Afinal, o que é um AVC?
- O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de morte e incapacidade permanente em Portugal.
- Manter-se bem informado acerca das principais causas e sinais de alerta é de enorme relevância para que, em caso de suspeita de AVC, possa agir rapidamente de modo a minimizar as lesões cerebrais.
- Num episódio de AVC, “tempo é cérebro” e quanto mais cedo forem feitos o diagnóstico e o tratamento, maior será a probabilidade de sobrevivência sem sequelas.
- O AVC pode ser evitado em cerca de 80% dos casos, sendo possível prevenir não só o primeiro evento, como também a sua recorrência.
Será que sabe o que acontece ao seu organismo durante um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e porquê? Perceber este processo, estar informado sobre os sinais de alarme e saber como atuar são passos essenciais para um tratamento atempado e eficaz.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Acidente Vascular Cerebral (SPAVC), um Acidente Vascular Cerebral, vulgarmente abreviado de AVC, é a principal causa de morte e incapacidade permanente em Portugal. Considerando os países da Europa Ocidental, o nosso é o que apresenta a taxa mais elevada de mortalidade, principalmente na população com idade inferior a 65 anos.
Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) refere que, a cada ano, 15 milhões de pessoas sofrem um AVC a nível mundial e, dessas, 5 milhões morrem e outros 5 milhões ficam com incapacidade permanente.
O que acontece durante um AVC?
Para que as células cerebrais funcionem corretamente, estas necessitam de receber oxigénio e nutrientes de forma contínua. Uma vez que estes circulam no sangue, se ocorrer uma descida repentina do fluxo sanguíneo, o aporte de oxigénio e nutrientes fica comprometido, levando à lesão das células cerebrais que, consequentemente, morrem ou deixam de funcionar corretamente.
Um AVC é, assim, uma emergência médica que pode ter duas naturezas distintas: isquémico (devido à obstrução de um vaso sanguíneo – trombose ) ou hemorrágico (devido à rutura de um vaso sanguíneo cerebral, ocorrendo uma hemorragia no cérebro).
As células cerebrais morrem pouco tempo após o início de um AVC. Porém, se o fluxo sanguíneo não estiver totalmente interrompido, o processo de morte celular pode durar algumas horas. É, por esta razão, fundamental agir rapidamente de modo a minimizar as lesões cerebrais.
Porque acontece um AVC?
Existem inúmeros fatores de risco e, quanto maior for o seu número, maior o risco de ocorrência de um AVC. Alguns desses fatores não são controláveis, nomeadamente:
- A idade – mais frequente em pessoas com idade mais avançada, embora cerca de 25% dos AVCs ocorram em pessoas jovens;
- O género – mais frequente nos homens;
- A genética – determinadas alterações genéticas aumentam o risco de AVC.
Porém, algumas doenças também são responsáveis por aumentar a suscetibilidade, como a diabetes , a obesidade e a hipertensão arterial , assim como o sedentarismo, uma alimentação rica em sal, tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
Quais são os sinais de alerta?
A falta de oxigénio em determinada zona do cérebro e a consequente morte celular manifesta-se de várias formas e em diversos pontos do corpo, traduzindo-se nos seguintes sinais de alarme (regra dos cinco F’s):
- Face: um dos lados do rosto pode ficar, subitamente, dormente ou descaído ( paralisia facial ). Repare se os 2 lados da boca estão simétricos.
- Força: é comum a pessoa afetada ficar com falta de força num braço ou ter uma dificuldade repentina em andar, equilibrar-se ou coordenar os movimentos.
- Fala: pode ser difícil de compreender e o discurso não fazer sentido. Além disso, frequentemente, a pessoa parece não perceber o que lhe é dito.
- Falta de visão: pode ocorrer uma diminuição abrupta da visão num dos olhos ou nos dois, bem como visão dupla.
- Forte dor de cabeça: podem surgir dores de cabeça fortes de forma súbita, diferente do padrão habitual e sem causa aparente.
Quais são as consequências e a recuperação após um AVC?
As sequelas de um AVC variam de acordo com a zona do cérebro que foi afetada e a extensão das lesões. Podem ser praticamente inexistentes, ou manifestarem-se através de:
- Alterações cognitivas e comportamentais;
- Dificuldade de mobilização de um membro;
- Alterações ao nível da fala com dificuldade de expressão ou de compreensão;
- Alteração da visão;
- Problemas de deglutição;
- Alteração da sensibilidade;
- Alterações de equilíbrio.
Se um AVC for muito grave, pode levar à morte ou à incapacidade permanente. Apesar de muitos doentes exibirem sequelas ao longo das suas vidas, aproximadamente um terço recupera de forma significativa no primeiro mês.
Tal como a gravidade das sequelas, a recuperação após um AVC também depende da localização e da extensão do AVC, bem como do tempo decorrido até à intervenção clínica. A fisioterapia e as alterações do estilo de vida são essenciais para a reabilitação do doente, bem como o apoio dos colegas de trabalho, dos familiares e amigos.
O que fazer para reduzir o risco de AVC?
Luísa Fonseca, médica interna, afirma que “ o AVC pode ser evitado em cerca de 80% dos casos ”. É possível prevenir o primeiro evento, mas também evitar a sua recorrência. Importa, portanto:
- Ter uma alimentação equilibrada , diversificada, com baixo teor em sal e gorduras;
- Controlar os níveis de colesterol , de tensão arterial e de glicemia em jejum;
- Manter um peso adequado ;
- Praticar regularmente atividade física;
- Não consumir bebidas alcoólicas em excesso;
- Não fumar (o tabagismo duplica o risco de ocorrência de AVC).
Em muitos casos, a alteração do estilo de vida não é suficiente para minimizar os riscos, sendo obrigatório iniciar terapêutica farmacológica. Fatores como histórico familiar de AVC, antecedentes de AVC ou indícios de risco cardiovasculares conhecidos merecem especial atenção precoce. Para tal, consulte um médico de especialidade de Neurologia , Neurocirurgia , Cardiologia ou Cirurgia Vascular .
O que fazer em caso de suspeita de AVC?
Segundo o Prof. Doutor José Castro Lopes, presidente da Sociedade Portuguesa do AVC, “é urgente aprender a reconhecer os sintomas e sinais de alerta que devem levar à ativação dos serviços de emergência. No caso do AVC, “tempo é cérebro” e, por isso, quanto mais cedo o doente chegar ao hospital, maior será a probabilidade de sobrevivência sem sequelas”.
Assim, em caso de suspeita de AVC (basta a pessoa apresentar um dos 5F’s), deve deitá-la de lado, certificar-se que esta se encontra a respira bem e acionar de imediato 112. Neste momento, é ativada a Via Verde do AVC, que está organizada em Portugal para encaminhar os doentes rapidamente para os hospitais capazes de fornecer o diagnóstico e tratamentos adequados.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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