Adolescente no pediatra?
- As visitas ao pediatra durante a infância e adolescência são cruciais no acompanhamento da saúde do seu filho. No então, verifica-se uma diminuição dessas visitas no final da adolescência.
- A palavra pediatra muitas vezes afasta os adolescentes, por estes se verem como pessoas crescidas e não crianças.
- Após os 18 anos e, no caso de doenças graves, é importante a criação de uma boa ligação entre o pediatra e o médico.
- São indicados os sinais de alerta que deve ter em conta durante esta fase, incluindo as dores de crescimento, acne, distúrbios alimentares, gripes e constipações, e anemia.
Enquanto os filhos são bebés as visitas ao médico pediatra são regulares. Com o crescimento há tendência para descurar esse hábito muitas vezes porque o próprio adolescente não quer ir ao pediatra, mas deve ir ou não?
As consultas de saúde infantil e juvenil vão diminuindo de frequência desde o nascimento. Além de existirem menos etapas para avaliar, a necessidade dos pais em verificar se está tudo bem com a saúde dos seus filhos vai diminuindo, sobretudo na adolescência, a idade com mais saúde física. No entanto, “a diminuição do número de visitas ao médico não deve, nem pode, reduzir a vigilância e a preocupação com a saúde neste grupo etário”, avisa Emídio Carreiro, médico pediatra. Os pais devem permanecer atentos. O especialista explica que há 3 momentos em que a saúde do adolescente deve ser avaliada: entre os 11 e os 13 anos, outra aos 15 anos e entre os 17 e 18 anos.
Palavra pediatra “assusta” adolescentes
O adolescente gosta de se ver como “pessoa crescida” e o mais distante possível de ser criança. Mas a passagem dos 14 para os 18 anos, a idade até à qual o acompanhamento clínico é efetuado por pediatras, trouxe algumas dificuldades também para os médicos. Além de que, muitos pais não têm a certeza de quando o seu filho é demasiado velho para continuar a ver um pediatra. Muitos pais mudam os seus filhos para outro médico de cuidados primários em algum momento durante a infância. Esta troca de médicos não deve ser realizada muito cedo.
Segundo o especialista, isto conduziu a situações de profissionais não preparados para orientação destas idades devido à falha no ensino, não só na faculdade mas também na formação clínica que era, efetivamente, deficitária, pois os adolescentes não pertenciam à pediatra.
E os próprios adolescentes “têm muitas vezes dificuldade em aceitar que na sua idade a responsabilidade de observação clínica é do pediatra, um médico associado a bebés, que geralmente trabalha em ambientes muito infantilizados”.
Segundo a Children's Physicians Medical Group (CPMG), permitir que uma criança permaneça com o mesmo pediatra durante o início da adolescência e até ao final da mesma permite que a criança continue a ser seguida de uma forma muito cuidada. Isto porque, um pediatra que trate uma criança desde a sua infância, conseguirá observar mudanças mais subtis nela, à medida que cresce, algo que um médico menos familiar possa sentir mais falta. Além disso, à medida que a criança se torna adolescente, pode ter várias questões de saúde importantes e que possa ter dificuldade de falar com um médico que não está a par da sua situação de saúde. Desta forma, tendo uma relação duradoura com o pediatra, este pode facilmente tornar-se uma pessoa de confiança na vida de uma criança.
Passar o testemunho
Depois dos 18 anos importa, naturalmente, fazer a melhor ligação possível entre o pediatra e o médico de família. Esta passagem de “testemunho” ganha, de acordo com o Dr. Emídio Carreiro, especial relevância se existirem doenças crónicas graves que, em resultado de melhores cuidados de saúde, atingem mais frequentemente a idade adulta. “Nestas situações a passagem deverá ser cuidadosa, com estabelecimento de contacto personalizado e apresentação do adolescente e da patologia em causa. Esta situação não invalida a realização de um resumo da evolução na saúde e na doença deste ser”, explica o especialista, e acrescenta que “se o pediatra preencher corretamente o boletim de saúde infantil e juvenil a transição será facilitada”.
Sinais de alerta que não deve ignorar
Por norma a adolescência é o período com mais saúde física da nossa vida mas podem surgir problemas. Veja quais são os mais comuns:
- Dores de crescimento: Apesar de mais comuns na infância, podem surgir até aos primeiros anos da adolescência. São dores nos ossos que desaparecem ao fim de algumas horas. Não têm gravidade alguma e não deixam sequelas.
- Acne: Tem como causa a atividade hormonal habitual da pré-adolescência e da adolescência. O principal cuidado preventivo é manter uma boa higiene da pele e não espremer as lesões. Nos casos mais severos os tratamentos são, naturalmente, indicados caso a caso, mas podem incluir antibióticos tópicos, retinoides ou tratamentos hormonais.
- Distúrbios alimentares: As raparigas, sobretudo, sofrem com a constante exigência do corpo perfeito alimentada pelos media e em alguns setores da sociedade. A melhor prevenção é levar os jovens a seguirem uma alimentação correta e variada e a praticarem exercício físico.
- Gripes e constipações: É normal que um adolescente tenha 1 ou 2 constipações/gripes por ano. Normalmente duram 3 a 5 dias e não exigem grandes cuidados.
- Anemias: Podem ocorrer períodos menstruais abundantes ou frequentes que provoquem anemia nas raparigas. Caso note que a sua filha está mais cansada ou pálida, fale com o pediatra. Regra geral, a avaliação é feita através de um hemograma (análise de sangue) e, em caso de anemia, necessita de orientação médica.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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