Os primeiros meses do bebé

Maternidade
Última atualização: 18/08/2022
  • Os primeiros meses do bebé são um período crucial da sua vida, em que depende dos cinco sentidos para entender o mundo à sua volta.
  • A alimentação de um bebé depende exclusivamente de leite, seja materno ou adaptado. A amamentação pode exigir mais da mãe, mas é a opção mais recomendada.
  • O sono do bebé é essencial para o seu desenvolvimento e deve acontecer da forma mais segura possível.
  • Quando o bebé começa a chorar, é natural não saber sempre porquê. Períodos de choro intenso e inconsolável devem-se muitas vezes às cólicas, que podem ser aliviadas com algumas estratégias.
  • Os primeiros meses são também a altura em que o bebé recebe a maior parte das vacinas.
  • É importante garantir a segurança ao viajar com um bebé de carro. Se pretender viajar de avião, não descure as nossas dicas.

Acaba de ser mãe e tem muitas dúvidas? Neste dossier vai encontrar tudo o que precisa saber para tomar conta do seu bebé entre os 0 e os 3 meses de vida. O que significa o choro, o que fazer em caso de cólicas, quais as vacinas a administrar ao seu bebé ou a importância da amamentação são só algumas da questões analisadas neste artigo, para aproveitar em pleno a experiência da maternidade.

Regressar a casa com o primeiro filho nos braços pode ser e é, com frequência, motivo de ansiedade. O que é perfeitamente natural: afinal, é um novo ser sob os nossos cuidados. É todo um mundo de descoberta e um caminho de aprendizagem, que se deve percorrer passo a passo, prestando atenção aos pequenos sinais que o próprio bebé vai dando.

Nas primeiras semanas de vida, parece que o bebé só come e dorme, mas muito está a acontecer a nível do desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social. 

Os cinco sentidos

Logo após o nascimento, todos os sentidos do bebé estão a funcionar. Ele capta os sons, as imagens e os cheiros do seu novo mundo. É difícil saber exatamente o que um bebé sente, mas prestando atenção ao modo como reage à luz, ao ruído e ao toque percebe-se que há muitas sensações a emergir.

  • Visão: O bebé consegue ver logo após o momento do nascimento, embora tenha dificuldade em focar objetos. É sensível à luz, sendo mais provável que abra os olhos quando a luminosidade é mais ténue. Depois do rosto humano, o que mais chama à atenção do bebé são padrões contrastantes, cores vivas e movimentos. No início, os seus olhos podem parecer convergir ou divergir por instantes: não há qualquer problema, é uma questão de falta de maturidade dos músculos oculares, que se ultrapassa nos primeiros meses. Pode estimular a visão do bebé introduzindo-o a novos objetos ou apresentando-lhe imagens de alto contraste.
  • Audição: o bebé começa por ouvir sons ainda no útero, como o coração da mãe, os movimentos do sistema digestivo e até alguns sons externos, como vozes dos membros da família. Após o nascimento, os sons tornam-se mais nítidos e altos, o que explica que o bebé se sobressalte com o ladrar de um cão ou vozes de crianças. No entanto, uma melodia entoada pela mãe tem o poder de o acalmar, assim como o “som branco” que tem ganho popularidade nos últimos anos. Trata-se de um som neutro, de frequência variável e amplitude constante, que soa a um “shh” e mimetiza o som que o bebé ouvia dentro do útero.
  • Olfato e paladar: dois sentidos que estão intimamente ligados nos primeiros meses de vida. E os recém-nascidos já têm as suas “preferências” (por exemplo, sabores doces por oposição aos amargos) ainda que essas preferências evoluam ao longo do primeiro ano de vida, à medida que são introduzidos novos alimentos. O olfato está completamente desenvolvido quando o bebé nasce e durante as primeiras semanas de vida é muito usado pelo bebé para reconhecer a mãe e até o leite.
  • Tato: um sentido muito importante nos primeiros meses, já que o bebé procura muito a sensação conforto. Ao deixar o ambiente reconfortante do útero materno, é confrontado com as primeiras sensações desagradáveis – como, por exemplo, o frio. Por isso, tudo o que é macio faz as delícias do bebé, desde cobertores a carícias. Nestes primeiros meses, é importante estabelecer contacto físico com o bebé, proporcionando-lhe conforto e segurança. Fazer diariamente um momento de pele-a-pele beneficia muito a relação dos pais com o bebé e ajuda a criar laços que ficam para a vida.

