Cancro colorretal: proteja-se
- O cancro colorretal, que decorre da transformação maligna das glândulas existentes na mucosa do cólon e do reto, é um dos tumores mais frequentes e a sua incidência tem vindo a aumentar nas últimas décadas, essencialmente nos países mais industrializados.
- Os fatores de risco estão habitualmente relacionados com um estilo de vida sedentário, mas existem igualmente fatores hereditários implicados na ocorrência do cancro colorretal, bem como patologias que podem predispor o seu aparecimento, como é o caso da doença inflamatória crónica do intestino de longa evolução.
- É fundamental apostar na prevenção, existindo atualmente tratamentos que são eficazes na cura deste tipo de cancro.
O cancro colorretal é dos tumores mais frequentes e, apesar de ter uma elevada taxa de cura, a prevenção deve assumir um papel crucial.
O cólon e o reto
Após a digestão e absorção dos alimentos, há resíduos que são eliminados do organismo sob a forma de fezes. O intestino grosso é o órgão que transporta as fezes desde o intestino delgado, onde ocorre a absorção dos nutrientes, até ao ânus, o orifício de eliminação.
Distinguem-se duas porções no intestino grosso; o cólon, onde ocorre essencialmente absorção de água transformando fezes líquidas em fezes sólidas e o reto, com forma de ampola que armazena fezes para serem eliminadas habitualmente uma a duas vezes por dia, pelo ânus.
Cancro colorretal
O cancro colorretal forma-se na camada de revestimento interno do órgão, a chamada camada mucosa. Decorre da transformação maligna das glândulas existentes na mucosa sob a forma de um adenocarcinoma, o chamado carcinoma colorretal.
O cancro colorretal é um dos cancros mais frequentes que ocorre no homem e a sua incidência tem vindo a aumentar nas últimas décadas, essencialmente nos países mais industrializados. Hoje em dia, sabe-se que este tumor é cerca de 10 vezes mais frequente nos países da Europa Ocidental, na América do Norte, na Austrália e Nova Zelândia do que nos países da Ásia ou África.
Em Portugal, e de acordo com dados do Globocan de 2020, o cancro colorretal é o cancro com maior incidência em ambos os sexos, revelando uma incidência de 17.4%, com 10.501 novos casos anuais.
Fatores de risco
No que respeita ao estilo de vida, é conhecido que o cancro colorretal tem maior incidência nas populações com estilo de vida sedentário. Praticar uma atividade física favorece a mobilidade intestinal e, por isso, exerce um efeito protetor em relação ao seu surgimento.
Vários estudos sugerem uma relação direta entre o consumo de gorduras, nomeadamente gorduras de origem animal como a carne vermelha de vaca, porco ou borrego, e a sua incidência. A reforçar esta hipótese há estudos experimentais que sugerem que dietas ricas em gorduras favorecem o seu aparecimento. Outras pesquisas relacionam a incidência de cancro colorretal com os níveis aumentados de colesterol, uma das principais gorduras do sangue. Outros indicam que as gorduras da dieta estimulam a secreção de ácidos biliares que são convertidos no cólon, pelas bactérias aí existentes, em substâncias carcinogéneas.
Hereditariedade
Há fatores hereditários implicados na ocorrência do cancro colorretal. Algumas destas condições caraterizam-se pela presença de pólipos no cólon — os chamados síndromes de polipose. Podem associar-se a outras alterações noutros órgãos. No entanto, conhecem-se outras síndromes hereditárias de cancro colorretal não associados à presença de pólipos. Nestes, o cancro colorretal surge em idade mais precoce do que habitualmente. Para todas estas síndromes hereditárias há programas de deteção precoce e de vigilância, que têm como objetivo o diagnóstico e tratamento dos indivíduos afetados.
Prevenção…
Alimentação protetora!
