A hipertensão arterial é uma doença crónica que afeta quase 25% da população adulta mundial. Em Portugal, a hipertensão atinge 42,1% dos indivíduos adultos, sendo que apenas 11,2% destes tem o problema controlado.
A pressão arterial designa a força da pressão com que o coração bombeia o sangue, de forma a que este transporte o oxigénio e os nutrientes a todas as células do organismo. A pressão arterial é, assim, determinada pela quantidade de sangue que o coração bombeia e pela resistência que as suas artérias oferecem ao fluxo sanguíneo. Quanto mais sangue o coração bombear e quanto mais estreitas forem as suas artérias, mais alta será a sua Pressão Arterial.
A força ou a pressão com que o sangue é bombeado pelo coração não é estanque, variando de momento para momento, de acordo com as atividades que o indivíduo realiza, de acordo com os momentos do dia e de acordo com a idade que se tem. É, portanto, normal que os valores variem de cada vez que sejam medidos. A pressão arterial oscila entre um valor máximo (quando o coração bombeia o sangue) e um valor mínimo (quando o coração relaxa entre batimentos). O valor máximo indica os milímetros de mercúrio presentes na pressão sistólica e o valor mínimo indica os milímetros de mercúrio na pressão diastólica.
Nos adultos, a hipertensão é uma doença caracterizada por valores de pressão arterial superiores a 140/90 mmHg (hoje é consensual um valor normal de pressão arterial até aos 129/84 mmHg, e um valor normal-alto até 139/89 mmHg). As pessoas com diabetes, história de AVC (acidente vascular cerebral), enfarte do miocárdio, insuficiência renal ou perda de proteínas na urina (proteinúria), devem ter uma pressão arterial mais baixa que 130/80 mmHg.
Uma hipertensão continuada vai provocar rigidez nas artérias com consequente formação de placas de gordura no seu interior (aterosclerose), provocando dificuldade à passagem do sangue. Esta circunstância vai originar angina de peito, ou até mesmo o enfarte do miocárdio (a parte muscular do coração). Quando as artérias se rompem ou não conduzem o sangue até às células do cérebro, surgem as hemorragias e as tromboses cerebrais (AIT- acidente isquémico transitório; AVC- acidente vascular cerebral). Contudo, este efeito pode fazer-se sentir em todas as artérias do corpo, como nos rins, olhos (retina), artéria aorta (aneurismas) e nos membros inferiores (isquémia).
Um em cada quatro indivíduos tem pressão arterial elevada.
Causas de Hipertensão
A Hipertensão Arterial pode ser:
- “Primária” ou “Essencial”: sem causa específica.
- "Secundária": em cerca de 10% dos casos, encontra-se associada a uma patologia específica:
- Doenças dos rins ou das artérias renais.
- Doenças endócrinas (da glândula suprarrenal ou da tiroide).
- Utilização de alguns fármacos.
A Hipertensão arterial secundária tem de ter um tratamento especial e, por vezes, tem cura.
Fatores de risco de Hipertensão
Os fatores de risco para a hipertensão podem ser divididos em:
Modificáveis (possíveis de alterar):
- Ingerir demasiado sal e gorduras.
- Ingerir poucas frutas e vegetais.
- Excesso de peso/obesidade.
- Ingerir álcool em excesso.
- Fumar.
Não modificáveis (impossíveis de alterar):
- Predisposição hereditária.
- Idade avançada.
- Ser de etnia negra.
- Pertencer ao sexo masculino.
Na maioria dos casos, a hipertensão não produz sintomas pelo que o doente pode não perceber que tem este problema. Contudo, quando a pressão arterial sobe para valores significativos, pode causar sintomas como:
- Tonturas.
- Visão enevoada.
- Dor de cabeça.
- Confusão.
- Sonolência.
- Falta de ar.
- Náuseas e vómitos.
Tratamento de Hipertensão
O diagnóstico da hipertensão é realizado a partir da medição da pressão arterial, sendo aconselhável fazer esta medição de forma regular e registar os valores.
Uma única medição acima dos 140/90 mmHg indica que a pressão está alta naquele momento, mas não é suficiente para diagnosticar hipertensão. Para este diagnóstico, é normalmente necessário repetir a medição em diferentes circunstâncias e durante determinado período de tempo.
A hipertensão pode ser diagnosticada através de um MAPA (monitorização ambulatória da pressão arterial), que serve para registar a pressão arterial ao longo de 24 horas, e assim determinar se o indivíduo é ou não hipertenso.
Para manter a pressão arterial dentro dos valores normais, é importante adotar um estilo de vida saudável e, caso estas medidas não permitam que os valores voltem ao normal, iniciar medicação.
Alguns hábitos que ajudam a prevenir a hipertensão:
- Ingerir alimentos saudáveis – frutas, vegetais, grãos inteiros (pão rico em cereais, cereais, arroz e massas: 6-8 porções diárias), leite e derivados lácteos pobres em gordura e diminuir a ingestão de gorduras, sobretudo as saturadas (gorduras de origem animal, como a carne e pele das aves; e leite e derivados, como a manteiga, iogurte e nata).
- Diminuir a ingestão de sal – o sal é composto por cloreto de sódio, que aumenta a pressão arterial. Apesar de 2,4 g/dia de sódio serem o limite superior de ingestão de um indivíduo saudável, um hipertenso só deve consumir 1,5 g/dia para verificar um efeito drástico na sua pressão arterial.
- Manter um peso saudável.
- Aumentar a atividade física – realizar 30 minutos de atividade física diária pode ajudar a descer a pressão arterial e a manter o seu peso sob controlo.
- Limitar o consumo de álcool – mesmo nas pessoas saudáveis, o álcool eleva os valores da pressão arterial.
- Não fumar – o tabaco lesa as paredes dos vasos sanguíneos e acelera o processo de rigidez das artérias.
- Vigiar regularmente a pressão arterial.
- Procurar ter uma vida o menos agitada possível.
Artigo revisto e validado pela médica Lídia Roque Ramos, especialista em gastroenterologia.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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