecido endometrial (membrana mucosa que reveste a parede uterina) fora do útero.

Na endometriose, o tecido endometrial passa a revestir não só as paredes internas do útero, mas também aparece na superfície externa do mesmo, nos ovários e na cavidade abdominal.

Em casos mais raros, o tecido endometrial pode implantar-se nos órgãos abdominais, cobrindo a superfície externa do intestino delgado e do intestino grosso, os ureteres (canais que vão desde os rins até à bexiga), a bexiga, a vagina e o revestimento interno da parede torácica (pleura).

Endometriose Visão laparoscópica de pontos de endometriose (à esquerda na imagem) na cavidade abdominal, um sinal revelador da endometriose.

Em casos muito raros, pode ser encontrado tecido endometrial nos pulmões.

Causas de Endometriose

A endometriose acontece porque as células do revestimento interno do útero se deslocam para zonas externas do mesmo. Pressupõe-se que, em vez de serem expulsas com o fluxo menstrual, as células do revestimento uterino que se soltam durante a menstruação, retrocedam para as trompas de Falópio em direção aos ovários, entrando na cavidade abdominal.

O tecido endometrial, que cresce anormalmente fora do útero, sofre a mesma influência hormonal do tecido endometrial intrauterino. O endométrio sofre a ação das hormonas ováricas – progesterona e estrogénio – de acordo com as várias fases do ciclo menstrual. Ou seja, todo o tecido endometrial, mesmo aquele que se encontra no exterior do útero, pode sangrar durante a menstruação. Isto resulta em dor eventualmente forte na zona abdominal, irritação e formação de tecido cicatricial na zona revestida por tecido endometrial.

À medida que a doença avança, vai-se formando tecido fibroso, que acaba por ligar, entre si, estruturas que normalmente não estão interligadas (órgãos e músculos). Estes espessamentos podem interferir no normal funcionamento dos órgãos e, em casos mais raros, obstruir o intestino.

Cerca de 10% a 15% das mulheres que são menstruadas, entre os 25 e os 44 anos, sofrem de endometriose; também pode aparecer em adolescentes. Desconhece-se a percentagem exata de casos porque o diagnóstico, habitualmente, só pode ser feito mediante uma visualização direta do tecido, geralmente durante uma intervenção cirúrgica. Entre 25% e 50% das mulheres estéreis sofrem de endometrioses. Na endometriose grave, a passagem do óvulo para o útero pode encontrar-se bloqueada, o que pode provocar esterilidade.

Alguns estudos apontam para que a endometriose seja uma doença hereditária, afetando sobretudo os familiares em primeiro grau das mulheres que sofrem da doença. Ter uma menarca tardia (primeira menstruação), uma primeira gravidez após os 30 anos, ser de raça caucasiana e apresentar características uterinas anormais são fatores que podem contribuir para a endometriose.

Sintomas de Endometriose

  • Dor na parte inferior do abdómen e na zona pélvica.
  • Irregularidades menstruais (com perdas de sangue antes da menstruação).
  • Infertilidade.
  • Em alguns casos, dor durante as relações sexuais (dispareunia), assim como antes ou durante a menstruação.

O tecido endometrial, aderido ao intestino grosso ou à bexiga, pode provocar edema, dor durante a defecação, hemorragia rectal durante a menstruação ou dor na parte inferior do abdómen durante a micção. Da mesma forma, quando o tecido se localiza num ovário ou numa estrutura próxima, pode dar lugar à formação de uma massa com sangue coletado (endometrioma) que, uma vez rebentando, pode dar origem a uma dor abdominal aguda e repentina associada a hemorragia.

Tratamento de Endometriose

O diagnóstico da endometriose é inicialmente estabelecido com base na sintomatologia apresentada pela doente. Infertilidade inexplicada, dor à palpação abdominal ou a presença de uma massa de tecido por detrás do útero ou próxima dos ovários, são alguns dos sintomas e sinais que podem levar à colocação dessa hipótese. A presença de tecido endometrial na vulva, no colo uterino, na vagina, no umbigo ou nas cicatrizes cirúrgicas pode, de igual modo, conduzir ao diagnóstico da doença, que é confirmada a partir de exames de diagnóstico como laparoscopia, ecografia, TAC, ressonância magnética e biopsia do tecido (a extração de uma pequena amostra de tecido para o seu exame ao microscópio no laboratório) que, em geral, se faz durante a laparoscopia.

O tratamento da endometriose depende dos sintomas e extensão da doença, podendo variar entre a terapêutica farmacológica e a cirurgia, utilizada nos casos mais graves. A toma de contracetivos orais pode ajudar a inibir o reaparecimento da doença, mas apenas a extração cirúrgica dos dois ovários impede definitivamente que a endometriose reapareça. Depois da extração dos ovários e do útero começa-se a terapia de substituição de estrogénios, visto que esta cirurgia provoca os mesmos efeitos que a menopausa. Esta terapia começa, regra geral, imediatamente após a cirurgia, porém se permanecer, mesmo assim, uma considerável quantidade de tecido endometrial poder-se-á protelar o seu início por um período de 4 a 6 meses. Este intervalo permite que o tecido endometrial, que seria estimulado pela terapia substitutiva hormonal, desapareça.

 

Artigo revisto e validado pelo especialista em Medicina Geral e Familiar José Ramos Osório.

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