Como diagnosticar e tratar a otite do nadador
- A otite do nadador é uma infeção do ouvido externo, que envolve o pavilhão auricular e o canal auditivo externo.
- A natação em piscinas e o consequente excesso de humidade no canal auditivo externo são o principal fator de risco da otite do nadador.
- Dor intensa, o aparecimento de uma secreção aquosa ou purulenta e a sensação de ouvido tapado são alguns dos sinais aos quais deve estar atento.
- Conhecer os sintomas e procurar ajuda médica para um diagnóstico adequado é essencial para prevenir complicações.
A otite externa, vulgarmente chamada otite do nadador, é uma infeção muito comum no verão, especialmente nas crianças. Saiba como prevenir e tratar.
É um dos males da época de verão: chamam-lhe a otite do nadador, mas o nome técnico é otite externa. “É uma infeção da pele do canal auditivo externo, que surge frequentemente no verão, associada à exposição intensa à água do mar e/ou de piscinas”, explica José Saraiva, otorrinolaringologista.
De acordo com a revista científica da American Association of Physician Assistants, estima-se que cerca de uma em cada 10 pessoas sejam afetadas por este problema ao longo da vida. E se as crianças são das primeiras a queixar-se, há também adultos que sofrem repetidamente com o problema.
O que causa a otite externa?
Geralmente, a otite externa é provocada por bactérias como Pseudomonas aeruginosa ou Staphylococcus aureus, podendo ainda ser causada por fungos (otomicose). Neste último caso, os organismos mais comumente envolvidos são Aspergillus e Candida.
Fatores de risco
A entrada e permanência de água no canal auditivo externo é o principal fator de risco, mas há outros – e são comportamentos comuns que não devem ser menosprezados. É o caso da manipulação frequente do canal auditivo com objetos estranhos como cotonetes e o uso de auriculares.
Se, no caso dos cotonetes e auriculares, a “conta, peso e medida” e evitar partilha de objetos, são o melhor remédio; nos mergulhos recomenda-se o uso de tampões às pessoas mais vulneráveis e a limpeza cuidada, com uma toalha seca, do pavilhão e meato auricular (a entrada do ouvido), após sair da piscina ou do mar. Assim, deve ter especial cuidado se:
- Nadar (ou tiver outro tipo de exposição à água). O excesso de humidade deixa a pele mais sensível e permeável à proliferação de micróbios.
- Limpar excessivamente o ouvido, por exemplo, coçando-o ou usando cotonetes. Fazê-lo aumenta o risco de traumatismo no canal auditivo externo, que pode ferir a pele, permitindo que os microrganismos acedam mais facilmente aos tecidos mais profundos.
- Sofrer de uma doença dermatológica, como psoríase ou dermatite.
Sinais de alerta
Os sinais de alerta a ter em conta são facilmente identificáveis: dor intensa no ouvido (otalgia) - que se agrava com
a mastigação, o bocejo ou a manipulação do pavilhão auricular - o aparecimento de um exsudado seroso pouco abundante
no canal auditivo, a hipoacusia ou a sensação de ouvido tapado e, por vezes, alguma comichão ou prurido.
Se qualquer pessoa pode ter a infeção, são mais vulneráveis a este tipo de otite os portadores de eczema do
canal auditivo externo ou de outras doenças da pele, explica José Saraiva. As crianças, por terem um canal auditivo
mais estreito e que pode reter a água, são também mais suscetíveis. O pico de incidência situa-se entre os 7 e os 12
anos de idade.
3 cuidados para prevenir
Há alguns cuidados que podem ajudar a evitar a otite do nadador. Segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), são medidas que contribuem para prevenir esta infeção:
- Manter os ouvidos o mais secos possível. Se pratica natação, é recomendado o uso de tampões e a secagem dos ouvidos após a prática da atividade (pode usar uma toalha seca ou mesmo um secador de cabelo, regulado para baixa potência, e posicionado a cerca de 30 cm do ouvido).
- Não colocar qualquer objeto (incluindo cotonetes) no canal auditivo.
- Não remover a cera dos ouvidos. A cera ajuda a proteger o ouvido de infeções.
Diagnosticar a otite
Geralmente, o médico diagnostica a otite externa através da história clínica do paciente e de um exame físico (otoscopia). Neste exame, o canal auditivo externo pode apresentar-se avermelhado e com edema, notando-se ainda uma secreção aquosa ou purulenta. O tímpano (cavidade do ouvido que corresponde ao ouvido médio) também pode estar avermelhado.
Complicações da otite do nadador
Na maior parte das vezes, os sintomas da otite do nadador começam a melhorar cerca de dois dias após o início do tratamento. No entanto, se não for devidamente tratada, a otite externa pode causar outros problemas de saúde, como:
- Perda de audição, devido à inflamação do canal auditivo. A audição volta ao normal depois de a infeção desaparecer.
- Otite externa crónica (quando a otite do nadador não desaparece num período de três meses). Este problema pode surgir perante bactérias, fungos, doenças ou alergias mais difíceis de tratar. Nestes casos, pode ser necessária a análise de uma amostra de secreção para apoiar o médico na decisão de tratamento.
- Outras infeções, noutras partes do organismo. Por vezes, a bactéria que provocou a otite externa pode espalhar-se pela pele ou outras partes do corpo. Uma das situações mais graves – mas também raras – é a otite externa maligna, que se dá quando a bactéria Pseudomonas aeruginosa invade os tecidos moles, cartilagem e ossos adjacentes aos ouvidos, podendo comprometer os nervos cranianos. Esta é uma situação de emergência médica, mais comum em pessoas com idade avançada, diabetes ou problemas no sistema imunitário.
Quando consultar o otorrinolaringologista?
Quando as queixas persistirem – quanto mais cedo iniciar o tratamento melhor. A abordagem passa, em geral, pela aplicação de gotas auriculares com antibiótico e/ou corticoides e pela retirada da água do ouvido até estar de novo a postos para o bom tempo, sem dores. Após a infeção, é recomendável que os portadores de otite externa estejam 7 a 10 dias afastados da água, enquanto decorre o tratamento, e que sejam especialmente cautelosos até deixarem de sentir dor.
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Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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