Mitos e Verdades sobre a calvície

Cirurgia Plástica e Estética
Última atualização: 24/02/2023
  • A calvície é caraterizada por uma redução gradual e progressiva perda de cabelo.
  • É muito importante a observação e acompanhamento regular num paciente com calvície, de modo a diagnosticar a calvície em estados iniciais.
  • O tratamento varia conforme a calvície. Para a calvície comum, a alopecia androgenética, os tratamentos dividem-se entre medicamentos anti-androgénicos e o transplante de cabelo.
  • No caso da calvície feminina, esta tem um impacto grande tanto a nível psíquico como social.
  • Esclarecimento sobre o que é mito e verdade.
calvicie

O que fazer perante uma anormal queda de cabelo? Existem suplementos que podem ajudar a combater a calvície? Que tratamentos são mais eficazes? Falamos com um especialista para desvendar os mitos e as verdades mais comuns sobre a calvície. Saiba tudo.

Cortar o cabelo, evitar usar chapéu ou aplicar uma máscara de ovos. Há um sem número de recomendações populares para prevenir ou reverter a calvície, um problema que afeta mais de 50% dos homens a partir dos 50 anos e mulheres a partir dos 65 anos, segundo dados do National Health Service (NHS), o serviço nacional de saúde pública do Reino Unido.

A calvície implica uma redução da densidade capilar mas não é o mesmo que queda de cabelo. “No entanto, esse sintoma não deve ser desvalorizado, sobretudo quando difere do padrão habitual para essa pessoa e para essa época do ano”, alerta o Dr. Rui Oliveira Soares, dermatologista e coordenador da Unidade do Cabelo do Centro de Dermatologia do Hospital CUF Descobertas. Afinal, pode tratar-se de uma forma de apresentação da calvície comum ou de uma doença, por exemplo, a alopecia areata.

E também neste caso é consensual que um estilo de vida saudável ajuda ao crescimento saudável do cabelo: não fumar, praticar exercício físico, evitar o excesso de peso e ter uma alimentação variada. “Não existe interesse em consumir em excesso nenhum alimento em especial”, explica o médico. No entanto, para quem já tem um diagnóstico de calvície, existem alguns cuidados alimentares que podem ajudar no tratamento.

As mulheres com calvície comum, alopecia androgenética e queda recorrente, o deflúvio telógeno crónico, têm um nível médio de ferritina (proteína que é produzida pelo fígado e responsável pelo armazenamento de ferro no organismo) no sangue inferior ao da população em geral. Esta carência é maior em mulheres em pré-menopausa. Embora os pacientes com queda recorrente melhorem ligeiramente com suplementação de ferro, esta melhoria não é importante nem diferente da observada na população em geral. “Este valor médio mais baixo dos níveis de ferritina não se verifica em homens com queda de cabelo. Na avaliação da queda de cabelo pode fazer parte a deteção de níveis de ferritina, vitamina D e zinco e quando forem muito baixos devem ser suplementados”, esclarece o coordenador da Unidade do Cabelo do Centro de Dermatologia do Hospital CUF Descobertas.

Ouvir o paciente

O médico Rui Oliveira Soares diz-nos que o segredo é ouvir o paciente e observá-lo. Mas não só. “A tricoscopia, um exame de visualização em aumento do couro cabeludo e dos cabelos, é também muito útil. Permite diagnosticar em fases muito iniciais a calvície comum, a alopecia androgenética não visível a olho nu por miniaturização, o cabelo mais fino, em mais de 20% dos fios. Permite também distinguir as várias doenças que afetam o couro cabeludo por padrões típicos de cada uma”, explica.

Por outro lado, “o fototricograma permite determinar a taxa de crescimento e diâmetro dos cabelos, o que permite distinguir calvície comum de deflúvio, a queda de cabelo sem miniaturização. Em casos raros, temos que efetuar uma biopsia de pele para saber que doença afeta o couro cabeludo”, esclarece o dermatologista. Para determinar a queda de cabelo excessiva, são úteis “o teste de tração (puxar um conjunto de cabelos e ver quantos se soltam) e o fototricograma”, afirma o dermatologista.