A alimentação

Nos primeiros seis meses de vida, o leite é o alimento exclusivo do bebé. Seja materno, seja em fórmula, somente o leite corresponde às necessidades nutricionais do bebé.

As atuais recomendações da Organização Mundial de Saúde vão no sentido de privilegiar a amamentação, pelo menos até aos 2 anos de vida. O leite materno é considerado um alimento completo e completamente adaptado, que contém todos os nutrientes essenciais que o bebé necessita a cada momento. Contudo, a amamentação nem sempre é opção: ou por razões médicas ou por decisão da mulher, a alternativa é alimentar o bebé através de fórmulas preparadas à imagem e semelhança do leite materno, totalmente adequadas e seguras para o bebé.

Qualquer que seja a escolha, o momento de alimentar o bebé constitui uma oportunidade ímpar para o fortalecimento da relação entre mãe e filho. 

Amamentar, sim. E como?

Quando a decisão é amamentar, ela deve acontecer o mais cedo possível, pois o aleitamento precoce favorece a subida do leite. Além disso, o colostro – assim se chama o primeiro leite – é rico em elementos que protegem contra infeções, tendo ainda virtudes laxantes, ajudando à evacuação do mecónio, isto é, das primeiras fezes.

O leite materno não possui caseína (princípio alcalino que é a principal característica do leite), que se digere facilmente. O que, associado ao facto do estômago do bebé ser muito pequeno explica que ele tenha de ser alimentado com frequência. Nos primeiros tempos, a frequência da amamentação pode ir das oito às doze vezes por dia, ou até mais. Na verdade, é o bebé que dita o ritmo.

No início, a mãe pode recear não ter leite de qualidade ou em quantidade suficiente, mas a observação do bebé permite eliminar as dúvidas. Certo é que amamentar exige tempo e disponibilidade, mas também tranquilidade, porque é um momento de conexão entre mãe e filho.

Facilite a amamentação para si e para o bebé:
  • Amamente num ambiente sereno e confortável.
  • Encontre uma boa posição para si: o corpo do bebé deve colar-se ao seu, a cabeça deve ficar face ao seio e a boca alinhada com o mamilo.
  • Uma boa adaptação da boca do bebé ao seio materno facilita a sucção e evita a formação de gretas.
  • Procure ajuda especializada caso tenha dificuldades a amamentar – é melhor agir cedo e evitar afetar a nutrição adequada do bebé. Pode recorrer a um consultor de lactação IBCLC (International Board Certified Lactation Consultant), um profissional especializado em lactação e que a aconselhará no sentido de estar mais apta a amamentar o seu bebé.
  • Faça uma alimentação adequada, reforçada em leite e derivados, pão, produtos hortícolas, carne e peixe, que favorecem a produção de leite.
  • Tente alimentar-se várias vezes ao dia e beba muita água.
  • Evite o álcool, o café e o tabaco. 

A alternativa: fórmulas seguras

Quando amamentar não é uma opção, a alimentação do bebé faz-se com recurso a fórmulas infantis. Concebidas à imagem do leite materno, oferecem o mesmo tipo de nutrientes e benefícios semelhantes ao nível do crescimento e desenvolvimento.

São adequados às diferentes fases do desenvolvimento do bebé e às suas diferentes necessidades, dividindo-se, por isso, entre leites para lactentes e leites de transição. Como o nome indica, os primeiros – também designados como leites 1 – são indicados para a fase em que o bebé se alimenta apenas de leite, isto é, até aos seis meses. Quando começam a ser introduzidos outros alimentos, passa-se para os leites de transição ou leites 2. Mas sempre depois dos seis meses.

Sejam lactentes ou de transição, estes leites estão disponíveis em formulações distintas que permitem alimentar bebés com indicações particulares, como alergiascólicasobstipação e desconforto digestivo.

A escolha do leite ou da fórmula infantil é, geralmente, feita em consonância com o pediatra. Mas há alguns cuidados a ter na escolha dos acessórios e no modo de preparar o biberão:

  • Na escolha do biberão, deve contemplar a capacidade, a abertura e o material;
  • Na escolha da tetina, deve ter em atenção o material, a forma e o fluxo do leite;
  • Na hora de preparar o biberão, há alguns passos a seguir:
  1. Esterilize o biberão e a tetina.
  2. Adicione o pó, respeitando a medida indicada, a água morna previamente fervida e misture bem.
  3. Verifique a temperatura do leite: deite umas gotas nas costas da sua mão e se o leite estiver à temperatura do seu corpo, pode dá-lo ao bebé.
  4. Se o bebé não beber todo o leite, rejeite a sobra. Rejeite também o leite que esteja fora do frigorífico por mais de uma hora depois de preparado.
  5. Se preparar o leite com antecedência, guarde-o no frio, mas não por mais de 24 horas. Na hora de alimentar o bebé, aqueça-o em banho-maria, não no micro-ondas (já que pode aquecer de forma desigual).

