Será varicela?
- A varicela é uma doença muito contagiosa, mas de evolução geralmente benigna. Contudo, existem grupos de riscos que podem ter complicações potencialmente graves.
- Saber reconhecê-la, preveni-la e tratá-la atempadamente é fundamental.
O seu filho tem pequenos pontos vermelhos no corpo? E comichão? Pode ser varicela. Esta doença surge principalmente durante a infância e é uma das mais contagiosas. Neste artigo, partilhamos tudo o que precisa de saber sobre esta patologia exantemática.
A varicela é uma infeção aguda provocada por um vírus
da família dos vírus herpes – o vírus da varicella-zoster, que surge habitualmente durante a
infância. Antes da introdução da vacina, cerca de 95% da população que chegava à idade adulta tinha tido
contato com a doença. Em Portugal, a vacina não faz parte do Plano
Nacional de Vacinação (PNV), embora esteja autorizada pelo Infarmed e
disponível para prescrição médica.
Fique a par das caraterísticas da varicela e como deverá atuar.
Como podemos identificar a doença
O principal sinal de que pode estar perante um quadro de varicela é a febre e o mal-estar geral, acompanhados por pontos vermelhos cutâneos espalhados, sobretudo, pela zona da cara e do tronco. Ao fim de 1 ou 2 dias, o que eram pequenas manchas quase impercetíveis transformam-se em erupções vesiculares pruriginosas que podem causar bastante comichão. A sintomatologia, a observação clínica do aspeto das vesículas e a confirmação de contato com focos da doença, nomeadamente no jardim de infância ou ambiente familiar, são quase sempre suficientes para o médico confirmar o diagnóstico desta patologia exantemática.
Como ocorre o contágio da varicela
Embora o período de contágio ocorra entre 7 a 21 dias antes de aparecer a erupção, o maior risco de propagação da doença acontece quando existem vesículas na pele, uma vez que é sinal de que o vírus se mantém ativo. A forma mais frequente de contágio é através do contato pelo ar com gotículas infetadas, mas também com o líquido presente nas vesículas. Por isso, o doente com varicela tem de se manter isolado e evitar o contágio com pessoas que tenham o sistema imunitário debilitado. É aconselhável lavar as roupas do doente, bem como objetos pessoais. Apesar de desconfortável, a varicela evolui de forma benigna e autolimitada na maior parte dos casos. Ao fim de 7 a 10 dias após as erupções cutâneas, as borbulhas ficam cobertas por crostas e deixa de haver risco de contágio.
Quando consultar um médico?
Se acha que pode ter varicela – ou o seu filho – deve, como recomenda a Mayo Clinic, consultar um médico. Em princípio, este conseguirá diagnosticar a varicela examinando a erupção e considerando outros sintomas. O médico poderá ainda prescrever medicamentos para diminuir a gravidade da varicela e tratar complicações, se necessário.
Para evitar infetar outras pessoas na sala de espera do consultório, ligue com antecedência e mencione que a consulta é para confirmar o diagnóstico de varicela.
Além disso, informe o seu médico se:
- A erupção se espalhar para um ou ambos os olhos.
- A erupção ficar muito vermelha, quente ou sensível. Isso pode indicar uma infeção bacteriana secundária da pele.
- A erupção é acompanhada de tonturas, desorientação, batimentos cardíacos acelerados, falta de ar, tremores, perda de coordenação muscular, piora da tosse, vómitos, rigidez do pescoço ou febre superior a 38,9º C.
- Qualquer pessoa em sua casa tiver algum problema imunológico ou tiver menos de 6 meses.
Medidas para aliviar a comichão
Sim, é tentador. Mas coçar as borbulhas pode provocar uma infeção bacteriana da pele. Além disso, também pode causar cicatrizes. Experimente estas dicas para acalmar a comichão na pele:
- Toque ou dê palmadinhas ligeiras. Nunca coce!
- Tome um banho frio com produtos à base de aveia ou sem perfume.
- Use roupas largas de algodão para que a pele possa respirar.
- Coloque um pano húmido e frio nas áreas onde sente mais comichão para acalmar a pele.
- Beba muitos líquidos para ajudar o corpo a livrar-se do vírus mais rapidamente. Também evitará que fique desidratado.
Complicações associadas à doença
Em certas situações, a varicela pode avançar para um quadro grave. As complicações da varicela incluem infeção pulmonar grave (pneumonia), infeção cerebral (encefalite), cutânea e, muito raramente, problemas nos rins. De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention, dos EUA, os adolescentes e os adultos são mais suscetíveis a complicações graves e, em grávidas, a infeção com varicela significa um risco adicional devido à incidência de pneumonite.
Vacina da varicela
Segundo a Sociedade de Infeciologia Pediátrica (SIP) e a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), a vacina contra a varicela é segura no imunocompetente, ou seja, nos indivíduos cujo sistema imunológico é capaz de gerar uma resposta imunológica quando em exposição a um anticorpo. Estão descritos casos raros de encefalite, convulsões, neuropatia, eritema multiforme, pneumonia, entre outras situações, embora a relação de causalidade não estivesse definitivamente estabelecida.
A vacina não pode ser administrada a indivíduos imunodeprimidos, grávidas, menores de 1 ano e pessoas que tenham sido submetidas a terapêutica com salicilatos (grupo de fármacos que contêm ácido salicílico e que são usados para combater a inflamação em doenças como a artritereumatoide, por exemplo).
Vacinação: grupos de risco
A administração da vacina da varicela é recomendada pela Direção-Geral da Saúde em adolescentes (11-13 anos) e adultos suscetíveis (indivíduos trabalhadores não imunes) em ocupações de alto risco: trabalhadores de saúde; professores; trabalhadores de infantários e creches; mulheres não imunes antes da gravidez; pais de criança jovem, não imunizados; adultos ou crianças que contactam habitualmente com doentes imunodeprimidos.
Em Portugal as vacinas comercializadas estão autorizadas para administração em indivíduos com idade acima dos 12 meses. Aconselhe-se com o pediatra do seu filho e/ou com o seu médico de família, no caso de ser um adulto suscetível.
Vírus latente
Depois de se ter tido varicela, o vírus fica “adormecido” no organismo, podendo manifestar-se alguma vez ao longo da vida com erupção cutânea vesiculosa e dolorosa em apenas uma parte do corpo (erupção esta também conhecida por zona), em especial com o avançar da idade e quando o sistema imunitário fica mais fragilizado.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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