Combater os ataques de pânico é possível

Saúde e Medicina
Última atualização: 10/01/2023
  • Os ataques de pânico podem ser incapacitantes, prejudicando o trabalho/escola ou até mesmo a vida social/familiar;
  • Existem várias formas de controlar os ataques de pânico, assim como os tratar. É importante procurar ajuda profissional quando este distúrbio prejudica e impede a pessoa de viver.
  • Os ataques de pânico, geralmente, não têm razão especifica para aparecerem, mas existem fatores que contribuem.

Qualquer pessoa pode ter um ataque de pânico, mas quem sofre de ansiedade está mais suscetível. Conhecer o que desencadeia a situação, saber preveni-la e procurar ajuda quando necessário são passos fundamentais, segundo a psicóloga Ana Carina Marques.

Ritmo cardíaco acelerado, dificuldade em respirar, tonturas, suores, tremores e sensação de morte iminente. Quem já teve um ataque de pânico conhece bem estes sintomas e o pesadelo que podem significar na sua vida. No limite, se não se conseguir tratar a situação, o medo de ter medo pode levar a perturbações graves no quotidiano da pessoa afetada, que tende a evitar tudo o que eventualmente possa desencadear novo ataque. Importa, pois, que o problema seja diagnosticado e tratado, o que frequentemente implica o recurso a profissionais de saúde.

A 18 de junho assinala-se o Dia Internacional do Pânico, como forma de sensibilizar para este problema, chamando a atenção para a necessidade não só de o compreender, mas também de se adotarem medidas que ajudem a atenuar situações geradoras de stress e pânico.

De acordo com a psicóloga e psicoterapeuta Ana Carina Marques, “um ataque de pânico caracteriza-se por um episódio súbito de intenso desconforto, ansiedade ou medo, acompanhado por sintomas físicos e/ou emocionais”, o qual “pode surgir em qualquer momento ou situação e dura entre cinco e vinte minutos”. Apesar da intensidade, “o diagnóstico nem sempre é imediato, porque os sintomas são físicos e podem facilmente indicar um problema cardíaco ou respiratório, por exemplo”, adverte a especialista, razão por que “por norma, é sempre necessário despistar as causas físicas que possam provocar o mal-estar sentido”. Assim, “na maioria das vezes, o diagnóstico só é confirmado após várias idas ao médico e após a realização de vários exames que confirmam que a pessoa está fisicamente saudável”.  

Sintomas mais frequentes

Para ser considerado um ataque de pânico, têm de ocorrer pelo menos quatro dos seguintes sintomas: 

  • Palpitações ou frequência cardíaca acelerada 
  • Dor ou desconforto no peito 
  • Falta de ar ou sensação de asfixia 
  • Tremores ou espasmos, transpiração
  • Tonturas, vertigens ou desmaio 
  • Náuseas, sensação de enjoo, desconforto abdominal e diarreia 
  • Sensação de dormência ou formigueiro 
  • Medo de enlouquecer ou perder o controlo 
  • Medo de morrer 
  • Sensação de irrealidade

Atenção à ansiedade e à depressão

 

Embora qualquer pessoa possa ter um ataque de pânico (estima-se que este problema atinja cerca de 11% dos adultos de todo o mundo anualmente), estes episódios “são mais comuns em quadros de ansiedade e nalguns quadros depressivos”, refere a especialista, lembrando que “há sempre uma combinação de fatores sociais, genéticos e ambientais”.

Em Portugal, de acordo com dados do Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental, a ansiedade é a perturbação mais frequente, atingindo 16,5% da população nacional, com maior destaque para as mulheres, pelo que se estima que esta seja a população tendencialmente mais afetada pelos ataques de pânico. Sabe-se ainda que, em 2022, 12% da população residente em Portugal apresentava sintomas de depressão, de acordo com dados do Inquérito Nacional de Saúde daquele ano.

Segundo Ana Carina Marques, “em algumas situações existem fatores desencadeadores, já esperados ou conhecidos, como no caso das fobias, por exemplo, mas também como reação a eventos stressantes, perdas significativas, episódios traumáticos, entre outros”. Porém, “alguns episódios surgem de forma inesperada, espontânea, sem qualquer causa aparente, durante o sono, no despertar, num passeio, numa viagem, constituindo um sinal, ou sinais, de desconforto psicológico”.

