Novo ano, nova vida?
- A passagem para o novo ano é tradicionalmente um momento de esperança para uma vida melhor e na concretização de sonhos.
- As típicas resoluções de ano novo são muito pouco concretizáveis, apenas quando apresentam uma verdadeira toma de consciência, foco e reestruturação é que elas vingam.
- Algumas dicas para a concretização das mesmas são indicadas neste artigo.
A cena repete-se todos os finais de ano em praticamente todas as casas: pegamos nas passas, contamos desejos, juntamos entusiasmo, fazemos projetos, depositamos esperança na passagem de dia 31 de dezembro para 1 de janeiro.
Esperamos por esta data para, além de festejarmos e celebrarmos a vida, termos um passaporte que nos levará para novos destinos? Identificou-se com esta “imagem”?
Passados os primeiros dias do novo ano, quantos projetos habitualmente já colocou em marcha? O que é que já fez acontecer? Deixou de fumar, inscreveu-se num curso, já está finalmente no ginásio? Mas, afinal, o que significam as famosas resoluções de ano novo e como se explica este padrão que se repete?
Segundo os especialistas, as resoluções de ano novo são uma das evidências da necessidade de mudança e da insatisfação que muitos sentem relativamente à sua vida e formas de atuar. Muitas vezes, não passam da intenção de traçar esses projetos, acabando por não ser operacionalizados em aspetos concretos e objetivos. “O final de cada ano é um marco, tal como existem outros (aniversário, férias de verão), que surgem como momentos em que há uma maior estimulação social para estas reflexões, além de corresponderem à ideia de que a vida está a passar e o tempo urge. São, por isso, muitas vezes, o mote para estas resoluções”, explica Raíssa Santos, psicóloga e diretora clínica da Reflexos.
É como se o tempo não fosse suficiente para tudo o que queremos fazer, sendo este marco decisivo para as mudanças que desejamos e teimamos em adiar. O problema surge quando não passamos da idealização à ação. “As resoluções só produzem efeito quando têm por trás uma verdadeira tomada de consciência e consequente reestruturação interna e de personalidade que permita que as mesmas vinguem”, sublinha a psicóloga. Ou seja, por serem, muitas vezes, resoluções forçadas pelo momento não correspondem a esta internalização, caindo por terra muito facilmente.
Qualquer resolução terá então de ser acompanhada por um processo interno de verdadeira mudança, e isso só se consegue depois de algum esforço. “Tal só é atingido com uma análise genuína de si mesmo, daquilo que pretende e a que se propõe. A melhor forma de o conseguir é através de um processo psicoterapêutico contínuo, não havendo data específica que o impulsione”, acrescenta Raíssa Santos. Existem outros conselhos que podem ser levados em consideração diariamente e que o poderão ajudar a levar adiante os projetos que ambiciona.
Organização e foco
Algumas resoluções são mais práticas e simples do que outras, e isso também parece fazer a diferença na concretização das mesmas. Muitas pessoas fazem resoluções de ano novo que se relacionam com aspetos de saúde física ou estéticos, como deixar de fumar ou perder peso, ir ao ginásio ou melhorar a alimentação. Outras fazem resoluções mais na ordem da carreira e finanças, como mudar de emprego ou poupar mais. As de cariz emocional mais frequentes relacionam-se com outros aspetos: ter mais tempo para a família ou encontrar um companheiro. “Mas aquela que acaba por ser mais comum, mas que é muito vaga, e por isso, mais difícil de operacionalizar é efetivamente ser feliz”, salienta Raíssa Santos.
Comece então por estabelecer prioridades e objetivos que lhe permitam uma maior organização e foco. É que tentar mudar várias coisas em simultâneo pode não ser realista e certamente não resultará. “Existem estratégias para a definição de prioridades de várias ordens e recursos, como as agendas e aplicações utilitárias para um maior foco e organização”, aconselha a especialista. No entanto, a psicóloga sublinha a necessidade de haver uma verdadeira reorganização interna que permita utilizar essas ferramentas e recursos da melhor forma e manter a motivação.
Afinal, o final de ano é uma data como qualquer outra. Todos os momentos podem ser oportunidades para resoluções que podem fazer a diferença na sua vida. Não precisa de esperar até ao final do ano… Passo a passo, comece por delinear as suas prioridades de forma a ir cumprindo os seus desejos. Pense nisto e seja o protagonista principal do ano que desejou.
Das resoluções à ação
A psicóloga clínica Raíssa Santos dá-lhe algumas dicas de como concretizar as resoluções que fez no final do ano. Inspire-se e bom ano!
- Ter uma agenda;
- Cada meta deve ser dividida em pequenos objetivos;
- Trace objetivos
operacionalizados e programados de forma realista;
- Faça uma lista de tarefas diárias por ordem de
prioridade;
- Foque-se numa tarefa de cada vez;
- Crie um calendário com objetivos mensais.
Sabia que:
- Apenas uma pequena percentagem das pessoas mantém as suas resoluções de ano novo. De acordo com a Universidade de Scranton, apenas 8% das pessoas que fazem resoluções de ano novo, as mantêm de facto.
- De acordo com as respostas dos utilizadores do Twitter, as principais resoluções de ano novo consistem em: fazer dieta, exercício e perder peso, ler mais, aprender algo novo, poupar dinheiro, ser mais simpático, conseguir um novo emprego, dar mais tempo e dinheiro à caridade, beber menos, dormir mais e fazer novos amigos.
- Muitas das resoluções são esquecidas ou deixadas de lado muito cedo. E o quão cedo as pessoas desistem das suas resoluções? Cerca de 22% das resoluções fracassam após a primeira semana; 40% das resoluções falham ao fim de um mês; 50% das resoluções falham após os primeiros três meses; 60% das resoluções falham ao fim de seis meses.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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