Covid -19 - Como será o novo normal

Com o desconfinamento progressivo, são muitas as dúvidas sobre o que esperar no futuro em relação ao novo coronavírus.

novo normal

 

O fim do estado de emergência ditou um regresso progressivo às atividades de grande parte dos portugueses, embora com muitas regras por cumprir. O objetivo é evitar uma segunda vaga da pandemia, mas as dúvidas são ainda muitas, como explica o médico Bernardo Paes Vasconcelos.

O número de novos casos de pessoas infetadas com o novo coronavírus, em Portugal, parece ter estabilizado, o que tem vindo a permitir de modo progressivo a retoma da maior parte das atividades que tinham sido suspensas no momento em que o estado de emergência foi decretado. Agora, o desafio passa por regressar à normalidade, sendo que esta nunca será igual ao que era antes. É isto mesmo que explica Bernardo Paes Vasconcelos, cirurgião geral e diretor clínico da AdvanceCare: “Portugal está atualmente na chamada fase de planalto da pandemia, o que significa que o número de novos casos diários não cresce, mantendo-se estabilizado, o que possibilitou o alívio das medidas de confinamento, boa capacidade de resposta dos serviços de saúde e permitiu a passagem do estado de emergência para o estado de calamidade. No entanto, não podemos esquecer que o vírus continua a circular entre nós.”

Questionado sobre o que podemos esperar do tão falado “novo normal”, refere que, “por enquanto, seremos obrigados a manter algum distanciamento social e medidas de proteção individual e de grupo, bem como etiqueta respiratória e a lavagem muito frequente das mãos”, acrescentando que, “quando houver imunidade de grupo, medicação eficaz e/ou uma vacina contra o SARS-CoV-2, poderemos libertar-nos destas medidas, se bem que o ‘novo normal’ não será nunca mais igual ao ‘normal’ pré-covid-19”. “No geral, todos fomos obrigados a alterar hábitos profissionais, sociais, culturais e familiares, descobrindo novas formas de comportamento, que inevitavelmente perdurarão”, conclui o especialista.

 

Impossível prever novas vagas

Nos últimos meses, muitos foram os investigadores de todo o mundo que se dedicaram inteiramente a estudar o novo coronavírus, deixando em suspenso todas as pesquisas em que trabalhavam até ao momento para darem prioridade à compreensão dos mecanismos de transmissão, bem como ao desenvolvimento de uma vacina. Por essa razão, sabe-se hoje muito mais do que se sabia no início, nomeadamente que este é um vírus ainda mais facilmente transmissível e perigoso do que se supunha antes. Sabe-se também que uma nova vaga pode ocorrer. Mas o que é que isso significa em concreto? Segundo o clínico, “significa que podemos voltar a ter um aumento considerável do número de doentes com covid-19, num curto espaço temporal”. Dando como exemplo a pandemia da gripe espanhola, em 1918, recorda que “a segunda onda dessa epidemia foi mais grave e mortal do que a primeira e ainda existiu uma terceira vaga, esta mais leve do que as outras anteriores”. Todavia e apesar de todo o conhecimento hoje disponível, salienta que “não conseguimos prever se haverá e como será uma segunda vaga da covid-19”.

Mas como é que podemos evitar novas vagas? Segundo Bernardo Paes Vasconcelos, “teoricamente, uma nova onda da covid-19 pode ser evitada pela imunidade de grupo, pela descoberta de fármacos eficazes no tratamento desta doença ou pela vacinação em massa”.

 

Apostar na imunidade de grupo

Tendo em conta que não existem ainda medicamentos específicos para tratar a infeção, nem foi ainda descoberta uma vacina, o médico deixa claro que, “à data de hoje, apenas a imunidade de grupo nos pode ajudar”, sendo que “as autoridades de saúde calculam que esta imunidade de grupo possa ser atingida, quando 60 a 70% da população ganhar as suas defesas ao vírus”.

Tendo em conta que Portugal apresenta um número total de infetados relativamente baixo, tal revela que os objetivos do isolamento terão sido atingidos. Ainda assim, leva a depreender que neste momento ainda não existe a referida imunidade de grupo necessária e ainda não se sabe com absoluta certeza se uma pessoa anteriormente contagiada pode voltar a contrair o vírus. De acordo com o especialista, “estudos científicos já concluíram que os doentes infetados adquirem imunidade ao SARS-CoV-2, não havendo certezas durante quanto tempo essa imunidade perdura”, mas “é provável que essa imunidade adquirida pela infeção se possa manter durante vários meses ou anos, sendo ainda muito cedo para que não existam dúvidas”.

Em relação ao nosso país, o médico confirma que “o período de confinamento em Portugal levou a que houvesse um baixo número de doentes infetados pelo SARS-CoV-2”, mas reforça que “ainda é muito precoce tirar conclusões sobre qual a melhor estratégia seguida para combater esta pandemia”. “Mesmo nos países que optaram pelo confinamento, houve uma série de medidas adicionais que diferiram de país para país”, ao mesmo tempo que “alguns países que optaram pelo não confinamento reverteram a sua posição, numa fase mais avançada da progressão da epidemia”, constata.

 

O que deve mesmo saber sobre o novo coronavírus

O médico Bernardo Paes Vasconcelos resume aquilo que é importante que se saiba sobre o novo coronavírus:

  • A sua transmissão é feita pelas vias aéreas (boca e nariz) e também pelos olhos, daí a importância de não levar as mãos à boca, nariz e olhos e usar máscara, sempre que possível;
  • As pessoas devem estar atentas aos sintomas mais frequentes associados à covid-19, ou seja, febre, tosse seca e/ou dificuldade respiratória. Também se pode manifestar por dores de cabeça e/ou musculares, dores de garganta, corrimento nasal, cansaço, diarreia e, nalguns casos, perda do olfato e do paladar;
  • O período de contágio, isto é, o tempo decorrido entre a exposição ao vírus e o aparecimento de sintomas, pode durar até 14 dias;
  • É possível a transmissão do vírus por pessoas portadoras que não apresentem sintomas da doença (assintomáticas);
  • Está em estudo o possível contágio através do contacto com superfícies, assim como o tempo em que o vírus aí pode sobreviver;
  • Para mais informações sobre o SARS-CoV-2, leia o que publicámos aqui, bem como o nosso guia com perguntas e respostas.

Este artigo foi útil?

Conselho cientifico

Conteúdo revisto

pelo Conselho Científico da AdvanceCare.

A presente informação não vincula a AdvanceCare a nenhum caso concreto e não dispensa a leitura dos contratos de seguros/planos de saúde nem a consulta de um médico e/ou especialista.

Downloads

Consulte os nossos guias para hábitos saudáveis:

Sympton Checker

Utilize a nossa ferramenta de diagnóstico de sintomas.

Programas AdvanceCare relacionados

Artigos relacionados