A otite consiste numa inflamação/infeção do ouvido, sendo denominada de acordo com o local em que se desenvolve ou de acordo com a causa que a provoca.

As otites dividem-se, tipicamente, entre as otites externas e as otites médias (que se subdividem em agudas ou crónicas). Contudo, há denominações mais detalhadas:

Dentro das otites médias, encontramos:

  • Otite média – inflamação aguda ou crónica do ouvido médio, que pode ser catarral, purulenta, seca ou serosa.
  • Otite adesiva – Otite média crónica com formação de fibrose, devida a obliteração do espaço do ouvido médio e retração do tambor.
  • Otite dos aviadores – otite média provocada por modificação de pressão.
  • Otite descamativa – otite média ou otite externa com abundante descamação do epitélio cutâneo ou mucoso.
  • Otite serosa – otite do ouvido médio acompanhada de líquido seroso, secundária a obstrução da trompa de eustáquio.
  • Otite externa – otite circunscrita ou difusa, localizada no ouvido externo.
  • Otite fúngica – otite devida a fungos.
  • Otite interna – inflamação do ouvido interno.
  • Otite parasitária – otite devida a parasitas.
  • Otite purulenta – otite com otorreia purulenta.
Otite Pus produzido pelo ouvido característico de uma otite. A infeção é conhecida como otite externa e pode ser causada por infeções fúngicas ou bacterianas.

As otites dividem-se em otites externas e otites médias.

Otite externa

A otite externa é um processo inflamatório do canal auditivo, ou seja, do canal que liga o pavilhão auricular ao tímpano.

Causas

A otite externa ocorre da acumulação de água no canal auditivo, o que provoca irritação e inflamação da pele e favorece o crescimento de microrganismos, como bactérias ou fungos. É uma situação frequente em crianças que frequentam piscinas ou durante a época de praia. A pele seca pode igualmente favorecer esta inflamação.

Sintomas

  • Dor, que se acentua ao toque ou com a mastigação.
  • Caso o canal se encontre muito edemaciado, pode eventualmente existir diminuição da audição.
  • A febre é rara e não é habitual haver manifestações mais graves.

Tratamento

Consiste fundamentalmente no alívio da dor e na aplicação tópica de um anti-inflamatório e/ou antibiótico em gotas.

Otite média aguda

O ouvido médio encontra-se separado do canal auditivo externo pela membrana timpânica. A otite média aguda é caracteristicamente uma inflamação aguda da mucosa do ouvido médio, afetando 80% das crianças com menos de dois anos de idade. Em geral, manifesta-se como uma complicação de uma constipação comum. Os vírus ou as bactérias da garganta podem chegar ao ouvido médio através da trompa de Eustáquio ou, ocasionalmente, através da corrente sanguínea. A otite média viral costuma ser seguida de uma otite média bacteriana.

É uma patologia responsável por cerca de 1/3 das visitas ao médico na criança com menos de 5 anos, diminuindo à medida que a idade avança. Por volta dos 3 anos, cerca de 45% das crianças terão tido 3 ou mais episódios de otite. Fala-se de otite recorrente se ocorrem pelo menos três episódios de otite média aguda em 6 meses ou quatro episódios ou mais num ano.

Causas

O arejamento do ouvido médio é feito através da trompa de Eustáquio que é o canal que faz a ligação deste com as fossas nasais. Na criança, este canal é muito horizontalizado, estreito e flácido, o que favorece a chegada das bactérias que existem naturalmente na nasofaringe até ao ouvido médio.

Por esta razão, também é natural que as otites ocorram sobretudo durante os meses frios e geralmente na sequência de infeções respiratórias. Cerca de 20% devem-se a agentes virais, mas frequentemente ocorre sobre infeção bacteriana, o que obriga ao tratamento antibiótico.

Para além da idade há vários outros fatores de risco para a ocorrência de otites, tanto genéticos como adquiridos.

Dos fatores genéticos destacam-se:

  • Malformações craniofaciais (como a fenda palatina, por exemplo).
  • Défices imunitários ou as alergias.

Como fatores adquiridos destacam-se:

  • Frequência do infantário (aumenta o risco de infeções respiratórias).
  • Exposição ao tabaco ou aos poluentes (uma vez que causam irritação da mucosa respiratória).
  • Beber biberão na posição deitada (pode favorecer o refluxo do leite para o ouvido).

Sintomas

No lactente:

  • Choro.
  • Irritabilidade.
  • Recusa alimentar.
  • Febre elevada e, por vezes, sintomas gastrointestinais, como náuseas, vómitos e diarreia.
  • Pode levar a mão ao ouvido em sinal de dor ou encostar a cabeça ao adulto na tentativa de aliviar o mal-estar.