Quando o pânico se torna patológico

 

Algumas pessoas recuperam de um ataque de pânico sem dificuldade — são situações em que apenas aconteceu um episódio sem repetição — mas outras acabam por desenvolver aquilo que se designa por síndrome do pânico. Nas palavras da psicóloga “a síndrome do pânico é a ocorrência de ataques de pânico recorrentes, que normalmente são acompanhados por uma preocupação excessiva com o medo do surgimento de futuros ataques de pânico, que podem implicar mudanças comportamentais, para evitar situações que possam desencadear os ataques de pânico”.

Esta é uma perturbação com consequências bastante nefastas, já que “a antecipação permanente leva à evitação de situações ou locais associados aos episódios de pânico, podem intensificar as preocupações com a saúde física, como o receio de problemas cardíacos, respiratórios, entre outros, que contribuem para o aumento do mal-estar geral da pessoa”, especifica. 

Nestes casos, “é importante recorrer à ajuda de um profissional”, sublinha a psicóloga, tanto mais que “a sintomatologia costuma ser muito intensa e, quando se torna constante, há alterações comportamentais para evitar as pessoas ou situações que levaram a que o ataque acontecesse”, o que “tem graves implicações na vida das pessoas e dos seus familiares, comprometendo a qualidade de vida”.

Sim, o pânico trata-se

 

Estima-se que a síndrome de pânico afete menos de 1% da população, sendo sobretudo diagnosticada no final da adolescência ou no início da idade adulta, e embora afete bastante a qualidade de vida de quem dela sofre, a boa notícia é que é possível tratá-la com eficácia. Assim, quando há necessidade de intervir, “o tratamento mais comum combina a abordagem farmacológica com a psicoterapia”, esclarece Ana Carina Marques. “Uma intervenção conjunta de medicação — normalmente benzodiazepinas e antidepressivos — que ajuda a diminuir ou adormecer o sintoma, por um lado, e a psicoterapia, que ajuda a desmontar, desconstruir e reduzir o medo e a integrar técnicas e estratégias que levem à diminuição ou ao desaparecimento da sintomatologia”, justifica a também psicoterapeuta.

Será que preciso de ajuda profissional?

De acordo com o Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), poderá precisar de apoio de um profissional de saúde para tratar as crises de pânico quem:

  • Está ansioso a maior parte do tempo ou tem ataques de pânico com frequência;
  • Sente que a sua vida pessoal e profissional está a ser afetada;
  • Tem muita dificuldade em gerir a ansiedade;
  • Evita determinadas situações ou locais devido ao medo de ter um ataque de pânico.

Prevenção e controlo: como fazer?

 

Questionada sobre a melhor forma de se prevenir e controlar os ataques de pânico, Ana Carina Marques admite que “não há uma receita única, pois cada pessoa reage de forma diferente”. Ainda assim, salienta que “a tranquilidade é naturalmente o melhor antídoto da ansiedade”, pelo que “procurar manter a calma, tentar controlar a respiração, procurar um lugar sossegado e seguro, tentar contrariar os pensamentos negativos e distrair-se” são possibilidades a ter em conta. Por seu turno, também para quem acompanha a pessoa que sofre de um ataque de pânico “é fundamental tentar manter a tranquilidade e perceber, de forma gentil e delicada, o que pode fazer”, sendo que “por vezes, basta simplesmente estar ali”.

3 passos para controlar um ataque de pânico

 Segundo o Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise do INEM:

  1. Tente pensar em algo diferente do que está a sentir, por exemplo, descreva o que vê ou conte uma história, para se abstrair do que está a acontecer;
  2. Procure controlar a respiração, sentando-se ou deitando-se de maneira que se sinta confortável e inspirando e expirando lenta e profundamente. O ideal é inspirar pelo nariz (repare na barriga a encher-se) e expirar pela boca;
  3. Relaxe os músculos num ambiente calmo e com pouca iluminação. Em posição sentada ou deitada de barriga para cima, respire lenta e profundamente enquanto contrai e relaxa os músculos do corpo (pés, pernas, barriga, mãos, braços, ombros, boca, nariz e cara), concentrando-se na diferença entre contração e relaxamento.

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