Osteopatia: (re)encontre o equilíbrio

Com benefícios reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a osteopatia (palavra com origem no grego que combina as palavras “osso” e “doença”) é uma terapia complementar que pretende harmonizar todos os sistemas do corpo através de técnicas manuais não-invasivas no sistema músculo-esquelético e sem recurso a qualquer tipo de fármaco que reduz o inchaço, alivia a dor e melhora o movimento.

Numa consulta de osteopatia, o terapeuta parte de uma análise global ao organismo para identificar disfunções ou perturbações de saúde. No início é pedido ao doente o seu histórico familiar de doenças e são feitas perguntas relativas ao estilo de vida da pessoa, incluindo os seus hábitos alimentares, hábitos de exercício físico e como funciona a sua relação com o trabalho, entre outras perguntas mais específicas relacionadas com os sintomas falados pelo doente. De seguida, o osteopata poderá examinar o doente, tendo em conta os seus reflexos, padrões de respiração e batimento cardíaco.

No entanto, o tratamento não é concentrado no problema. A osteopatia envolve técnicas de mobilização e manipulação das articulações, músculos e tecidos moles, bem como técnicas de massagem, que ajudam o corpo a libertar-se das tensões, da dor e da rigidez, devolvendo a mobilidade e melhorando a capacidade de recuperação. Além disso, é necessário salvaguardar que se durante a consulta sentir algum desconforto em alguma região do corpo é importante dizer ao osteopata o que sente.

Em que casos é eficaz

A osteopatia é eficaz no tratamento da dor lombar persistente, dorsalgias, cervicalgias, escoliose, hérnias discais e torcicolo, bem como entorses, tendinites, epicondilites, síndrome do túnel cárpico, dores nos ombros, tensões e contracturas musculares, além de limitações físicas provocadas por acidentes de viação, quedas, fraturas ou cirurgias — caso não haja contraindicação médica. Esta terapia complementar é também aconselhada em casos de stress, dores de cabeça persistentes, enxaquecas, problemas digestivos, irritabilidade, insónias, depressão, vertigens, asma, sinusites, glaucoma, tensão pré-menstrual, obstipação, entre outros problemas.

No entanto, é preciso salvaguardar, que apesar das técnicas de terapia manual, como a manipulação da coluna vertebral, que também são utilizadas na quiropatia e na fisioterapia, terem alguma eficácia demonstrada pela ciência, por exemplo, em combater dores no pescoço, na cabeça, nos joelhos e na lombar, há uma evidência científica limitada sobre se as técnicas usadas na osteopatia são eficazes no tratamento de doenças que não estão relacionadas com os músculos ou os ossos (sistema músculo-esquelético), tais como a depressão, asma ou dores menstruais.

Serão necessários mais estudos para comprovar a eficácia completa da osteopatia, apesar de muitas pessoas que praticam ou já utilizaram esta técnica complementar atestarem a sua segurança e eficácia no tratamento das suas doenças. Um dos exemplos disto são os doentes com doenças cancerígenas que utilizam a osteopatia como forma de aliviar a dor, a tensão e ajudar no relaxamento, fazendo com que estes doentes consigam melhorar a sua sensação de bem-estar geral.

Como atua a osteopatia

A osteopatia assenta no seguinte princípio: se uma parte do corpo se encontra fragilizada ou limitada, o resto do organismo tem de se adaptar para compensar essa fragilidade, reagindo com inflamação, dor ou rigidez, por exemplo. Quando existem muitos “desequilíbrios”, mais dificuldade terá organismo em suportar a dor. O terapeuta recorre a técnicas estruturais, musculares, cranianas, viscerais, linfáticas e imunitárias para restabelecer o equilíbrio. A reação ao tratamento depende do paciente e do problema em causa.

Segundo os princípios da osteopatia, o corpo precisa de um tempo para se adaptar às mudanças proporcionadas por cada sessão. Poderá ser necessário realizar uma sessão preventiva de dois em dois meses (ou a cada três meses, dependendo dos casos). Além dos exercícios feitos nas consultas, o osteopata também pode recomendar exercícios para o doente fazer em casa, entre as sessões, prevenindo a saúde dos músculos e das articulações. Os benefícios da osteopatia são potenciados quando associados a uma dieta equilibrada e à prática de exercício físico, visto que esta técnica pode servir de complemento a certas cirurgias e a certas tomas de medicamentos.

Contraindicações

Apesar dos benefícios da osteopatia, existem situações clínicas em que esta técnica terapêutica pode ser desaconselhada, como acontece com doentes com cancro nos ossos, artrite reumatoide na fase aguda, osteoporose avançada, acidente vascular cerebral (AVC), tromboses e vertigens por insuficiência vertebro-basilar. Além disso, se a pessoa estiver grávida é aconselhado que fale dos seus sintomas ao seu médico antes de marcar consulta num osteopata, sendo que é recomendável o profissional de osteopatia ser especializado em dor músculo-esquelética na gravidez.

Resultados da osteopatia

Uma das principais manifestações de dor, ou desconforto do organismo, é a dificuldade em adormecer ou um sono pouco tranquilo ou não reparador. Padrões de sono incorretos agravam a incapacidade do organismo para funcionar adequadamente, assim como a capacidade de lidar com a dor. Um dos primeiros sinais que demonstram que o tratamento está a obter resultados é, precisamente, começar a dormir bem.

No caso das crianças, o reajustamento ósseo vertebral pode também levar à drenagem e arejamento do ouvido, com diminuição da otite serosa, muito vulgar nos mais pequenos.

De acordo com os princípios da osteopatia, ao atingir o equilíbrio da estrutura esquelética e muscular, outros sistemas do corpo, como o circulatório, nervoso e linfático, dispõem das condições necessárias para funcionarem com maior eficácia. Em harmonia, o corpo humano tem capacidade de autorrecuperação, preservando a saúde e o bem-estar.