Tal como para amamentar, escolha uma posição confortável (para ambos) para dar o biberão ao seu bebé:

  • Sente-se com as costas apoiadas, utilize uma almofada para apoiar o seu braço e o corpo do bebé.
  • Apoie a cabeça do bebé no seu braço e aconchegue-o junto ao seu corpo.
  • Incline o biberão, com a tetina cheia de leite, de modo a diminuir a ingestão de ar.
  • Quando o bebé terminar, coloque-o numa posição ereta, para que arrote e liberte o ar que tiver engolido. 

Sono seguro

Diz-se que os bebés passam a vida a dormir e não é completamente errado: um recém-nascido dorme, de facto, a maior parte do tempo. É normal que durma até 18 horas por dia, mas depende de bebé para bebé. E vai começando a dormir um pouco menos à medida que cresce.

Nas primeiras semanas de vida, o bebé não distingue o dia da noite, com os ciclos de sono e vigília a repartirem-se ao longo das 24 horas em períodos de 3 a 4 horas. É, por isso, natural que acorde algumas vezes de noite, até porque terá fome.

Estes primeiros tempos podem ser desgastantes para os pais, já que também eles acordam de noite. Mas é importante ter em conta que esta fase é passageira, e que não voltaremos a reviver estes momentos em que o bebé depende inteiramente dos pais.

Igualmente importante é que se adotem algumas medidas de segurança, de forma a prevenir a síndrome de morte súbita do lactente (diagnóstico dado quando um bebé morre sem razão aparente). São recomendações da Academia Americana de Pediatria e outras sociedades médicas:

  • Deitar sempre o bebé de costas numa superfície firme e plana (não inclinar mais do que 10 graus), com a cabeça naturalmente lateralizada – é a posição mais segura para o bebé.
  • Manter o bebé no fundo do berço, de forma que os pés toquem no limite inferior da cama – desta forma, o bebé não irá deslizar pela superfície.
  • Retirar do berço tudo o que possa interferir com a respiração durante o sono, incluindo “ninhos”, almofadas, peluches e proteções almofadadas – estes acessórios não são recomendados pela Sociedade Portuguesa de Pediatria e põem o bebé em risco.
  • Ter o berço “despido”, com apenas um lençol ajustado que cubra o colchão e um cobertor (leve e respirável) ao nível das axilas.
  • Manter o quarto a uma temperatura adequada (entre os 18 e os 21º) e ajustar a roupa vestida à temperatura do quarto. Em alternativa ao cobertor, pode usar um saco de dormir ajustado à temperatura ambiente.

Porque chora o bebé?

O choro do bebé é o sinal por que todos os que estão na sala de parto, mãe e acompanhante e equipa médica, anseiam. É o primeiro sinal de vida e, por isso mesmo, fonte de grande emoção. Mais tarde, já em casa, o choro do bebé pode ser fonte de ansiedade: afinal, parece que o bebé chora por tudo e por nada e pode ser difícil descodificar o choro e atender às necessidades do bebé.

Na verdade, o choro é a forma que o bebé tem de comunicar. E, além de manifestar aos pais as suas necessidades – se tem fome, calor, frio, sono, a fralda molhada ou suja – também chora como reação ao mundo exterior, por exemplo aos sons. E, por vezes, chora inconsoladamente, sem uma razão aparente e sem que os pais o consigam acalmar. 

A hora das cólicas

As cólicas são episódios recorrentes e prolongados de choro excessivo, em que o bebé apresenta desconforto e irritabilidade sem causa aparente. Costumam manifestar-se entre a terceira e a sexta semana de vida e desaparecem pelo terceiro ou quarto mês. Não há uma solução universal, mas existem algumas estratégias que tentam aliviar o incómodo do bebé.

Como aliviar o bebé?

  • Adote medidas de conforto que simulem o calor e tranquilidade do ambiente uterino, com colo frequente, massagem abdominal e flexão das pernas.
  • Segure o bebé de barriga para baixo ou de lado, embale-o enquanto anda ou sente-se numa cadeira de baloiço.
  • Passeie o bebé no carrinho ou dê uma volta de carro: a vibração tende a ser calmante.
  • Alimente o bebé numa posição mais verticalizada e tente que arrote com mais frequência.
  • Evite o consumo de alergénios comuns caso amamente ou opte por fórmulas hidrolisadas se usa leite adaptado, mas não dispense a opinião do seu médico.
  • Informe-se com o seu médico sobre o uso de probióticos com evidência na redução das cólicas e recomendados internacionalmente.