Crianças mais velhas:

  • Dor.
  • Diminuição da audição.
  • Febre elevada. Quando há acumulação de pus contra o tímpano, este pode romper e haver saída de líquido amarelado através do canal auditivo, otorreia, que geralmente promove o alívio da dor.
  • Sintomas gastrointestinais como diarreia, náuseas e vómitos.
  • Como muitas vezes a otite é precedida de uma constipação, existem muitas vezes outros sintomas para além dos auditivos como obstrução nasal, rinorreia ou tosse.

Tratamento

Para além do tratamento sintomático (analgésicos/antipiréticos para controlar a dor e a febre; medidas de higiene nasal), geralmente há necessidade de recorrer a terapêutica antibiótica. Esta terá de ser escolhida de acordo com a idade e com os agentes que mais frequentemente são responsáveis pelos casos de otite na criança.

Complicações

Geralmente, o prognóstico da otite média aguda isoladamente é favorável. As complicações graves abarcam as infeções do osso circundante (mastoidite ou petrosite), a infeção dos canais semicirculares (labirintite), a paralisia facial, a perda de audição, a inflamação da membrana que reveste o cérebro (meningite) e os abcessos cerebrais. Os sintomas de complicação são dor de cabeça, uma profunda e repentina perda de audição, vertigem, calafrios e febre.

Otite serosa

A otite serosa é uma complicação frequente da otite média aguda ou recorrente, sendo uma das principais causas da surdez infantil. A otite média secretora é uma doença na qual o líquido se acumula no ouvido médio, em consequência de uma otite média aguda que não se curou por completo ou então devido à obstrução da trompa de Eustáquio.

Contendo habitualmente bactérias, o líquido acumulado acaba por provocar uma infeção. Esta doença é frequente na infância, uma vez que as crianças têm as trompas de Eustáquio estreitas, o que facilmente pode provocar uma infeção, devido a reações alérgicas, ao crescimento dos adenoides ou a inflamação do nariz e garganta.

Regra geral, a pressão no ouvido médio é equilibrada três ou quatro vezes por minuto, cada vez que a trompa de Eustáquio se abre ao engolir. Se a trompa de Eustáquio estiver entupida, a pressão no ouvido médio tem tendência para diminuir porque, apesar do oxigénio ser absorvido pelo fluxo sanguíneo a partir do ouvido médio, como é habitual, não é reposto. À medida que a pressão diminui, o líquido acumula-se no ouvido médio, reduzindo a capacidade de movimento do tímpano. Em consequência regista-se uma perda de audição do tipo condutivo.

Causas

Sempre que há uma alteração da ventilação do ouvido médio (adenoides aumentados, trompa de Eustáquio com alterações anatómicas) que dificulta o arejamento do tímpano, há acumulação de secreções e alteração da constituição da membrana timpânica.

Sintomas

  • Dificuldade de concentração.
  • Irritabilidade.
  • Alterações do sono.
  • A criança mais velha tem necessidade de aumentar o volume da televisão, falar alto, tem dificuldade em ouvir e pede para repetir as palavras. Quando não diagnosticadas atempadamente as otites sero-mucosas podem condicionar dificuldades de aprendizagem e na aquisição da linguagem e, consequentemente, pôr em causa o normal desenvolvimento global da criança.

Tratamento

O diagnóstico faz-se pela observação clínica e por exames complementares como o timpanograma, que permite analisar o modo como o tímpano vibra com o som, e o audiograma que avalia a eficácia com que o som é transmitido e permite detetar uma diminuição na acuidade auditiva.

Por vezes, estas situações evoluem naturalmente para a cura sem qualquer tratamento, embora normalmente seja benéfico a utilização de um descongestionante nasal e antialérgico.

Se o timpanograma e/ou o audiograma revelarem alterações, poderá estar indicada a colocação dos chamados “tubinhos” (é feito cirurgicamente um orifício na membrana timpânica e colocado um tubo que consegue arejar o ouvido médio e impedir a acumulação de secreções o que condiciona uma melhoria nítida da audição. Regra geral, os tubos são expulsos espontaneamente, após 6 a 18 meses, mas quando tal não acontece poderão ter de ser retirados cirurgicamente. Em cerca de 1/3 dos casos poderá ser necessário colocar novamente os tubos se existir recorrência da situação).

Durante o período em que a criança tiver os tubinhos nos ouvidos não deverá entrar água no ouvido pelo que terá de se ter muito cuidado com o banho, usando tampões auriculares ou mesmo bandas de proteção.

Artigo revisto e validado por José Ramos Osório, especialista em Medicina Geral e Familiar.

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