Joanetes: a maldição dos saltos altos
- Os joanetes apresentam uma maior incidência em mulheres do que em homens, devido a motivos estéticos e conflito com o calçado (como os saltos altos).
- O principais sintomas são os sinais inflamatórios, a dor, o rubor e a vermelhidão sobre o dedo.
- A causa hereditária é uma das origens do joanete, não sendo a única.
- Para atenuar as queixas é dado um anti-inflamatório ou realizada uma cirurgia. Para a recuperação total após cirurgia é necessário um repouso absoluto, idealmente afastado do trabalho.
- São dados conselhos antijoanetes e algumas curiosidades sobre o mesmo.
Se lhe falarmos em Hallux Valgus, provavelmente, não saberá de que falamos. Mas, e se lhe dissermos que este é o termo médico usado para a tão conhecida palavra joanetes? As mulheres são as mais afetadas, mas é possível evitá-los.
Incidência no feminino
De uma forma geral, os joanetes afetam mais mulheres do que homens. São elas que apresentam mais queixas e que procuram ajuda especializada. A explicação é simples e é dada pelo Dr. Manuel Resende de Sousa, ortopedista do Hospital Cuf Descobertas e do Hospital de São Francisco Xavier. “Os motivos estéticos e o conflito com o calçado constituem os principais motivos de recorrência à consulta”, explica-nos.
Sinais de alarme
Os principais sintomas são os sinais inflamatórios, a dor, o rubor e a vermelhidão sobre o dedo, podendo surgir uma ferida. “Na sua maioria, as doentes têm dificuldade em comprar sapatos que não mostrem a deformidade e vergonha nalgumas situações sociais em que os pés são visíveis e têm um joanete proeminente, como idas à praia ou à piscina”, explica o ortopedista.
Os culpados
De acordo com a Banner Health, as causas hereditárias estão associadas ao aparecimento de joanetes, mas não são as únicas. “Em relação aos fatores predisponentes, podemos referir o uso de sapatos apertados e de saltos altos como a principal causa da alteração das forças do pé e do antepé que originam esta deformidade”. Os joanetes podem também desenvolver-se como resultado de uma condição médica, tal como a artrite. E, para piorar, se se conseguir um joanete num pé, o mais provável é conseguir-se um no outro pé também. Os sapatos de salto alto devem ser usados apenas ocasionalmente, pois esta medida constitui a única forma de prevenção dos joanetes. “Existem bandas que se colocam à volta do antepé que, na saliência, podem almofadar o conflito com o calçado, mas não previnem o aparecimento da deformidade, ainda que possam reduzir as queixas”, salienta o Dr. Manuel Resende de Sousa.
Atenuar as queixas
Os indivíduos que têm queixas e que não pretendam ser operados podem tomar um anti-inflamatório (aconselhado pelo médico) se a deformidade apresentar uma certa vermelhidão, por cima do joanete, e sentirem dores. “Podemos ainda prescrever um gel tópico para recuperarem melhor, mas, fundamentalmente, devem usar um calçado que não seja incomodativo. Se tiverem um bom calçado, passam bem, sem dores”, recomenda o ortopedista, que acrescenta que “costumo dizer aos pacientes, mesmo aos mais reticentes, para usarem saltos mais baixos e um calçado mais largo à frente, o que lhes dará maior conforto e estabilidade.”
Cirurgia para os joanetes
Uma das cirurgias realizadas num dos hospitais onde o Dr. Manuel Resende de Sousa dá consultas implica que o doente seja anestesiado do tornozelo para baixo.
O doente fica apenas com um bloqueio no tornozelo, que tem um efeito anestésico de cerca de 12 a 24 horas, “o que é ótimo, porque não chega a sentir dor no pós-operatório e permite que comece logo no dia seguinte a calçar os sapatos pós-operatórios”, sugere o médico ortopedista.
Recuperação da cirurgia
Geralmente, o doente tem alta no dia seguinte à cirurgia. No pós-operatório, é recomendável que o doente tenha o pé
elevado o máximo de tempo possível para que tenha menos inchaço, menos dores, melhore a cicatrização e consiga
começar a usar os sapatos habituais.
“De uma forma geral, na recuperação de um joanete dito normal, o doente
irá usar o sapato pós-operatório durante 4 a 6 semanas. A partir desse momento, geralmente retira o sapato
pós-operatório e passa a calçar o sapato regular. Após isso, posso sugerir o uso de uma liga (que irá exercer uma
certa compressão da parte anterior do antepé) e um espaçador em silicone entre o primeiro e o segundo dedo que
deverão ser utilizados durante 3 meses”, refere Manuel Resende de Sousa.
Repousar é essencial
Dependendo de cada caso e do plano cirúrgico sugerido, o doente deverá, idealmente, recuperar em repouso no primeiro mês, o que pode parecer excessivo para alguns pacientes. “Por vezes, 1 mês pode parecer muito tempo para o doente, mas se, neste período, o doente se mantiver em repouso e afastado do seu local de trabalho, a diferença na reabilitação será óbvia.”
Saiba mais…
Geralmente, os doentes são operados num dia, têm alta no dia seguinte e voltam à consulta uma semana depois para rever o penso. Decorridas 2 semanas, tiram os pontos e regressam à quarta semana pós-operatória para fazer uma radiografia em carga onde se pode confirmar se a cirurgia corrigiu a deformidade do ponto de vista angular e se os cortes nos ossos estão devidamente consolidados para se dar início ao uso do calçado regular.
4 conselhos antijoanetes
- Use sapatos de salto moderado, com cunha, não devem ser completamente rasos.
- Se puder, reserve os sapatos de salto alto para ocasiões especiais.
- Se tem joanetes, calce uns sapatos confortáveis quando for trabalhar e troque-os por sapatos de salto alto quando chegar ao emprego. Quando regressar a casa volte a calçar os sapatos confortáveis.
- Se a questão estética não constitui um problema para si e, se não tem dores, não há necessidade de avançar para a cirurgia.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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