Acompanhe de perto a sua gravidez

Maternidade
Última atualização: 28/12/2022

Quer garantir o melhor para o seu bebé desde o início? Então convidamo-la a conhecer as recomendações de saúde no que toca à vigilância da gravidez.

Sabemos que a gravidez é um dos momentos mais importantes da sua vida, mas reconhecemos que esta pode também ser uma fase repleta de dúvidas e inquietações. Não se preocupe. Neste artigo disponibilizamos-lhe toda a informação necessária para que possa acompanhar e viver esta fase com mais conhecimento e serenidade.

Porquê “vigiar a gravidez”?

O objetivo global da assistência pré-natal é assegurar que a gravidez culmine no nascimento de uma criança saudável, sem prejuízo para a saúde materna. Esse é um direito da criança e da mãe, e para isso deverão estar asseguradas todas as condições para que tal ocorra, sejam elas humanas, técnicas ou institucionais.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 83% das mortes maternas e perinatais poderiam ser evitadas com cuidados médicos especializados durante a gravidez. De acordo com esta entidade, os cuidados pré-natais – incluindo o contacto regular com equipas de saúde durante a gravidez – têm o seu fundamento numa abordagem de direitos humanos, sendo que todas as mulheres deveriam ter acesso a eles.

Escolher a sua equipa de saúde

Uma correta vigilância da gravidez é essencial para que a gestação se desenvolva sem complicações e para que se sinta segura. Se tem dúvidas relacionadas com a sua gravidez ou com os cuidados nutricionais para se manter saudável, consulte no nosso Diretório Clínico todos os serviços de saúde de que necessita para esta fase tão especial.

A quantas consultas devo ir?

A OMS preconiza que as mulheres devem poder beneficiar de um mínimo de oito contactos (consultas) com as equipas de saúde, no sentido de diagnosticar e tratar possíveis complicações na gravidez, de forma a reduzir a mortalidade perinatal e a melhorar a experiência com os cuidados de saúde.

Após a primeira consulta, deve ser o médico a decidir se é necessário aumentar a frequência das consultas. O esquema de vigilância na gravidez e o número de consultas recomendadas dependem da pré-existência ou não de uma doença e/ou da identificação de um fator de risco de complicações no período de gestação.

Fatores de risco na gravidez

Considera-se uma gravidez de baixo risco aquela em que, após avaliação médica, não se identifica nenhum fator acrescido de morbilidade materna, fetal e/ou neonatal. Uma vez que o risco é dinâmico ao longo da gravidez, este é reavaliado pelo médico em todas as consultas, com base na história clínica, exame físico e avaliações clínicas anteriores à gravidez.

Por outro lado, atribui-se a classificação de gravidez de alto risco aos casos em que se identifica uma maior probabilidade de ocorrer um resultado adverso para a mãe e/ou criança, pela presença de um ou mais fatores de risco. Estes fatores de risco podem existir desde o início da gravidez, como as doenças crónicas (epilepsia, diabetes, doenças da tiroide, hipertensão arterial, entre outras), ou uma história clínica de complicações em gravidezes anteriores (parto pré-termo, morte fetal, restrições graves no crescimento fetal, entre outras). São também fatores de risco na gravidez a idade da mulher (antes dos 15 ou depois dos 35 anos), o peso, uma gravidez gemelar e uma história de mais de cinco gravidezes.

A primeira consulta

Geralmente, a primeira consulta médica de acompanhamento da gravidez deve ser feita antes das 12 semanas de gestação.

Para além da realização de um exame físico geral e ginecológico, através de uma citologia cervical ou papanicolau, é fornecido à grávida um boletim de saúde, onde se registam todos os dados clínicos sobre a evolução da gravidez, a saúde da mãe e do bebé. A grávida deve fazer-se acompanhar deste livro ao longo de toda a gestação.

É também nesta primeira consulta que se avalia o Índice de Massa Corporal (IMC) que servirá de referência para a avaliação do ganho de peso ao longo de toda a gestação. O baixo peso, assim como a pré-obesidade e a obesidade maternas, têm sido associados a um aumento do risco de complicações na gravidez e no parto, como a pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, baixo peso à nascença ou macrossomia (mais de 4000 g no nascimento), malformações congénitas, morte fetal, insucesso na amamentação, entre outras. A evolução ponderal recomendada para cada grávida depende do IMC da mulher antes de engravidar, sendo que, para um peso normal, o ganho de peso total deve rondar os 11,5 kg e os 16 kg.

Educação para a saúde

É ainda na primeira consulta onde são dados os primeiros ensinamentos para uma gravidez saudável. Entre os temas a abordar, destacam-se os cuidados de alimentação e higiene dos alimentos, a atividade física, saúde oral, tabagismo, álcool e substâncias psicoativas, sexualidade durante a gravidez e sinais de alerta aos quais a grávida deve estar atenta.

Alimentação e nutrição

No que toca aos cuidados de alimentação, há alguns alimentos que deve evitar durante o período de gestação, como os laticínios não pasteurizados, os enchidos e fumados, o marisco, os peixes com alto teor de mercúrio (peixe-espada, cação, espadarte, tamboril, tintureira), assim como os alimentos com excesso de açúcar, sal e gordura saturada.

Em termos nutricionais, é recomendada a suplementação, para suprir as necessidades nutricionais que não podem ser colmatadas apenas por via da alimentação. Neste caso, está recomendada a suplementação com ácido fólico (primeiro e segundo trimestres), ferro (segundo e terceiro trimestres) e iodo (durante toda a gravidez e período de amamentação).

Análises e rastreios

Nas consultas de gravidez, são requisitadas várias análises ao sangue e, geralmente, uma ecografia por trimestre. Dos exames laboratoriais fazem parte as seguintes análises e rastreios:

- Tipagem ABO e fator Rh;
- Pesquisa de aglutininas irregulares; 
- Hemograma completo; 
- Rastreio da diabetes gestacional;
- Rastreio da sífilis;
- Rastreio da rubéola;
- Rastreio da toxoplasmose;
- Rastreio da infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH);
- Rastreio da hepatite B; 
- Rastreio da bacteriúria assintomática; 
- Rastreio do Streptococcus β hemolítico do grupo B;
- Rastreio do cancro do colo do útero

Desta lista de análises, há algumas que se repetem em cada trimestre, nomeadamente o hemograma completo e a análise à toxoplasmose (nas mulheres não imunes).

Rastreio bioquímico

Há um conjunto de análises adicionais que são recomendadas no primeiro trimestre e que constituem o rastreio bioquímico. Este rastreio faz-se através de uma análise ao sangue com vista a diagnosticar eventuais complicações cromossómicas do feto numa fase inicial da gravidez (pode ser feito entre as 11 semanas + 6 dias e as 13 semanas + 6 dias de gestação).

Ecografias recomendadas

Numa gravidez vigiada é recomendada a realização de, pelo menos, três ecografias (uma em cada trimestre de gestação).

Ecografia do primeiro trimestre

Na primeira ecografia, que deve realizar-se entre as 11 e as 13 semanas + 6 dias de gestação, é confirmada a viabilidade fetal, determinado o número de fetos e feita a datação correta da gravidez, através da medição do comprimento crânio-caudal. É também nesta ecografia que se diagnosticam eventuais malformações de maior importância. Esta ecografia contribui ainda para a avaliação do risco de aneuploidias (presença de número anormal de cromossomas no feto – trissomia 21, 13 e 18).

Ecografia do segundo trimestre

Na ecografia do segundo trimestre, também conhecida como ecografia morfológica, são confirmados alguns resultados da primeira ecografia, sobretudo no que toca à identificação de malformações.

Ecografia do terceiro trimestre

A última ecografia obstétrica ajuda a avaliar o desenvolvimento do bebé e a diagnosticar eventuais anomalias tardias. Esta ecografia permite também determinar a posição do bebé (apresentação fetal), o perímetro cefálico e abdominal, o comprimento do fémur, a estimativa de peso, avaliando ainda o bem-estar fetal.

Sinais de alerta durante a gravidez

Há alguns sinais aos quais a grávida deve estar atenta durante a gravidez.

- Sangramento vaginal ou perda de líquido pela vagina (mesmo que em pequena quantidade)
- Corrimento vaginal com comichão, ardor ou cheiro não habitual
- Dor abdominal/pélvica contínua
- Arrepios ou febre (superior a 37,8º C)
- Dor ou ardor ao urinar ou sensação que não consegue parar de urinar ou presença de sangue na urina
- Vómitos persistentes
- Dor de cabeça forte ou contínua
- Perturbações da visão
- Subida da tensão arterial
- Aumento acentuado do peso num curto espaço de tempo
- Inchaço repentino dos pés, mãos ou rosto
- Diminuição dos movimentos fetais

Perante a ocorrência de qualquer um destes sinais, deve dirigir-se o mais rapidamente possível ao centro de saúde ou a uma urgência hospitalar.

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pelo Conselho Científico da AdvanceCare.

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