8 perguntas e respostas sobre esclerose múltipla
- Silenciosa, a esclerose múltipla é uma doença autoimune de difícil diagnóstico que atinge o seu pico, geralmente, em mulheres entre os 30 e os 40 anos. Muitas vezes, os sintomas são confundidos com outras patologias.
- Um diagnóstico atempado é fundamental para o tratamento da doença na fase inflamatória, preservando a qualidade de vida do paciente.
- Esta é uma doença degenerativa que necessita de um tratamento integral, ao nível físico, cognitivo e emocional.
- Têm sido vários os avanços científicos em fármacos com capacidade de controlar e evitar o agravamento da doença.
Imagine que o seu sistema imunológico ataca um pilar essencial da saúde do seu corpo. É o que acontece a quem sofre de esclerose múltipla, uma doença degenerativa que tem fortes repercussões na qualidade de vida.
1. O que é a esclerose múltipla?
A esclerose múltipla é uma doença autoimune em que as defesas do organismo, que normalmente o protegeriam de agressões, destroem a bainha de proteção, designada por mielina, que envolve os nervos do sistema central e periférico. Sem esta substância, a comunicação entre o cérebro, a medula espinal e outras partes do corpo é interrompida, causando a deterioração irreversível das fibras nervosas que levam a processos inflamatórios dolorosos. Apesar do difícil diagnóstico, identificar a doença precocemente é um passo essencial para garantir a qualidade de vida e a prevenção de novos surtos.
2. O que a causa?
A origem desta patologia autoimune é ainda desconhecida. Sabe-se que é consequência da destruição da substância lipídica que reveste as fibras nervosas do cérebro e da medula espinhal, mas não se conhece exatamente o que está na sua origem. Há evidências científicas que a influência genética e algumas infeções desenvolvidas em criança têm ligações com a doença, como por exemplo, o vírus de Epstein-Barr, que causa mononucleose, e algumas bactérias, por exemplo, as que provocam pneumonia.
3. Quem é mais afetado?
A esclerose múltipla geralmente afeta pessoas entre os 15 e os 60 anos, na sua maioria mulheres e em áreas do globo com pouco sol, uma vez que existem indícios científicos que a vitamina D (produzida através da absorção, pela pele, da luz solar) exerce uma função protetora contra a doença. Ser fumador também pode desencadear o processo inflamatório das fibras nervosas.
4. A que sinais de alarme devemos estar atentos?
Entre os sinais de alarme mais apontados incluem-se os seguintes:
- dormência ou fraqueza num dos lados do corpo, pernas e tronco;
- perda completa de visão, geralmente num olho de cada vez, frequentemente com dor quando os olhos se movimentam;
- visão dupla ou turva;
- formigueiro ou dor em alguma parte do corpo;
- sensação de descarga elétrica que ocorre quando são feitos certos movimentos com o pescoço;
- tremor;
- fala arrastada;
- falta de coordenação ou marcha instável;
- fadiga;
- tonturas;
- problemas com a função intestinal.
5. Os sintomas tendem a agravar-se?
As manifestações mais evidentes da doença atingem o pico entre os 30 e os 40 anos e variam conforme a quantidade de nervos afetados. Enquanto alguns doentes quase não desenvolvem novos sintomas durante longos períodos de tempo, nos casos mais graves, os pacientes podem perder a visão e a autonomia motora. Estima-se que em 60 a 70% dos doentes haja reincidência dos sintomas.
6. Por que é tão importante o diagnóstico precoce?
A esclerose múltipla é difícil de diagnosticar uma vez que é uma doença que pode evoluir silenciosamente ou com sintomas que aparecem e desaparecem, levando a que o doente não procure ajuda médica precocemente. Muitas vezes, a enfermidade só é confirmada quando existe um aumento gradual da dor e da intensidade desta. Embora os sintomas sejam a primeira forma de diagnóstico, o neurologista recorre à ressonância magnética, punção lombar e outros exames que avaliam o estado das fibras nervosas. O diagnóstico atempado é fundamental para o tratamento da doença na fase inflamatória, preservando a qualidade de vida do paciente. Estudos demostram que, quanto mais cedo for iniciada a medicação, melhor é a resposta terapêutica.
7. Que tratamentos existem para a esclerose múltipla?
A esclerose múltipla é uma doença complexa que requer uma abordagem abrangente. Felizmente, como salienta a National Multiple Sclerosis Society, existem “estratégias eficazes que podem ajudar a modificar ou retardar o curso da doença, tratar recaídas (surtos), gerir sintomas, melhorar a funcionalidade do paciente e a abordar a saúde emocional”.
O modelo de cuidados abrangente da esclerose múltipla envolve, por isso, a experiência de muitos profissionais de saúde diferentes, contribuindo cada um deles para a melhor gestão da doença e dos seus sintomas, sendo habitualmente o neurologista o líder dessa equipa.
O cuidado integral inclui a atenção à saúde física, mas também cognitiva e emocional, pois são pacientes que habitualmente sofrem de ansiedade e depressão, bem como de problemas cognitivos.
Relativamente à terapia farmacológica, existem atualmente vários medicamentos modificadores da doença que têm o potencial de reduzirem a frequência e a gravidade dos surtos, estando demonstrado que reduzem a acumulação de lesões no cérebro e na medula espinhal e que podem retardar o surgimento da incapacidade.
Já para o tratamento dos surtos e da inflamação, o mais habitual é a administração de corticosteroides, compostos naturais ou sintéticos relacionados com as hormonas produzidas pelas glândulas suprarrenais. O repouso é também importante para diminuir a intensidade/duração dos surtos..
8. Que avanços científicos podem ajudar quem sofre de esclerose múltipla?
A ciência tem vindo a evoluir e recentemente descobriu-se que algumas substâncias, como os interferões beta-1a e 1-b (proteínas naturalmente libertadas pelo organismo nos processos de inflamação), podem prevenir e diminuir os surtos da doença. A frequência deste tipo de tratamentos, que se realizam por via injetável, depende da gravidade da doença. Outra das substâncias com ação semelhante é acetato de glatirâmero, uma proteína artificial que pode ser injetada diariamente por via subcutânea. No entanto, as investigações não param e continua a procura de alternativas medicamentosas que tenham capacidade de controlar e evitar o agravamento da doença.
Silenciosa, a esclerose múltipla é uma doença de difícil diagnóstico que atinge o seu pico, geralmente, em mulheres entre os 30 e os 40 anos. Muitas vezes, os sintomas são confundidos com outras patologias. Mantenha-se alerta e, em caso de dúvida, recorra a um especialista indicado para tratar esta doença.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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