Naturalmente, é preciso estar atento a sinais que possam indicar que é algo mais grave: como alteração no reflexo de sucção, perda de peso, alteração na consistência das fezes, febre elevada. Nesse caso, deve procurar ajuda médica.

As primeiras vacinas

As vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças. E mesmo quando não oferecem proteção total, proporcionam maior resistência à doença. Daí que as primeiras vacinas sejam dadas logo após o nascimento:

Estas vacinas fazem parte do Programa Nacional de Vacinação pelo que são administradas gratuitamente nos centros de saúde. 

Seguros para viajar

A segurança deve estar em primeiro lugar quando o bebé sai de casa. Os cuidados começam, aliás, logo à saída da maternidade, devendo o bebé estar acomodado num sistema de retenção próprio, que tanto se adapta a um dispositivo para ser empurrado à mão, como ao assento do automóvel.

No automóvel, é mesmo obrigatório o uso de um sistema de retenção, sendo a sua ausência ou uso incorreto punível por lei. Assim, os recém-nascidos devem ser transportados numa cadeirinha do tipo 0+, adequada para bebés até aos 13 quilos: usam-se sempre voltadas para trás, com um cinto de três pontos, de preferência no banco de trás, sendo possível o seu uso no banco da frente desde que não haja airbag central ou esteja desativado.

Há alguns cuidados a observar para que a viagem corra sem sobressaltos:

  • Respeite as recomendações do fabricante e os critérios de idade, altura e peso de cada modelo;
  • Certifique-se de que o ovo está bem colocado e fixo, com os cintos de segurança estão bem ajustados;
  • Evite usar uma cadeirinha usada e se o fizer, certifique-se que não sofreu nenhum acidente – pois deixa de garantir a segurança do bebé;
  • Segundo a American Association of Pediatrics, as crianças devem viajar em contra marcha até aos 4 anos em cadeirinhas adaptadas para o seu peso e altura.

E já agora:

  • Use uma proteção nos vidros, para evitar que o sol incida sobre o bebé;
  • Nunca deixe o bebé sozinho no carro, mesmo que por segundos. 

Viajar de avião

Uma dúvida constante dos pais é sobre quando podem viajar de avião com o seu bebé. A verdade é que não existem normas oficiais que decretem uma idade mínima para poder viajar com um bebé, mas o ideal é esperar que este atinja um mês e meio de vida. À partida, nesta fase já saberá se o bebé sofre de algum problema de saúde que possa ser agravado pela viagem. Outra das razões é que, durante o primeiro mês de vida, os recém-nascidos são bastante vulneráveis a vírus e infeções. Estar fechado num ambiente como o do avião – durante várias horas – não é aconselhável.

No entanto, se for mesmo necessário viajar com o bebé antes deste tempo deverá consultar um médico e pedir-lhe opinião.

É importante que na altura da viagem o bebé não esteja constipado, com tosse ou dor de ouvidos. As companhias de aviação têm as suas próprias normas relativamente à idade dos bebés para a primeira viagem, pelo que deve informar-se previamente.

Ao viajar de avião com um bebé deve:

– No momento da descolagem, amamentar, dar o biberão ou colocar a chupeta no bebé, já que o chuchar promove a equalização da pressão nos ouvidos.

– Assegurar-se que o bebé ingere líquidos suficientes durante o voo, já que o ambiente dentro da cabine é bastante seco.

– Adequar a roupa do bebé à temperatura dentro da cabine, que costuma ser fria.

– Ter em conta vacinas extra plano, se for para destinos tropicais.

– Informar a companhia aérea que irá viajar com um bebé.


Depois dos nove meses de gravidez, os primeiros tempos após o nascimento podem ser geradores de ansiedade. É verdade que existem muitas dúvidas e receios, mas também é certo que esta fase é rica em descobertas e experiências únicas. Esta é uma nova fase da sua vida, da qual não vai querer perder nada.

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Conselho cientifico

Conteúdo revisto

pelo Conselho Científico da AdvanceCare.

A presente informação não vincula a AdvanceCare a nenhum caso concreto e não dispensa a leitura dos contratos de seguros/planos de saúde nem a consulta de um médico e/ou especialista.

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