Adolescente no pediatra?

Maternidade
Última atualização: 15/12/2022
adolescente no pediatra

Enquanto os filhos são bebés as visitas ao médico pediatra são regulares. Com o crescimento há tendência para descurar esse hábito muitas vezes porque o próprio adolescente não quer ir ao pediatra, mas deve ir ou não?

As consultas de saúde infantil e juvenil vão diminuindo de frequência desde o nascimento. Além de existirem menos etapas para avaliar, a necessidade dos pais em verificar se está tudo bem com a saúde dos seus filhos vai diminuindo, sobretudo na adolescência, a idade com mais saúde física. No entanto, “a diminuição do número de visitas ao médico não deve, nem pode, reduzir a vigilância e a preocupação com a saúde neste grupo etário”, avisa Emídio Carreiro, médico pediatra. Os pais devem permanecer atentos. O especialista explica que há 3 momentos em que a saúde do adolescente deve ser avaliada: entre os 11 e os 13 anos, outra aos 15 anos e entre os 17 e 18 anos.

Palavra pediatra “assusta” adolescentes

O adolescente gosta de se ver como “pessoa crescida” e o mais distante possível de ser criança. Mas a passagem dos 14 para os 18 anos, a idade até à qual o acompanhamento clínico é efetuado por pediatras, trouxe algumas dificuldades também para os médicos. Além de que, muitos pais não têm a certeza de quando o seu filho é demasiado velho para continuar a ver um pediatra. Muitos pais mudam os seus filhos para outro médico de cuidados primários em algum momento durante a infância. Esta troca de médicos não deve ser realizada muito cedo.

Segundo o especialista, isto conduziu a situações de profissionais não preparados para orientação destas idades devido à falha no ensino, não só na faculdade mas também na formação clínica que era, efetivamente, deficitária, pois os adolescentes não pertenciam à pediatra.

E os próprios adolescentes “têm muitas vezes dificuldade em aceitar que na sua idade a responsabilidade de observação clínica é do pediatra, um médico associado a bebés, que geralmente trabalha em ambientes muito infantilizados”.

Segundo a Children's Physicians Medical Group (CPMG), permitir que uma criança permaneça com o mesmo pediatra durante o início da adolescência e até ao final da mesma permite que a criança continue a ser seguida de uma forma muito cuidada. Isto porque, um pediatra que trate uma criança desde a sua infância, conseguirá observar mudanças mais subtis nela, à medida que cresce, algo que um médico menos familiar possa sentir mais falta. Além disso, à medida que a criança se torna adolescente, pode ter várias questões de saúde importantes e que possa ter dificuldade de falar com um médico que não está a par da sua situação de saúde. Desta forma, tendo uma relação duradoura com o pediatra, este pode facilmente tornar-se uma pessoa de confiança na vida de uma criança.

Passar o testemunho

Depois dos 18 anos importa, naturalmente, fazer a melhor ligação possível entre o pediatra e o médico de família. Esta passagem de “testemunho” ganha, de acordo com o Dr. Emídio Carreiro, especial relevância se existirem doenças crónicas graves que, em resultado de melhores cuidados de saúde, atingem mais frequentemente a idade adulta. “Nestas situações a passagem deverá ser cuidadosa, com estabelecimento de contacto personalizado e apresentação do adolescente e da patologia em causa. Esta situação não invalida a realização de um resumo da evolução na saúde e na doença deste ser”, explica o especialista, e acrescenta que “se o pediatra preencher corretamente o boletim de saúde infantil e juvenil a transição será facilitada”.

Sinais de alerta que não deve ignorar

Por norma a adolescência é o período com mais saúde física da nossa vida mas podem surgir problemas. Veja quais são os mais comuns:

  • Dores de crescimentoApesar de mais comuns na infância, podem surgir até aos primeiros anos da adolescência. São dores nos ossos que desaparecem ao fim de algumas horas. Não têm gravidade alguma e não deixam sequelas.
  • AcneTem como causa a atividade hormonal habitual da pré-adolescência e da adolescência. O principal cuidado preventivo é manter uma boa higiene da pele e não espremer as lesões. Nos casos mais severos os tratamentos são, naturalmente, indicados caso a caso, mas podem incluir antibióticos tópicos, retinoides ou tratamentos hormonais.
  • Distúrbios alimentaresAs raparigas, sobretudo, sofrem com a constante exigência do corpo perfeito alimentada pelos media e em alguns setores da sociedade. A melhor prevenção é levar os jovens a seguirem uma alimentação correta e variada e a praticarem exercício físico.
  • Gripes e constipaçõesÉ normal que um adolescente tenha 1 ou 2 constipações/gripes por ano. Normalmente duram 3 a 5 dias e não exigem grandes cuidados.
  • AnemiasPodem ocorrer períodos menstruais abundantes ou frequentes que provoquem anemia nas raparigas. Caso note que a sua filha está mais cansada ou pálida, fale com o pediatra. Regra geral, a avaliação é feita através de um hemograma (análise de sangue) e, em caso de anemia, necessita de orientação médica.

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