A vida depois de um AVC

Saúde e Medicina
Última atualização: 10/08/2022
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Os sinais de alarme costumam ser identificáveis em alguns tipos de acidentes vasculares cerebrais. Perante os primeiros sintomas, procure rapidamente ajuda especializada. E, depois de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), acredite no tratamento. Eis o caminho necessário para o sucesso da recuperação.

Segundo a World Stroke Organization, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte e incapacidade em todo o mundo, com 116 milhões de anos de vida saudável perdidos a cada ano para a doença.

Em Portugal, esta doença é também a principal causa de morte e de incapacidade.

Falámos com o especialista em neurologia, Bandeira Costa, sobre os sinais a ter em conta, quando procurar ajuda e quais as formas de tratamento e de recuperação.

O que é um AVC?

Num episódio de Acidente Vascular Cere­bral, “de forma súbita, deixa de chegar sangue em quantidade necessária a determinadas zonas do cérebro que, como conse­quência, deixam de exercer as suas funções”, começa por explicar Bandeira Costa, neurologista.

Quanto à sua natureza, o Acidente Vascular Cerebral pode ser: isquémico (obstrução da artéria, impedindo a passagem de oxigénio para as células cerebrais, que morrem) ou hemorrágico (rompimento de um vaso cerebral, ocorrendo um sangramento - hemorragia - em algum ponto do sistema nervoso).

Sinais a ter em atenção

E quais são os sinais que po­dem levar a que as pessoas estejam devidamente aler­tadas para a gravidade da situação? “Podem sentir menos força de um dos lados do corpo, por exemplo, numa das mãos ou num dos pés, ou em ambos. Podem ainda sentir uma perda de destre­za da mão ou do pé, deixar de conseguir articular pa­lavras e não serem capazes de engolir. A memória também pode ser afetada e há ainda a possibilidade de perda de visão, seja de um só olho, de ambos ou de parte do campo visual”, acrescenta o médico neurologista.

A diminuição da força em metade da cara e o facto de a pessoa sentir um desvio da face e uma alteração da ma­neira de falar também carac­terizam o Acidente Vascular Cerebral. “Todos estes sinais, conforme a gravidade e a extensão da zona lesada, podem ser transitórios, du­rarem poucos dias e a pessoa fica completamente bem. Mas também podem perma­necer assim para o resto da vida”, lembra o especialista.

Quando procurar ajuda especializada?

Deve-se procurar a ajuda logo que surjam sintomas, o que nem sempre ocorre. Tudo depende do grau de aler­ta para este tipo de situações. “De facto, há 20 anos não se falava tanto da doença e era comum que, perante os primeiros sintomas, os doentes adiassem a procura de ajuda.” Agora que o conhecimento vai sendo maior, perante os primeiros sinais é frequente começar por ligar imediatamente para o 112 (o número nacional de emergência telefónica), que faz o devido encaminha­mento da situação. No entanto, é preciso referir que “nem todas as pessoas que apresentam es­tas queixas desenvolvem um Acidente Vascular Cerebral, podendo estar apenas a sofrer um ataque de ansie­dade”, esclarece Bandeira Costa. Ainda assim, o hos­pital é o local mais indicado para um diagnóstico correto e atempado.

Recuperação precisa-se… e motivação também…

As pessoas que sofrem de um Acidente Vascular Cerebral podem recupe­rar por completo, seja em poucos dias ou seja passados uns meses. “Os doentes vão necessitar de recuperar as funções cerebrais que fo­ram afetadas pelo Acidente Vascular Cerebral”, salienta o especialista. Essa reabilitação deve co­meçar o mais cedo possível ainda nos primeiros dias do internamento e ser conti­nuada após a alta.

Deve ser cuidadosa­mente estabelecido um pla­no de reabilitação para cada doente de acordo com uma avaliação atenta e pondera­da das suas incapacidades: pode estar afetada a capacidade de falar, de escrever, de conhecer objetos, de se orientar no espaço, de me­mória, de atenção, a força ou a sensibilidade, a mar­cha e as alterações emocio­nais – como a ansiedade e a depressão – que podem ser uma consequência direta da lesão.

Além disso, como sublinha, é fundamental a interven­ção de uma equipa multidis­ciplinar em todo o processo.

“A recuperação de um episódio de Acidente Vascular Ce­rebral é, na verdade, muito mais do que a fisioterapia. É preciso identificar a causa, o que vai permitir definir es­tratégias de tratamento que podem passar pela adminis­tração de medicamentos até à opção por determinados procedimentos cirúrgicos no sentido de evitar que a pes­soa venha a ter um segundo ou terceiro Acidente Vascular Cerebral.”

É preciso não deixar de acreditar!

As taxas de mortalidade por Acidente Vascular Cerebral têm diminuído nos últimos anos em Portugal. No en­tanto, “continuam a ser ele­vadas e esta ainda é a prin­cipal causa de morte no nosso país.” Ainda assim, o neurologista deixa uma mensagem de esperança. “Se o doente acreditar que é possível recuperar, fizer a fisiotera­pia, cumprir os programas de reabilitação e se os fa­miliares também apoiarem o tratamento, o processo decorrerá de forma po­sitiva. É extremamente importante acreditar na reabilitação. Certamente irão melhorar muito mais rapidamente!”.

Vale mais prevenir do que tratar

Nunca é de mais lembrar que o estilo de vida é determinante não só para manter a saúde como também para recuperar mais facilmente quando ocorre um episódio como o Acidente Vascular Cerebral.

  • Deixar de fumar reduz o risco de ter um Acidente Vascular Cerebral. Informe-se, ganhe coragem e acredite que fumar só lhe faz mal.
  • Beber, no máximo, uma bebida alcoólica por dia.
  • Evitar e tratar a hipertensão arterial. Exames anuais e atenção a sintomas são fulcrais na manutenção de uma boa saúde. Se tem um histórico de tensão elevada na família, vigie-se desde cedo.
  • diabetes acarreta diversos problemas de saúde, nunca descure o controlo da mesma.
  • colesterol acumula-se nos vasos sanguíneos e bloqueia a circulação do sangue, o que aumenta muito a probabilidade de ocorrência de um Acidente Vascular Cerebral.
  • Combater a obesidade. O peso a mais é outro fator que tira qualidade à sua vida.
  • Evitar o sedentarismo. “Basta que caminhe durante meia hora todos os dias. Além de ser uma forma de as pessoas se divertirem e conviverem, traz imensos benefícios à saúde”, defende Bandeira Costa.

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