A obesidade é uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afetar a saúde.

É uma doença crónica, com enorme prevalência nos países desenvolvidos, atingindo homens e mulheres de todas as etnias e de todas as idades. O aumento da produção de bens (como exemplo, de bens alimentares) e a maior capacidade económica das pessoas levaram à alteração dos padrões alimentares e do estilo de vida das populações. Associada a uma vida sedentária, a dieta hipercalórica do homem urbano conduziu, no mundo ocidental, ao aparecimento de uma nova patologia que é, ela própria, a origem de muitas outras.

Uma pessoa é considerada obesa quando o seu índice de massa corporal (IMC) é superior a 30. Este valor é obtido dividindo o peso da pessoa pelo quadrado da sua altura.

obesidade Radiografia de uma perna e pé de uma pessoa obesa (visualização de perfil).

A obesidade reduz a qualidade de vida e tem elevadas taxas de morbilidade e mortalidade associadas.

Causas da Obesidade

O excesso de gordura resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia despendida. Os fatores que determinam este desequilíbrio são complexos e podem ter origem genética, metabólica, ambiental e comportamental. Uma dieta hiperenergética (com excesso de gorduras, hidratos de carbono e de álcool), aliada a uma vida sedentária, leva à acumulação de excesso de massa gorda. Dados científicos apontam, contudo, para que haja uma predisposição genética que determina, em certos indivíduos, uma maior acumulação de gordura na zona abdominal.

Maus hábitos alimentares, como grande consumo de gordura, açúcares, hidratos de carbono e álcool, e levar uma vida sedentária são fatores que se encontram associados à obesidade. Adicionalmente, exercício físico reduzido, zona de residência urbana, baixo grau de instrução, fatores genéticos (que são sobretudo potenciados por circunstâncias ambientais favorecedoras), gravidez e menopausa são outros fatores que estão conectados à obesidade.

Sintomas de Obesidade

A obesidade compromete o organismo de uma forma global:

Aparelho cardiovascular – hipertensão arterial, arteriosclerose e perturbações cardíacas.

Complicações metabólicas – hiperlipemia (aumento da concentração de gordura no sangue), alterações de tolerância à glicose, diabetes tipo 2, gota (doença reumatológica, inflamatória e metabólica, provocada pelo excesso de ácido úrico no sangue).

Sistema pulmonar – dispneia (dificuldade em respirar) e fadiga, síndrome de insuficiência respiratória do obeso, apneia de sono (ressonar) e embolismo pulmonar.

Aparelho gastrointestinal – esteatose hepática (acumulação de gordura no fígado), litíase vesicular (formação de areias ou pequenos cálculos na vesícula) e carcinoma do cólon.

Aparelho urinário e reprodutor – infertilidade e amenorreia (ausência anormal da menstruação), incontinência urinária de esforço, hiperplasia e carcinoma do endométrio, carcinoma da mama, carcinoma da próstata, hipogonadismo hipotalâmico (diminuição da função dos ovários e testículos) e hirsutismo (crescimento excessivo de pelos).

Outras alterações – osteoartroses, insuficiência venosa crónica, risco anestésico (o paciente obeso tem um risco acrescido quando é anestesiado), hérnias e propensão a quedas.

A obesidade pode ser de dois tipos:

Tipo androide – é predominante no homem e caracteriza-se pela acumulação do tecido adiposo na parte superior do corpo, sobretudo no abdómen. A acumulação de gordura intra-abdominal está associada a complicações metabólicas, como a diabetes tipo 2 e a dislipidemia, doenças cardiovasculares – como a hipertensão arterial, a doença coronária e a doença vascular cerebral. Encontra-se igualmente relacionada à síndrome do ovário poliquístico e à disfunção endotelial (ou seja, deterioração do revestimento interior dos vasos sanguíneos).

Tipo ginoide – quando a gordura se distribui, principalmente, na metade inferior do corpo, particularmente na região glútea e coxas. É típica da mulher obesa.

O tratamento médico para a obesidade passa pela combinação de dieta pobre em calorias, modificação de hábitos alimentares, e aumento da atividade física. Nos casos em que as mudanças alimentares e de estilo de vida não permitam, por si só, a obtenção dos objetivos pretendidos, pode ser necessário recorrer a fármacos que reduzam o apetite e ajudem na perda de peso.

Nos casos de obesidade grave ou mórbida, com IMC superior ou igual a 40 kg/m2 ou superior a 35 kg/m2 com morbilidade associada, com pelo menos cinco anos de evolução e múltiplos tratamentos ineficazes, a cirurgia bariátrica pode ser recomendada. 

Tratamento da Obesidade

Banda Gástrica – é uma técnica restritiva pura, e ajuda a perder peso porque induz muito rapidamente uma sensação de plenitude gástrica, ficando o doente saciado com uma pequena quantidade de alimentos ingeridos.
Bypass gástrico – permite a sensação de plenitude gástrica muito precoce, mas junta alguma má absorção dos alimentos, em particular dos doces e gorduras.
Cirurgia de Diversão Duodenal – a cirurgia de diversão duodenal é essencialmente uma cirurgia mal absortiva, embora tenha um componente restritivo, ou seja, consegue-se ingerir mais alimentos mas a mal absorção é maior, provocando por isso mais diarreias.
Balão Gástrico – o balão vai ocupar o lugar que seria ocupado pelos alimentos (fundo gástrico), provocando assim uma sensação de plenitude gástrica precoce, limitando a necessidade de grandes quantidades de comida.

Artigo revisto e validado pela especialista em Medicina Geral e Familiar Isabel Braizinha.

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