Dicas para combater as dores no corpo
- O pouco cuidado com o nosso corpo deixa marcas - dores no corpo e articulações, cansaço generalizado e até falta de memória.
- Muitas vezes, os doentes nas consultas nem conseguem explicar a sua dor, só sabem que é por todo o corpo.
- A causa destas dores é muito provavelmente devido a alterações das neuro-endorfinas como a melatonina ou a serotonina.
- Os sintomas podem incluir dor nos ombros, na zona lombar ou nas pernas, picadas, e dormência dos músculos.
- Para aliviar as dores é preciso reeducar os comportamentos das pessoas.
- Siga os conselhos mencionados neste artigo para reduzir ou controlar a sua dor corporal.
O stress tende a acumular-se durante todo o ano e pode fazer sentir-se nos músculos e articulações. Aprenda a reconhecer estas manifestações e como combatê-las no dia a dia, com a ajuda de Catarina Resende, reumatologista.
As marcas do pouco cuidado com o nosso bem-estar
Má postura, rotina, falta de sono, pouco ou nenhum exercício físico. Temos pouco cuidado com o nosso corpo e, dia após dia, semana atrás de semana, este “descuido” acaba por deixar marca. Dores no corpo e articulações, cansaço generalizado e até falta de memória fazem temer algum problema físico grave, mas são, na maioria das vezes, sintomas do stress diário e ansiedade acumulados.
As dores pelo corpo todo
“No serviço de reumatologia, grande parte dos doentes surge-nos na consulta por causa dessas dores inexplicáveis”, diz Catarina Resende. “É a dor produzida pela ansiedade, pela depressão, pelo stress. O doente — que tanto pode ter 18, como 60 ou 70 anos — sente dores pelo corpo todo, de uma forma que nem sempre lhe é fácil de explicar: “Dói-me tudo, da cabeça aos pés”, “tenho dores pelo corpo todo”, “doem-me as articulações todas”, explica a reumatologista.
Muitas vezes, quando chegam ao consultório, os doentes já fizeram vários exames e recorreram a diferentes especialidades. “Como a dor não passa, as pessoas acabam por entrar num estado de ansiedade — o que é que eu tenho?! Correm todos os médicos, fazem exames — que se mostram inconclusivos. Mas por vezes, com perguntas muito óbvias, na consulta percebemos o que é que o doente tem: se se trata de uma doença reumática, inflamatória — como a artrite reumatoide — ou se as dores são fruto da ansiedade e da rotina da pessoa”, diz Catarina Resende.
Nestes casos, cabe ao médico avaliar o quotidiano do paciente: trabalho, vida pessoal, posição que mantém ao longo do dia, prática de exercício físico… “Existe o fator stress, mas muitas vezes também a rotina é determinante. E as pessoas não fazem nada pelo bem do corpo: têm posições erradas, dormem mal, não corrigem a postura… E isto leva a que a dor não alivie”, diz a reumatologista.
As alterações dos neurotransmissores
Enquanto nas doenças reumáticas ou autoimunes há fatores conhecidos que provocam a cascata da inflamação, nestes casos, isso não acontece. “O que sabemos é que os doentes têm alterações das neuro-endorfinas — os neurotransmissores do bem-estar, como a melatonina ou a serotonina — que também acabam por provocar um cansaço generalizado. E isso é algo que não aparece nas análises”, explica Catarina Resende.
Sinais de alarme
Os sintomas podem incluir dor em zonas muito específicas como os ombros, a zona lombar ou as pernas, picadas, e dormência dos músculos. Por vezes conseguem ser aliviados com fármacos que atuam sobre os neurotransmissores e o doente é encaminhado para outra especialidade, como a psiquiatria.
Reeducar os comportamentos
Mas não há fármacos que eliminem os fatores que originam o stress, pelo que a reeducação dos comportamentos é fundamental. “Temos de explicar ao doente o que não faz bem. Há que reeducá-lo. Corrigir a postura, fomentar o exercício físico como pilates e hidroginástica — algo que mobilize os músculos”, diz a reumatologista. “Muitas vezes, ao início, os doentes dizem que não conseguem, por causa das dores. Mas é melhorando a condição física e educando o corpo que o doente vai percebendo que melhora. Além do exercício físico, sou ainda apologista dos alongamentos”, afirma Catarina Resende.
Conselhos para reduzir a dor de corpo generalizada
O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido tem alguns conselhos para ajudá-lo a reduzir ou a controlar a chamada “dor de corpo generalizada”, quer esta seja derivada de stress crónico ou alguma doença crónica:
- Exercício leve/moderado. Nos dias com bom tempo (que são a maior parte em Portugal), aproveite para começar a fazer algum tipo de exercício gradualmente, como caminhar ou correr, ao ar livre. Assim, consegue lutar contra a vida sedentária.
- Respire corretamente. Tentar respirar normalmente pode ajudar a dor a diminuir no momento, pois irá ajudá-lo a sentir-se mais em controlo da situação. Mantém-se relaxado, evitando qualquer tensão muscular ou ansiedade piore a sua dor.
- Leia livros e folhetos sobre dor. Procure informação sobre como controlar a sua dor online ou peça ao seu médico recomendações de livros sobre o assunto.
- Aconselhamento com um profissional. Lidar com dor diariamente ou mesmo esporadicamente pode-se tornar difícil. Marcar uma consulta com um psicólogo pode ajudá-lo a lidar com as suas emoções em relação à sua dor.
- Distraia-se. Dedique-se a algum hobby que implique pouco movimento para se distrair da sua dor.
- Compartilhe sua história. Partilhar a sua experiência com alguém que se identifique com a sua história é benéfico na maneira que a sua experiência não é única.
- Mantenha uma rotina normal de sono. Apesar de às vezes ser complexo, pessoas com dor crónica devem fazer os possíveis para manter uma rotina de sono saudável e adequada.
- Mantenha contacto com amigos e familiares. A dor pode ser um fator isolante na sua vida. Os seus entes queridos só querem o seu bem e manter o contacto com eles contribui para o seu bem-estar geral.
- Relaxe. Tente técnicas de respiração ou meditação para tentar relaxar ao máximo.
O exercício físico, devidamente compensado com o trabalho de massagem e alongamento, feito semanalmente, acaba por ajudar a quebrar a rotina e liberta os pontos de tensão associados à dor.
“No dia a dia o essencial é quebrar a rotina, corrigir posturas, dormir bem e apostar no exercício físico. E isso passa por reeducar os comportamentos”, garante Catarina Resende.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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