O universo das doenças exantemáticas

Maternidade
Última atualização: 13/04/2023
universo doencas exantematicas

São doenças mais frequentes nos primeiros dois anos de vida e têm um sintoma comum: o aparecimento de manchas e erupções cutâneas (exantemas). São as chamadas doenças exantemáticas.

As doenças exantemáticas manifestam-se geralmente nos dois primeiros anos de vida, caracterizando-se por manchas e erupções no corpo, acompanhadas ou não de febre e/ou de outra sintomatologia. Dentro das doenças exantemáticas existem as virais e as bacterianas. “Quando atingem os quatro, cinco anos, praticamente todas as crianças já tiveram estas patologias virais e bacterianas”, explica Isabel Lamy, pediatra.

Varicela

É fundamental que seja diagnosticada precocemente. “Na varicela, as crianças não têm muitos sintomas, mas não podem ir à escola porque a doença é altamente contagiosa. Na generalidade, pensa-se que é uma doença benigna, mas, na verdade, as complicações podem ser muito perigosas, como é o caso das encefalites, das meningites e das pneumonias”, explica a pediatra.

varicela inicia-se com pequenas manchas que em algumas horas dão origem a pápulas (bolhas) que, posteriormente, rebentam dando lugar a crostas. “Na fase das crostas, a doença já não é contagiosa, mas o que a varicela tem de aborrecido é o facto de poderem surgir novas bolhas (estas contagiosas) quando outras já estão em fase de crostas. A varicela só aparece uma vez na vida.”

A vacina para a varicela “não é comparticipada e apesar de haver colegas que preferem que as crianças tenham a doença por considerarem que assim adquirem maior imunidade, sou totalmente a favor da vacina e recomendo-a aos pais”, esclarece Isabel Lamy. A pediatra reforça a importância da vacinação (por volta dos 12 meses) com o reforço por volta dos seis anos, o que diminui a probabilidade de ter a doença em adulto, uma situação habitualmente grave.

Sarampo

sarampo trata-se de uma doença viral contagiosa que tem um período de incubação de 8 a 13 dias. Os sintomas que provoca são febre elevada, mal-estar geral, conjuntivite, queixas respiratórias que podem ser graves, dor de cabeça e manchas de tom avermelhado que se generalizam em todo o corpo.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacinação contra o sarampo diminuiu em 73% o número de casos da doença a nível mundial, entre 2000 e 2018. Em Portugal, a vacinação contra esta patologia está incluída no Programa Nacional de Vacinação (PNV), através da administração da vacina contra o sarampo, parotidite epidémica e rubéola, em duas doses, aos 12 meses e aos 5 anos.

Escarlatina

escarlatina é provocada por uma bactéria e manifesta-se através de febre alta durante 3 a 5 dias, vómitos, dor de garganta, dificuldade em engolir e língua com uma tonalidade avermelhada (língua de morango). Entretanto, surgem pontos rosados e salientes no pescoço, axilas e tronco, estendendo-se a todo o corpo. A pele fica áspera e pode descamar.

Rubéola

Na infância, a rubéola é uma doença benigna que provoca febre baixa, exantema no tronco e gânglios na parte posterior da cabeça que são palpáveis. Já nas grávidas, esta doença torna-se perigosa, principalmente no primeiro trimestre de gravidez, pois pode provocar malformações ou até morte do feto. É muito importante que as mulheres que não tiveram rubéola e não foram vacinadas procedam à vacinação.

Eritema infecioso

É causado por um vírus e manifesta-se através de uma erupção cutânea nas bochechas (conhecida como a “doença da face esbofeteada”) e, posteriormente, surgem lesões nos braços e coxas. A erupção no rosto é atenuada em poucos dias, mas as lesões no corpo podem demorar mais tempo a desaparecer. 

Exantema súbito

Trata-se de uma patologia viral febril benigna. “Caracteriza-se por três dias de febre muito alta, por vezes acompanhada de tosse e obstrução nasal. Ao quarto dia surgem as primeiras manchas que começam pela cara, vão pelo pescoço, até alcançarem os membros inferiores. Na altura em que surgem as manchas, a febre desaparece. A doença tem a duração de quatro a cinco dias”, refere Isabel Lamy.

Febre escaro-nodular

A doença a que vulgarmente se chama febre da carraça é provocada por um agente cujo reservatório se encontra na carraça, que pode passar para os cães ou gatos e destes para as crianças. Se a pessoa for picada (sendo as zonas mais comuns o couro cabeludo, nádegas e cintura) por uma carraça infetada, após um período de incubação (entre dois e 14 dias), a doença manifesta-se através de febre, dor de cabeça e prostração e, mais tarde, manchas e pápulas que têm início nos membros inferiores. Assim, se tiver um destes animais de companhia, não deixe de lhe colocar uma coleira antiparasitária.

Enteroviroses

Os enterovírus são responsáveis por exantemas, frequentes nos meses quentes, que causam sintomas como manchas avermelhadas e pápulas. No entanto, existem enteroviroses com quadros mais consistentes como a síndrome mãos-pés–boca, que se caracteriza por manchas e lesões que surgem na palma das mãos, na planta dos pés e à volta da boca. Podem também existir queixas do foro respiratório ou intestinal. 

Diagnóstico

“No caso das doenças exantemáticas, não é de todo possível fazer um diagnóstico adequado sem um exame físico à criança. Temos de a observar e de aliar a nossa experiência ao chamado ‘olho clínico’ para identificar o problema e tratá-lo convenientemente”, salienta Isabel Lamy. De todas as doenças exantemáticas, a única que pode ser diagnosticada de forma rápida e simples é a escarlatina, através de um exame com uma zaragatoa na garganta.

Como tratar?

As patologias exantemáticas virais não têm um tratamento específico. “Há que esperar que passem”, alerta Isabel Lamy. Pode recomendar-se o tratamento sintomático, que passa sobretudo “pela administração de antipiréticos para baixar a febre, colocação de soro fisiológico ou administração de água do mar para desinfetar o nariz e ter outros cuidados. As crianças devem ficar em casa pelo menos 5 a 6 dias”.

Já as doenças exantemáticas provocadas por uma bactéria implicam a toma de um antibiótico. “Se esta bactéria não for devidamente identificada e tratada, pode provocar complicações a nível cardíaco e renal”, afirma. “Se a criança não tiver apetite, opte por dar-lhe fruta, iogurtes, água e sumos”, aconselha a médica.

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