O que é o HPV?
- O Vírus do Papiloma Humano está presente quase na totalidade dos cancros do colo do útero diagnosticados.
- Dado que o vírus é extremamente contagioso sexualmente, é recomendado ter algumas precauções neste contexto, como usar preservativo e diminuir o número de parceiros sexuais.
- Existem cerca de 200 genótipos deste vírus que podem provocar diferentes lesões quer na mulher, quer no homem.
- A deteção e tratamento precoce das lesões constitui a forma mais eficaz para evitar que qualquer lesão existente degenere em cancro. Esteja atento a diferenças no seu corpo.
- Para além da infeção pelo Vírus do Papiloma Humano, existem outros fatores de risco para o desenvolvimento de cancro do colo do útero. Descubra-os neste artigo!
Responsável por vários tipos de infeções, o Vírus do Papiloma Humano encontra-se presente em mais de 99% dos cancros do colo do útero. O diagnóstico precoce das lesões e o seu tratamento atempado constituem a melhor forma de evitar este tipo de cancro. Veja como neste artigo.
O Vírus do Papiloma Humano
Em 2020, foram diagnosticados cerca de 900 novos casos de cancro do colo do útero em Portugal, de acordo com dados do Global Cancer Observatory. Igualmente, ocorreram 379 mortes relativas a esta doença no mesmo ano. A infeção pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV) encontra-se presente na quase totalidade de cancro do colo do útero e nas lesões pré-neoplásicas. Segundo a Liga Portuguesa Contra o Cancro, o HPV prevalece quase na totalidade dos casos de cancro do colo do útero mundialmente diagnosticados, o que o torna o fator epidemiológico mais importante para este tipo de cancro. Na verdade, o HPV é considerado o segundo carcinógeno mais incidente na vida das pessoas, só perdendo o primeiro lugar para o tabaco.
Proteção sexual e HPV
O HPV é um vírus sexualmente transmissível e altamente prevalecente na população mundial, já que é de fácil transmissão. Estima-se que 75% das pessoas têm neste momento ou já tiveram a infeção. Foi, contudo, a associação entre o HPV e o cancro do colo do útero, que ocorreu nos anos 90, que conduziu à concentração de esforços para a deteção precoce da infeção.
A par dos meios de diagnóstico precoce, as formas mais adequadas para evitar a infeção são o uso de preservativo nas
relações sexuais, a limitação do número de parceiros (quanto maior for o número de parceiros sexuais, mais exposta a
mulher fica ao HPV) e a toma da vacina, que se encontra integrada no Programa
Nacional de Vacinação (PNV) e oferece proteção contra 9 tipos de HPV — de baixo e alto risco. Esta vacina
está indicada para raparigas entre os 10 e os 13 anos, podendo ser feita até aos 18 anos. Em 2020, ocorreu uma
atualização no PNV — alargamento ao sexo masculino da vacinação contra infeções por HPV, aos 10 anos de idade. No
entanto, se houver indicação clínica do médico assistente, a vacina pode ser realizada fora do PNV a mulheres entre
os 18 e os 45 anos, e a rapazes dos 16 aos 27 anos.
Um vírus com muitas caras
As lesões provocadas pelo HPV não são todas iguais: os cerca de 200 genótipos de HPV conhecidos têm níveis de perigosidade diferentes para a saúde do indivíduo. E se alguns tipos de vírus provocam infeções benignas com a possibilidade de regressão espontânea (verrugas anais e genitais, condilomas acuminados e lesões benignas da orofaringe) outros podem evoluir para lesões cancerígenas quer no homem, quer na mulher (pénis, vulva, ânus, colo do útero e orofaringe).
Hoje, sabe-se que são 15 os genótipos que apresentam elevado risco de carcinogénese. Dentro deste grupo, 2 deles
(tipos 16 e 18 — englobados na vacina contra o HPV oferecida pelo PNV) são responsáveis por cerca de 75% dos casos
de cancro de colo do útero diagnosticados.
Despistagem de HPV
A deteção e tratamento precoce das lesões constitui a forma mais eficaz para evitar que qualquer lesão existente
degenere em cancro. O Teste
de Papanicolau (que consiste na colheita por raspagem de uma amostra de células do colo do útero —
esfregaço) permite identificar a presença da infeção por HPV e a existência de células anómalas antes do
aparecimento dos sintomas.
Este exame deverá ser feito 3 anos após o início da atividade sexual ou a partir
dos 25 anos em mulheres sexualmente ativas.
Posteriormente, o Teste de Papanicolau deverá ser feito a cada dois anos ou de três em três, a partir do momento em que 3 exames consecutivos revelem um resultado negativo (as mulheres entre os 65 e os 70 anos que nos últimos 10 anos tenham apresentado três resultados consecutivos sem alterações, podem eventualmente suspender a realização do exame).
Tratar as lesões para evitar o cancro
Caso o exame de Papanicolau revele a presença de células atípicas, a lesão pode ser tratada através de crioterapia (congelamento), laser ou recorrendo a medicação para o efeito. Porém, antes o profissional de saúde irá observar o colo do útero com o auxílio de um colposcópio (colposcopia). Neste momento, também poderá optar por fazer uma biópsia para determinar que lesão está presente e ponderar o melhor tratamento.
Sem tratamento, as células atípicas podem vir a transformar-se em células cancerígenas. As lesões podem ser de 2 tipos: baixo grau e alto grau. As lesões de baixo grau tanto podem desaparecer por si só como podem evoluir para uma lesão de alto grau. Caso não sejam tratadas, as lesões de alto grau podem evoluir para cancro do colo do útero.
Fatores de risco
Para além da infeção por HPV, há fatores que aumentam o risco de cancro do colo do útero:
- Ter múltiplos parceiros sexuais.
- Fumar.
- Ter muitos filhos.
- Tomar um contracetivo oral (“pílula”) por longos períodos.
- Ter a imunidade comprometida.
- Ter mais de 40 anos.
O cancro do colo do útero pode ser assintomático durante um longo período, quando se manifesta provoca hemorragia vaginal, corrimento anormal, dor pélvica e dor durante a relação sexual.
Ao contrário da grande maioria das neoplasias, o cancro do colo do útero pode ser evitado. Vacinação, relações sexuais protegidas e realização do Teste de Papanicolau são grandes amigos das mulheres na prevenção e deteção precoce desta doença.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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