O que não sabe sobre a andropausa e disfunção erétil
- A disfunção erétil é uma condição comum, mas que pode ter um elevado impacto a nível pessoal, de saúde ou mesmo relacional no homem.
- Existem várias causas para este problema, no entanto manter uma conversa aberta e sem tabus para a procura de ajuda é essencial.
- O seu diagnóstico é simples e existem tratamentos disponíveis que podem ajudar o homem a ter uma melhor qualidade de vida.
Muito comum mas ainda tabu, a disfunção erétil pode surgir na andropausa. Apesar de se tratar de uma situação constrangedora para o homem, a medicina já tem soluções para este problema.
A andropausa define o período da vida de um homem no qual se verificam várias alterações de origem hormonal ou, muitas vezes, ligadas aos maus hábitos e ao stress. De qualquer forma, um défice hormonal tem impacto em várias esferas. As alterações nos níveis da hormona testosterona ocorrem de forma gradual à medida que o homem envelhece. A National Health Service (NHS) relata que entre os 30 e 40 anos, os níveis de testosterona começam a baixar quase 2% por ano, mas que estes valores podem não resultar em problemas. Quando acontecem, têm um impacto físico (aumento de gordura localizada), a nível da memória, humor e autoestima, bem como repercussões na libido e desempenho sexual. A par da perda de desejo ou da ejaculação precoce, a disfunção erétil é uma das manifestações mais comuns nesta fase. Mas, ao contrário do que se pode pensar, o diagnóstico é possível e existem já várias soluções e tratamentos para esta condição. Importa, por isso, reconhecê-lo e saber quando consultar um especialista.
O que é a disfunção erétil?
Vulgarmente designada por impotência, a disfunção erétil traduz-se na incapacidade de obter e/ou manter uma ereção que permita um desempenho sexual satisfatório. Esta incapacidade pode ser recorrente ou constante. No entanto, é um problema comum: as estimativas apontam para prevalência entre 3 a 76,5% dos homens a nível mundial. Estes valores variam consoante a idade e os métodos utilizados para o estudo. Em Portugal, a estimativa é de 13% da população portuguesa e pode surgir em qualquer fase da vida, embora a incidência aumente consideravelmente com a idade.
Considera-se um problema que requer avaliação médica quando esta dificuldade ocorre persistentemente e recorrente (por exemplo, por um período igual de três meses). Embora possa surgir em homens mais jovens, a maioria dos casos verifica-se a partir dos 50/55 anos, estimando-se uma incidência na ordem dos 80% na faixa dos 75 anos.
As causas
A origem da disfunção erétil pode ser psicológica (stress, depressão, ansiedade) ou de ordem física, motivada por outras patologias (hipertensão, diabetes, problemas cardiovasculares) e pela toma continuada de medicamentos (antidepressivos, anti-histamínicos, anti-hipertensores e fármacos para tratamento oncológico). Também pode ser originada por uma combinação de vários fatores, entre os quais os relacionais, e alguns traços de personalidade (perfecionismo, baixa autoestima). Apesar de ser conotada como uma patologia do foro psicológico, a maioria dos casos deve-se a problemas orgânicos. Além da idade, a lista de fatores de risco inclui ainda hábitos de vida pouco saudáveis (consumo de tabaco, de bebidas alcoólicas ou de drogas) e obesidade.
Como lidar com a situação
Tal como se verifica noutras disfunções sexuais, o principal erro consiste em tentar ignorar ou ocultar o problema e adiar a procura de ajuda médica. De facto, esta patologia ainda é considerada tabu e, embora os últimos resultados apontem para cerca de 13% por cento da população portuguesa (segundo dados da Sociedade Portuguesa de Andrologia publicados no estudo EPISEX-PT/Masculino: prevalência das disfunções sexuais masculinas em Portugal), verifica-se ainda alguma relutância em consultar um médico.
É muito importante que o homem tenha uma conversa aberta, e sem tabus, com a pessoa com quem tem relações sexuais. Esta conversa poderá ter muitas vantagens, tanto a nível emocional, com a partilha das dificuldades que sente, como a nível físico, na procura conjunta de ajuda médica.
Posteriormente, o passo seguinte consiste em expor a situação ao médico de família que, em regra geral e após uma análise preliminar, encaminha o caso para um urologista ou especialista em andrologia.
O diagnóstico
A avaliação médica tem como ponto de partida a história clínica do paciente, mas também psicossexual, que o especialista deverá ficar a conhecer de forma detalhada. É também realizado um exame físico e análises ao sangue para avaliar a componente hormonal e despistar outras possíveis patologias. O leque de exames disponíveis neste âmbito inclui ainda o ecodoppler peniano (um exame fundamental para avaliação vascular através de imagem), um estudo neurológico, cavernosografia (drenagem venosa e estudo anatómico dos corpos cavernosos do pénis), entre outros que o especialista considerar pertinentes para a avaliação do caso. Dependendo das causas associadas poderá estar indicada a realização de uma consulta psicológica e ser solicitada a participação da pessoa com quem mantêm relações sexuais.
Tratamentos disponíveis
A abordagem terapêutica a esta patologia pode assumir várias frentes, consoante as causas, outras patologias associadas e a gravidade dos sintomas. Assim, além de mudanças ao nível do estilo de vida (tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, obesidade), controlo de outras patologias (dislipidemias, hipertensão, diabetes) e medicação, pode englobar terapias comportamentais, acompanhamento psicológico ou terapia sexual. No que respeita aos fármacos, os inibidores da fosfodiesterase, que favorecem a resposta sexual, são considerados uma opção de primeira linha (desde que o paciente não tenha contraindicações, nomeadamente a nível cardíaco). Existem outras soluções, como por exemplo, os dispositivos de ereção por vácuo, o tratamento hormonal por via oral ou injetável e, em último recurso, a cirurgia, usada para colocação de próteses penianas ou correção da componente venosa (indicada para homens mais novos com alterações a nível vascular).
A disfunção erétil é uma das principais queixas associadas à andropausa. O seu impacto ultrapassa a esfera da sexualidade, repercutindo-se na autoestima da pessoa e no relacionamento do casal. Reconhecer que existe um problema e procurar ajuda médica é, por isso, essencial.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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