Acompanhamento regular

Mas para se chegar ao diagnóstico, há que procurar ajuda especializada. Quando é que se sabe que é o momento para ir ao médico fazer uma avaliação? Como explica o Dr. Rui Oliveira Soares, deve consultar um especialista quando detetar sintomas como “áreas sem cabelo, redução de densidade, alteração do couro cabeludo (escama, vermelhidão), queda exagerada em comparação com o que costuma ser habitual, dor, ardor e comichão”.

A calvície nem sempre é reversível, pelo que quanto mais cedo procurar ajuda, mais rapidamente perceberá como pode atuar e controlar este problema. “Existe um conjunto de doenças que tem como estado final uma calvície não reversível - chamam-se alopecias cicatriciais. A mais comum, nos caucasianos, é o líquen planopilaris.

Noutras doenças, como a alopecia areata, habitualmente existe potencial de recuperação total dos folículos (que produzem cada cabelo) e, consequentemente, a falta de cabelo não é definitiva. Na calvície comum, existe potencial de manter e melhorar (tornar mais grossos) os folículos existentes com o tratamento médico”, esclarece o dermatologista. Os que eventualmente se tenham perdido já não são passíveis de recuperação. “No caso de doença (alopecia areata, líquen planopilaris, foliculite decalvante, entre outras), o follow up inicial será feito aos dois ou três meses para avaliar o controlo da doença, enquanto na calvície comum bastará reobservar aos seis meses.

Como tratar?

Cada doença tem um tratamento específico. “No caso da calvície comum, a alopecia androgenética, os tratamentos mais úteis dividem-se entre medicamentos anti-androgénicos e o transplante de cabelo. Na alopecia areata, a doença que a maioria das vezes cursa com peladas, o medicamento mais usado é o corticosteroide, um tópico, intralesional ou tomado. Numa alopecia de causa carencial, teremos que repor o componente deficitário (como por exemplo, o ferro). No caso de um lúpus eritematoso discoide, os anti-maláricos constituirão o tratamento mais útil”, explica o dermatologista.

No que respeita à suplementação, o tema ainda não é consensual entre os médicos não existindo recomendações sobre o nível de carência em que se deve suplementar. “A maioria dos médicos acha que, quando detetados níveis muito baixos de ferro, zinco, estradiol, vitamina D, bem como de alguns péptidos, estes devem ser suplementados.

Sabemos, no entanto, que a maioria das pessoas com uma alimentação variada não necessita de suplementação alguma para o cabelo, exceto de ferro em algumas mulheres com grande perda menstrual de ferro. Sempre que existam restrições alimentares, o estudo dos níveis de oligoelementos é útil, e em caso de carência, deve fazer-se suplementação.

Os suplementos variam na composição de oligoelementos, pelo que o paciente deve recorrer àquele que o médico indicar em função da carência existente”, explica o Dr. Rui Oliveira Soares. As melhores opções terapêuticas dependem da doença, do estado de saúde do paciente e da própria variabilidade de cada patologia. Ninguém melhor do que o seu médico assistente para lhe fornecer as melhores recomendações.

O impacto da calvície feminina

No que respeita às mulheres, a calvície tem um enorme “impacto psíquico e social. Em termos de perda de qualidade de vida, é equiparável a uma doença neoplásica. Este efeito devastador não é tido em conta pelo Estado na comparticipação de tratamentos médicos e cirúrgicos, bem como na compra de próteses capilares. Todos os agentes ligados à saúde deveriam sensibilizar os decisores, já que a definição de saúde da Organização Mundial da Saúde engloba a componente psíquica e social”, alerta o médico.

Mitos que persistem

O dermatologista Rui Oliveira Soares esclarece algumas ideias erradas que se mantêm na sociedade e que importa desmitificar:

  • Lavar muito vezes a cabeça faz cair mais cabelos. Falso. Estudos que comparam, na mesma pessoa, o número de cabelos que caem se lavar a cabeça três vezes por dia e uma vez por semana concluem não haver diferença no número de cabelos perdidos.
  • O uso de gel ou de condicionadores aumenta a queda de cabelo. Falso
  • O uso de capacetes ou gorros aumenta a queda de cabelo. Falso
  • Cortar o cabelo fortalece-o. Falso. O fio é acelular e não responde ao cortar.
  • Existem produtos universalmente bons para o tratamento da queda de cabelo. Falso. Cada pessoa tem um problema distinto e o tratamento adequado implica reconhecer, em primeiro lugar, de que problema se trata.

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