Tosse: aprenda a distinguir as causas
- A tosse caracteriza-se de acordo com a sua duração (aguda ou crónica) e com a sua natureza (produtiva ou seca), um diagnóstico precoce e correto é fundamental para um tratamento eficaz.
- Farfalheira, pieira e estridor, são alguns sons que a tosse pode produzir mediante a sua causa. Estas características podem contribuir para o diagnóstico.
- A automedicação e tratamento sem a caracterização exata da causa de tosse não são aconselhados, uma consulta médica não pode ser negligenciada. Contudo, existem alguns procedimentos que ajudam a acalmar a tosse.
A tosse é uma resposta fisiológica do organismo que tem diferentes causas. Um diagnóstico precoce e correto para avaliar a causa é fundamental para um tratamento adequado. Neste artigo, aprenda a identificar o seu tipo de tosse!
A tosse é uma resposta fisiológica do organismo que resulta da irritação das vias áreas e que funciona como uma contração espasmódica, repentina e normalmente repetitiva da cavidade torácica. Esta é uma libertação violenta de ar dos pulmões e visa expelir elementos nocivos como poeiras, bactérias, vírus, fungos e outras substâncias irritativas.
Com diferentes causas associadas, desde um reflexo natural que ajuda a limpar as vias respiratórias ou uma infeção mais grave, não deve ser ignorada. Um diagnóstico precoce e correto garante um tratamento mais rápido e eficaz.
Duração e natureza
A tosse caracteriza-se de acordo com a sua duração (aguda ou crónica) e com a sua natureza (produtiva ou seca).
Tosse aguda versus tosse crónica
Enquanto a tosse aguda (duração inferior a 3 semanas) aparece de forma repentina e desaparece em dias ou semanas, a tosse crónica (duração superior a 8 semanas) prolonga-se no tempo e pode estar relacionada com múltiplas causas.
A tosse aguda apresenta diferentes causas e pode estar associada a infeções respiratórias agudas, como gripes ou constipações, sinusite, faringite ou bronquite, ou então, a casos de exposição a alergénios e, até mesmo, representar a fase inicial de tosse subaguda ou crónica.
No que respeita a tosse crónica, apesar de se prolongar no tempo, esta é uma situação clínica bastante frequente, e maioritariamente associada à síndrome de rinorreia posterior, asma e doença de refluxo gastroesofágica (uma condição em que os ácidos gástricos sobem pelo esófago, podendo irritar o trato respiratório), a chamada “tríada patogénica da tosse crónica”. Se não for o caso, é necessário um leque de exames ou investigar outras causas associadas.
Tosse seca versus tosse produtiva
A tosse seca – sem secreções – é uma tosse irritativa que constitui uma resposta a estímulos que irrita a faringe, a laringe e as vias respiratórias superiores.
Pelo contrário, a tosse produtiva produz secreções, que merecem atenção. Por exemplo, a expetoração amarelo-esverdeado é um sinal de infeção nas vias respiratórias, enquanto a expetoração sanguinolenta pode ser um sinal de infeção pulmonar. Uma tosse produtiva que dure mais do que duas semanas, exige atenção e deve ser investigada.
O que causa a tosse?
A tosse tem causas variadas, como refletido anteriormente com a tosse aguda e a tosse crónica. Esta pode resultar de uma infeção respiratória como a gripe ou a constipação, pode ser sintoma de alergia ou asma, de irritação provocada por fatores externos (poluição, fumo de tabaco), de doença pulmonar obstrutiva crónica ou de refluxo gastroesofágico.
Mas estas não são as únicas causas, por exemplo, a tosse pode ser também provocada por insuficiência cardíaca, em que o mau funcionamento cardíaco pode dar origem a um edema pulmonar. E, neste contexto, pode ser acompanhada de secreções rosadas e espumosas, assim como de pieira. Por norma, a tosse agrava-se à noite, principalmente quando se deita, sendo aconselhável dormir recostado em várias almofadas.
Saber ouvir a tosse
Os sons que a tosse produz variam de acordo com as suas causas:
Farfalheira: Quando as secreções se acumulam na garganta ou nos brônquios, a passagem do ar produz um som específico. A tosse com farfalheira tende a piorar à noite (quando o indivíduo se deita, as secreções escorrem do nariz para a garganta e a tosse surge na tentativa de as remover).
Pieira: Quando os brônquios se encontram preenchidos por secreções, o seu calibre (lúmen) fica diminuído, o que provoca uma resistência à passagem do ar, nos movimentos de expiração. A passagem do ar através desta resistência produz um som tipo “assobio”, que normalmente indica um problema na parte brônquica.
Estridor: É um som grave e rouco que se ouve durante os movimentos de inspiração e que resulta da inflamação da laringe e/ou traqueia. Tipicamente a inflamação provoca edema, dificultando a entrada do ar.
Tratamento da tosse
O tratamento depende das causas e requer sempre um aconselhamento médico para garantir que é a melhor abordagem, contudo, alguns procedimentos ajudam a acalmar a tosse:
- Aumentar a ingestão de líquidos ajuda a serenar a irritação e a fluidificar o muco e aliviar a tosse.
- Fazer nebulização através da utilização de aparelhos de aerossóis, humedece as vias respiratórias e solta as secreções.
- Nos casos mais simples e em situações pontuais, as pastilhas para a tosse podem aliviar a irritação;
- Durma com a cabeceira da cama ligeiramente levantada, para casos de tosse seca durante a noite;
- Evite fumar ou permanecer em locais com fumo;
- Os xaropes devem ser utilizados de forma cuidadosa e adequada (com recomendação médica). Existem dois tipos de xarope: os antitússicos que inibem a tosse irritativa e os mucolíticos que fluidificam as secreções.
- Os xaropes apenas devem ser administrados caso a tosse persista e sob vigilância médica. O uso inadequado de um xarope pode acarretar consequências graves.
- Os xaropes caseiros, como o xarope de cenoura, de gengibre ou o de mel e limão, podem aliviar a tosse.
Não constituindo uma doença, a tosse é um sintoma que, na maioria das vezes, desaparece em pouco tempo. O diagnóstico correto da causa é, por si só, a base para o tratamento.
É preciso não esquecer que a tosse persistente merece cuidado e atenção redobrada, especialmente se for acompanhada de sangue, produção excessiva de muco, muco de cor amarelada ou esverdeada; dor no peito; febre elevada; dificuldade respiratória ou perda de peso involuntária.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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