Dificuldade de conceber, após pelo menos 12 meses de relações sexuais regulares e sem recurso a métodos contracetivos, é a definição de infertilidade aceite pela comunidade médica e pela Organização Mundial de Saúde.
O termo infertilidade pode também designar a incapacidade de levar uma gravidez a termo e ter um bebé saudável.
A infertilidade divide-se em:
Infertilidade primária – sem antecedentes de gravidez. É a situação mais comum.
Infertilidade secundária – dificuldade em conceber novamente. Verifica-se em casais que já tiveram um filho, mas que têm dificuldades em voltar a engravidar.
Existem 2 tipos de infertilidade.
Causas de Infertilidade
A fecundação é um processo complexo, cujo sucesso depende do homem e da mulher. Estima-se que um terço dos casos de infertilidade seja de origem feminina, outro terço masculino e o restante motivado por ambos ou ainda de origem desconhecida. Existem alguns fatores que podem estar associados a este problema.
Na mulher:
- Problemas de ovulação – principal causa de infertilidade feminina. Podem dever-se a: alterações hormonais, excesso de peso ou magreza acentuada, prática desportiva em excesso, distúrbios alimentares, lesões, entre outros.
- Patologias nos ovários como a síndrome do ovário poliquístico, que interfere na formação de ovócitos.
- Obstrução das trompas de Falópio (originada por infeções genitais).
- Patologias como fibromiomas, pólipos, endometriose.
- Problemas anatómicos e malformações congénitas.
- Amenorreia (ausência de menstruação).
- Doenças da tiroide (hipotiroidismo e hipertiroidismo) que afetam o ciclo menstrual.
- Cancro e respetivos tratamentos (quimioterapia e radioterapia).
- Outras patologias como a diabetes, doença celíaca.
No homem:
- Problemas com o sémen – a principal causa de infertilidade masculina está relacionada com os espermatozoides: número reduzido, fraca mobilidade, problemas morfológicos que impossibilitem a fecundação, ausência (devido a falha na produção ou a obstrução testicular).
- Diabetes.
- Sequelas de parotidite.
- Lesões ou cirurgias na zona genital (inguinal e testículos).
- Cancro e respetivos tratamentos.
- Exposição excessiva a substâncias nocivas, como químicos, tabaco, esteroides, droga, álcool. O calor intenso em saunas, por exemplo, pode interferir com a atividade testicular.
Existem ainda outros fatores de risco:
- Idade: a partir dos 35 anos a fertilidade decresce na mulher (devido ao menor número e qualidade de ovócitos). No homem pode registar-se uma quebra de fertilidade após os 40 anos.
- Peso: obesidade no homem e mulher; magreza excessiva na mulher.
- Consumo de bebidas alcoólicas, tabaco, drogas.
- Stress.
- Sedentarismo.
- Dieta pouco equilibrada e rica em gorduras (favorece a obesidade).
- Medicamentos – a toma de certos fármacos, como antidepressivos, imunossupressores ou anti-inflamatórios, pode afetar a fertilidade.
Sintomas de Infertilidade
A dificuldade em conceber é o primeiro indício de infertilidade. A probabilidade de engravidar aumenta com o tempo, ou seja, após seis meses de tentativas a maioria dos casais consegue engravidar e estima-se que aos 12 meses a probabilidade de sucesso atinja os 90%. Segundo a Organização Mundial da Saúde, se um casal não consegue engravidar depois de 12 meses de relações sexuais regulares e desprotegidas, deve procurar ajuda médica. Este período pode ainda ser encurtado para seis meses se a mulher tiver mais de 35 anos.
Principais sinais de alarme:
Na mulher:
- Menstruação irregular, ausente ou dolorosa.
- Doenças do útero (endometriose, mioma).
- Síndrome do ovário poliquístico.
No homem:
- Alterações hormonais.
- Diminuição do desejo sexual.
- Problemas de ejaculação.
- Inchaço no escroto ou varicocele.
- Testículos pequenos.
Tratamento da Infertilidade
No caso feminino, o diagnóstico pode implicar a realização de análises ao sangue, urina e/ou estudos hormonais para avaliar a ovulação, assim como o registo da temperatura basal e ecografia pélvica para observar o útero e ovários. Para detetar uma eventual obstrução das trompas é feita a histerossalpingografia (exame radiológico com contraste). No caso masculino realiza-se o espermograma, que permite avaliar a morfologia, concentração e desempenho dos espermatozoides. Em certos casos, pode ser necessário fazer um estudo hormonal ou genético.
O tratamento pode assumir várias vertentes:
- Terapêutica farmacológica – a maioria dos casos são resolvidos com a toma de fármacos para regular a ovulação na mulher e estabelecer o equilíbrio hormonal feminino ou masculino; a toma de medicamentos pode estar indicada em caso de infeção.
- Cirurgia – permite corrigir problemas existentes no aparelho reprodutor feminino ou masculino.
- Procriação medicamente assistida – através da fertilização in vitro, em que se procede à fecundação do ovócito em laboratório, da injeção intracitoplasmática e inseminação intrauterina, com sémen recolhido previamente.
- Estilo de vida – a correção de hábitos nocivos, como por exemplo fumar, é recomendada pelos clínicos no quadro de adoção de bons hábitos de saúde. Pode ser aconselhada a programação das relações sexuais de acordo com o momento de ovulação para aumentar as hipóteses de fecundação.
Artigo revisto e validado por Maria Isabel Braizinha, especialista em Medicina Geral e Familiar.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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