Insolação: proteja os mais pequenos dos perigos do sol
- A insolação, definida pela exposição prolongada ao calor e pela incapacidade do corpo de ativar os mecanismos protetores contra o calor excessivo, constitui uma emergência médica mais prevalente durante os meses de verão.
- As crianças fazem parte do grupo de pessoas mais vulneráveis a esta condição, exibindo sinais e sintomas que não devem ser descurados.
- Saiba como agir no caso de uma suspeita de insolação e como pode prevenir esta condição nos mais novos.
Distraídas com as brincadeiras ao ar livre e com a alegria que esses momentos lhes proporcionam, as crianças correm sérios riscos se não forem protegidas dos malefícios da exposição solar excessiva. É importante que previna a insolação e que reconheça os sinais de alerta.
Para as crianças, o verão é sinónimo de férias, praia, piscina e de muito tempo passado ao ar livre, na companhia dos que mais gostam. A praia pode ter benefícios excelentes para a saúde, mas, para que todos possam usufruir de momentos agradáveis e seguros, é imprescindível proteger as crianças do perigo associado à exposição solar excessiva e do calor e procurar zonas de sombra, evitando o risco de queimaduras na pele e insolação. Pela condição biológica frágil e por passarem muito tempo em exterior, sem que por vezes se apercebam, as crianças são quem corre maior risco de sofrer insolação, juntamente com bebés, idosos e doentes crónicos. Para aproveitar o verão ao máximo, deixamos-lhe alguns conselhos e sinais a que deve estar atento para proteger as crianças dos perigos do calor, que são a causa de alguns dos problemas de saúde mais comuns no verão.
Causas da insolação
A temperatura normal do corpo é de 36,5°C a 37,5°C (97.7°F a 99.5°F). O hipotálamo é a zona do cérebro responsável por regularizar a temperatura do corpo, dando ordens aos recetores de temperatura para que as glândulas sudoríparas produzam mais suor. A exposição do organismo a radiações solares elevadas por mais tempo do que este consegue suportar irá provocar uma produção excessiva de suor, na tentativa biológica de autorregulação térmica. O calor intenso, a subsequente perda de água no corpo, a utilização de roupas desadequadas que impedem a evaporação do suor, bem como os índices elevados de humidade no ar, que provoca uma transpiração húmida (dificultando a termorregulação através da transpiração, em especial quando não há vento), são algumas das condições favoráveis a que a desidratação severa aconteça. Segundo o Johns Hopkins Medicine, alguns sinais específicos de desidratação nas crianças incluem a ausência de lágrimas quando choram ou ausência de urina na fralda durante períodos de tempo prolongados.
Sinais de alarme
Sem tanta capacidade para se proteger do calor através da transpiração, como acontece com os adultos, as crianças não precisam de muito tempo de exposição ao sol intenso para serem vítimas de um choque térmico que pode elevar a temperatura corporal aos 40 °C. Se o seu filho se queixar de secura na boca ou língua, sede e/ou apresentar a pele vermelha e ressequida, retire-o imediatamente do sol e tente repor a hidratação com ingestão lenta de água. A falta de cuidados pode provocar febre com temperaturas iguais ou superiores a 40°C, dor de cabeça, respiração ofegante e falta de ar, aumento dos batimentos cardíacos, enjoos, vómitos e diarreias, confusão mental, agitação, fala arrastada, irritabilidade, delírio e convulsões. Se não forem tomadas medidas de urgência que reponham a temperatura corporal, a insolação irá causar lesões graves em órgãos internos vitais, como o cérebro, coração, rins e músculos.
Como agir
Como os sinais de insolação nem sempre se manifestam de forma óbvia e podem não ser imediatos, por vezes, quando os pais ou outros responsáveis pela criança se apercebem, a criança já está a demonstrar sintomas mais graves. Mantenha-se atento e, sempre que possível, mantenha os mais pequenos em zonas de sombra. Em caso de desmaio ou mal-estar geral, ligue de imediato para o serviço de emergência médica (112). Enquanto aguarda pela assistência médica, transporte a criança para um local fresco e arejado, deite-a no chão com a cabeça elevada, tente repor a hidratação através da ingestão de pequenos golos de água fresca e aplique toalhas húmidas no rosto e corpo, podendo mesmo recorrer a gelo (com cuidado, e envolto numa toalha, para não queimar a pele). Para estimular a circulação sanguínea, massaje com suavidade algumas zonas do corpo e não dê nenhum medicamento analgésico à criança. No hospital, os médicos irão tentar o arrefecimento externo e interno do corpo.
Como prevenir
- Vista as crianças com roupas leves, frescas e de algodão.
- Na praia, pode optar por colocar-lhe vestuário com fator de proteção solar (FPS), que já existe no mercado, protetor solar com elevado FPS, ou uma t-shirt. Não se esqueça do chapéu.
- 30 minutos antes de saírem de casa, aplique protetor solar com fator UV elevado, que deverá ser renovado de 2 em 2 horas e sempre que a criança toma banho.
- Quer seja na praia, na piscina ou no campo, é importante afastar os mais pequenos do sol nas horas de maior calor, ou seja, entre as 11h30 e as 17h00.
- Sempre que for possível, deve tentar que o seu filho modere a atividade, descanse e se mantenha nas zonas de sombra. Atividades extenuantes (como jogar à bola, correr ou saltar) devem ser reservadas para horas fora do período de maior calor.
- A ingestão de água e frutas é muito importante para manter os níveis de hidratação dentro do ideal.
Nunca deixe o seu filho no interior do automóvel, nem que seja por um minuto, pois no interior do carro a temperatura tende a subir exponencialmente. Há imprevistos que podem ser fatais.
Viva o verão, mas não se esqueça que o calor e o sol não são inofensivos. A insolação é uma condição perigosa e que pode ser fatal, mas que é completamente evitável se adotar medidas de prevenção tão simples como manter a criança hidratada e à sombra, protegida do calor e da exposição solar excessiva. Os cuidados também são, naturalmente, válidos para os adultos.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
Downloads
Consulte os nossos guias para hábitos saudáveis: