Diabetes gestacional: fatores de risco, diagnóstico e o que fazer
- A diabetes gestacional está a aumentar e deve ser alvo de vigilância apertada de forma a garantir a saúde materna e do bebé.
- A maioria das mulheres não apresenta sintomas e, por isso, o programa nacional de vigilância é essencial para que a doença seja detetada precocemente.
- Hábitos alimentares saudáveis e a prática regular de atividade física são, na maioria dos casos, suficientes para controlar a doença.
A diabetes gestacional pode pôr em risco a saúde da mãe e do bebé e deve ser alvo de vigilância apertada. Saiba quais são os fatores de risco, a que sintomas deve estar atenta e o que fazer em caso de diabetes gestacional.
Sabia que a diabetes gestacional afeta quase um quinto das grávidas? A boa notícia é que um estilo de vida saudável e vigilância médica adequada podem prevenir a doença ou ajudar a lidar com ela. Fique a conhecer os fatores de risco, os sintomas e como atuar em caso de diabetes gestacional.
Diabetes gestacional
A diabetes gestacional caracteriza-se pelo aumento dos níveis de açúcar no sangue que surge durante a gravidez. À semelhança de outros tipos de diabetes, a diabetes gestacional resulta de uma maior resistência à insulina, causada durante este período pela produção de hormonas que são essenciais ao desenvolvimento do feto. Na maioria das mulheres o pâncreas reage a esta situação produzindo insulina adicional, mas nas mulheres com diabetes gestacional isto não acontece. É particularmente frequente durante o segundo semestre da gravidez e prolonga-se até ao final da gestação, desaparecendo na maioria dos casos após o nascimento.
Porém, é essencial fazer o controlo e diagnóstico antecipado da doença! A diabetes gestacional pode afetar a saúde da mãe e do bebé, mesmo após o fim da gestação, colocando ambos em risco acrescido de desenvolver diabetes tipo 2. Saiba quais os fatores de risco, sintomas e o que deve fazer em caso de diabetes gestacional.
Os fatores de risco
Qualquer mulher pode desenvolver diabetes gestacional durante a gravidez, mas o risco é maior quando se verifica alguma destas situações:
- Idade materna avançada
- Excesso de peso ou obesidade.
- Antecedentes familiares de diabetes.
- Diabetes gestacional em gravidezes anteriores.
- Gravidezes anteriores com bebés de peso superior a 4 kg.
- Ter síndrome de ovário poliquístico ou outra condição associada a problemas com insulina.
- Ter tensão arterial elevada, colesterol elevado, doenças cardíacas, ou outras complicações médicas.
Os sintomas mais frequentes
A maioria das mulheres com diabetes gestacional não tem sintomas ou estes são de tal forma inespecíficos que são frequentemente atribuídos à própria gravidez. Porém, estes são alguns dos sintomas a que deve estar atenta e que não deve desvaloriza:
- Tem mais sede do que o habitual.
- Sensação de boca seca.
- Tem mais fome e come mais do que o habitual.
- Micção frequente.
- Cansaço.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico de diabetes gestacional é feito através de análises específicas que avaliam os níveis de glicémia no sangue. De acordo com as diretrizes e o programa nacional de vigilância da Direção-Geral da Saúde, este controlo ocorre em dois momentos:
- Na primeira consulta pré-natal, entre a 8.ª e a 12.ª semana, todas as grávidas são submetidas a uma avaliação da glicemia em jejum. Se os valores forem superiores a 92 mg/dl considera-se que a mulher tem diabetes gestacional.
- Caso os valores sejam inferiores a 92 mg/dl, a grávida é reavaliada entre as 24 e 28 semanas de gestação através de um teste de tolerância à glucose oral com ingestão de 75 g de glicose. A prova deve ser realizada de manhã e são necessárias colheitas de sangue em jejum, 1 hora e 2 horas após a ingestão desta solução. Durante a prova a grávida deve manter-se em repouso.
Diagnóstico precoce tem impacto na saúde futura materno-fetal
De acordo com a Direção-Geral da Saúde está inequivocamente demonstrado que o controlo da glicemia durante a gravidez diminui as complicações maternas e a mortalidade e morbilidade perinatais. Este benefício é tanto maior quanto mais precocemente for realizado o diagnóstico e iniciado o controlo metabólico.
Além disso, segundo o Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes, as mulheres com antecedentes de diabetes gestacional constituem um grupo de risco aumentado para o desenvolvimento de diabetes, principalmente tipo 2 e de diabetes gestacional em futura gravidez, devendo por isso ser submetidas a uma reavaliação glicémica após o parto.
Por fim, salientar que alguns estudos têm evidenciado uma forte relação entre obesidade e hiperglicemia durante a gravidez e a possibilidade dos filhos virem a desenvolver obesidade e diabetes tipo 2 em fases tardias da vida. Não está provado que o tratamento da hiperglicemia materna reduza o aparecimento de alterações da tolerância à glicose nos descendentes. No entanto, trata-se de uma área de grande empenho científico, sendo os conhecimentos atuais suficientes para o desenvolvimento de programas de vigilância e prevenção nesta população.
O que fazer se tiver diabetes gestacional
A diabetes gestacional tem aumentado nos últimos anos, mas a boa notícia é que a maioria das mulheres consegue controlar a doença com uma dieta equilibrada, prática de atividade física e uma vigilância rigorosa, sem necessidade de recorrer a terapêutica farmacológica.
- A prioridade deve recair sobre o controlo dos níveis de açúcar no sangue. As grávidas com diabetes gestacional devem fazer autotestes regulares, em jejum e uma hora após o início das principais refeições.
- O plano alimentar é elaborado em função das necessidades individuais de cada gestante, mas deve ser variado e equilibrado, incluindo alimentos dos principais grupos alimentares, dando preferência a vegetais, cereais integrais, leguminosas, frutas, proteínas e gorduras saudáveis.
- A terapêutica farmacológica pode ser necessária caso os objetivos glicémicos não sejam atingidos num período de 1 a 2 semanas após a adoção de hábitos alimentares mais cuidados. Esta pode passar pela toma de medicação oral ou insulina.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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