Como estimular o desenvolvimento do seu filho

Maternidade
Última atualização: 19/01/2023
estimular desenvolvimento do seu filho

Não existem propriamente regras universais. Para que um bebé se desenvolva bem, deve imperar o bom senso, o processo de tentativa e de erro e a aprendizagem através do exemplo. Deixamos-lhe algumas sugestões para estimular o desenvolvimento dos seus filhos.

Sabia que é já possível estimular o bebé durante os meses de gravidez? É verdade. Quando os futuros pais falam com ternura para a barriga, existindo já reação do feto, a estimulação já está a acontecer. Existem experiências interessantes em que fetos são expostos a uma determinada canção cantada pela mãe, num período de tranquilidade, e em que depois de nascer, o bebé reconhece essa mesma música e acalma ao ouvi-la. “Sabemos também que os bebés conhecem as vozes dos pais e que se voltam para eles preferencialmente em relação a outras pessoas”, explica o Dr. Artur Varela de Sousa, pediatra.

Depois do nascimento, os estímulos vão depender de cada idade. O processo não tem propriamente regras estanques e deve acontecer naturalmente. “A maior parte do que aprendemos (até 90%) é por ver os outros fazer. Assim, a estimulação é um processo constante. Talvez por isso se perceba que um bebé sorria para outras pessoas quando atinge cerca de um mês de vida, depois de ver, muitas vezes, outras pessoas a sorrirem para si”, sublinha o Dr. Artur Varela de Sousa. É a tal aprendizagem pelo exemplo que certamente ouviu falar, mesmo quando ainda não era mãe ou pai. O tempo de qualidade que se passa com uma criança, sejam pais, outros familiares ou prestadores de cuidados é também uma peça fundamental.

Estímulos por fases etárias

Segundo o Centers for Disease Control and Prevention, os primeiros anos de vida de uma criança são muito importantes para a sua saúde e desenvolvimento. Falar e cantar para o bebé desde muito cedo é muito importante. “Por volta dos 3-4 meses, mostrar objetos diferentes, brinquedos, levar o bebé a passear, brincar com rocas ou outros brinquedos com som que possa manipular e levar à boca (sempre adequados à idade) são sugestões importantes”, explica o pediatra.

Por volta dos nove meses são aconselháveis “blocos de construção para manipular, explorar, tábuas de encaixes, começar a mostrar livros de figuras para folhear, identificar, e mais tarde nomear”. Nesta idade, e até aos dois anos, ver televisão não está recomendado por “atrasar de forma significativa algumas etapas do desenvolvimento linguístico e motor. Depois dessa idade vão existindo recomendações com tempo de visualização indicado por cada idade que é importante seguir”, alerta o Dr. Artur Varela de Sousa.

Por outro lado, pode ser útil ler para as crianças, deixando-as fazer perguntas, e até recontar as histórias regularmente, de forma a promover a literacia. “É também importante que as crianças vejam os pais a ler.” Mais uma vez, o exemplo pode fazer a diferença.

Aos três anos, é altura de promoção do jogo social e imaginativo. E aqui entram os jogos de glória, de cartas, dominós, brincar ao “faz de conta”, e os jogos que contribuam para o desenvolvimento dos pré-requisitos académicos. Também neste caso “há jogos de tablet que podem ser muito estimulantes, desde que usados com conta, peso e medida, e seguindo uma rotina, não ultrapassando dois a três períodos de meia hora por dia, por exemplo”. 

Problemas de neurodesenvolvimento: possíveis sinais de alerta

Algumas idades são particularmente importantes no crescimento do seu bebé. Na opinião do Dr. Artur Varela de Sousa, os 9 meses, 12 meses, 18 meses e 2 anos são essenciais, porque são aquelas idades em que “podem estar ou não presentes sinais de alerta para o neurodesenvolvimento, e em que se dão momentos de viragem neste processo, como, por exemplo o sentar, a locomoção, o andar, as primeiras palavras, as birras, o desenvolvimento do ego, etc.”, diz-nos o pediatra.