Sabe-se que alguns ácidos gordos têm um efeito nocivo para a mucosa do cólon, enquanto outros, existentes no azeite e no óleo de peixe, podem ter um papel protetor. As fibras também têm sido objeto de numerosos estudos, na sua maioria sugestivos de um papel protetor em relação ao aparecimento do cancro colorretal.
Vários estudos epidemiológicos e experimentais têm revelado a existência de um efeito protetor de algumas vitaminas relativamente ao aparecimento de cancro colorretal. Exemplos são as vitaminas A, C, D, E e o ácido fólico. Alguns oligoelementos como o cálcio, o magnésio e o selénio também têm sido apontados como protetores face ao desenvolvimento do cancro colorretal. Alguns mecanismos que explicam este papel baseiam-se nas propriedades antioxidantes e na formação de sabões insolúveis dos oligoelementos com os ácidos gordos e biliares, evitando assim o papel deletério destes sobre a mucosa do cólon.
Doenças predisponentes
Existem patologias que podem predispor o aparecimento de cancro do colorretal, como a doença inflamatória crónica do intestino de longa evolução, nomeadamente a colite ulcerosa envolvendo toda a extensão do cólon e a doença de Crohn. Também nestas está preconizado o estudo regular do cólon com vista à deteção precoce de alterações cólicas precursoras do cancro colorretal.
Independentemente da causa de cancro, a maioria do cólon e do reto surgem a partir de pólipos, particularmente de pólipos adenomatosos. Os pólipos constituem pois, lesões benignas precursoras de cancro. A deteção de um pólipo intestinal obriga sempre ao exame de todo o cólon, à remoção do pólipo e à sua análise, para caracterização do risco de recorrência e definição do programa de vigilância e tratamento precoce.
Sinais de alarme do cancro colorretal
Os sintomas de cancro colorretal são diferentes conforme a sua localização. Podem ocorrer:
- Perdas de sangue durante as dejeções.
- Alterações dos hábitos intestinais.
- Cólicas.
- Anemia.
- Falta de ar após pequenos esforços.
- Palpitações.
Diagnóstico
O diagnóstico de cancro colorretal consiste na visualização da lesão, na colheita de fragmentos por biópsia para caracterização do tipo de tumor e na avaliação da sua extensão. É um exame simples, habitualmente indolor, que se efetua durante a primeira consulta sem qualquer preparação de limpeza intestinal.
Exames de diagnóstico que podem ser solicitados:
- Endoscopia.
- Sigmoidoscopia.
- Colonoscopia total.
O estudo do doente com cancro colorretal requer a realização de outros exames, não propriamente de diagnóstico mas de avaliação da extensão da doença a outros órgãos, para avaliar o tipo de tratamento indicado para o estádio em que se encontra a sua doença. Constam essencialmente de análises de sangue e da tomografia axial computorizada do abdómen e cavidade pélvica, exame que proporciona uma visualização de conjunto dos órgãos mais frequentemente envolvidos pelo cancro colorretal.
Tratamentos
O tratamento do cancro colorretal pode ser feito de várias formas, sendo a resseção endoscópica ou cirúrgica, o tratamento ideal conforme já foi referido. A radioterapia é um tratamento eficaz em muitas formas de cancro essencialmente do reto. A quimioterapia, geralmente pouco agressiva quando comparada com a indicada no tratamento de outros tipos de cancro, é também um tratamento eficaz na cura do cancro colorretal em determinados estádios. É frequente um doente com cancro colorretal necessitar de tratamento combinado e/ou sequencial de quimioterapia, radioterapia e cirurgia.
Saiba mais…
A cirurgia é a melhor forma de cura do cancro colorretal, devendo ser operado o segmento afetado pela lesão e tratados endoscopicamente os pólipos localizados em segmentos que não vão ser ressecados cirurgicamente.
5 substâncias anticancro colorretal
- Vitaminas A, C, D e E.
- Ácido fólico.
- Fibras.
- Azeite.
- Óleo de peixe.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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