Existem então sinais de alerta que os pediatras e os médicos de Medicina Geral e Familiar devem estar preparados para identificar. “Os mais importantes são o controlo cefálico, pelos 6 meses; o sentar com estabilidade, a locomoção e a mudança de posição, pelos 12 meses; o apontar, pelos 15 meses; a marcha sem apoio e as primeiras palavras; pelos 18 meses, o juntar palavras aos 3 anos e a linguagem totalmente compreensível por estranhos aos 4 anos. Se estes marcos não forem atingidos, pode haver lugar a referenciação, a consulta especializada”, refere o pediatra.

Ainda assim, importa adiantar que o que se considera normal para uma criança não tem de ser necessariamente para outra. “É importante explicar que o espetro da normalidade para cada etapa do neurodesenvolvimento é muito amplo, e que tanto é comum começar a andar pelos 9 meses como pelos 17 meses, e que isso não é preditor de problemas futuros. O profissional de saúde deve estar preparado para informar sobre essa variabilidade e estar aberto a esclarecer as dúvidas dos pais”, acrescenta o pediatra.

Alguns fatores podem estar na origem de problemas de neurodesenvolvimento como, por exemplo, “a prematuridade, a existência de familiares com problemas a esse nível, a disfunção familiar, determinadas doenças crónicas, a exposição excessiva a audiovisuais em idades muito precoces, o nível educacional dos pais, fatores socioeconómicos, a existência de patologia mental na família, a presença de défice visual e auditivo, e muitos outros fatores de risco que o profissional deve estar preparado para identificar”, sugere o especialista. 

Conselhos úteis para os pais

Segundo o pediatra Artur Varela de Sousa, existem alguns conselhos que podem ajudar os pais no desafio da estimulação do bebé:

  • Expressar o afeto, o amor, de forma que as crianças se sintam amadas e aprendam a amar;
  • Sair a horas do trabalho, para ter tempo de qualidade diariamente com os seus filhos. Isto depende muitas vezes das chefias, que deveriam perceber as consequências familiares e sociais ao exigirem que os seus colaboradores prolonguem demasiado a jornada de trabalho. É necessário e urgente mudar mentalidades urgentemente, seguindo o exemplo dos países do Norte da Europa;
  • Dar o exemplo aos filhos;
  • Ser consistente nas regras e disciplina. As mesmas devem ser semelhantes para todos os prestadores de cuidados;
  • Não bater nas crianças, nem exercer qualquer tipo de coerção física ou psicológica. Embora sigamos frequentemente o modelo educacional que vimos funcionar connosco, existem alternativas educacionais mais eficazes que a coerção e com menos consequências para o desenvolvimento psicológico;
  • Estabelecer rotinas para a utilização de audiovisuais, como tablets, smartphones, computadores, televisão, e limitar a sua utilização segundo as recomendações existentes que variam por idade;
  • Ter tempo de brincadeira livre, sem sobrecarregar as crianças com atividades; 
  • Utilizar brinquedos adequados e certificados para a idade da criança;
  • Estimular o jogo imaginativo e construtivo;
  • Ter tempo de brincadeira no exterior sempre que possível;
  • Ler, se possível diariamente, para as crianças, de forma a promover a literacia;
  • Responder a todas as perguntas das crianças, de uma forma adequada à sua idade;
  • Comunicar com os seus filhos da mesma forma que gostaria que os seus pais tivessem comunicado consigo. Aproveite os momentos à mesa sem audiovisuais para comunicar, respeitar as opiniões das crianças, e adequar o diálogo às suas idades;
  • Divertir-se com as crianças. 

Ao longo dos primeiros anos de vida, a criança desenvolve diversas habilidades motoras, adquiridas cada uma a seu tempo. Para ajudar o seu filho nessa jornada, aprenda a estimulá-lo em cada fase e desfrute do tempo que passa com ele.

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