Deteção precoce do cancro do ovário
- A vigilância é a principal arma no combate ao cancro do ovário, uma patologia que é a 8.ª causa de morte feminina em todo o mundo.
- O cancro do ovário é muitas vezes uma doença silenciosa, que tende a dar sintomas em fases mais avançadas, daí a importância de um diagnóstico precoce.
- As mulheres - principalmente se tiverem mais de 55 anos – não devem descurar a realização de uma consulta anual, para além da realização de exames complementares, como citologia, ecografia, mamografia e colonoscopia periódicas.
- Existem vários tratamentos disponíveis para combater este tumor.
Constituindo a 8.ª causa de morte feminina em todo o mundo, o cancro do ovário é difícil de diagnosticar. Realizar uma vigilância adequada é o método mais adequado para combater este tumor silencioso.
O cancro do ovário é a neoplasia do aparelho genital feminino que apresenta maior taxa de mortalidade. Atingindo, sobretudo, mulheres no período pré e pós menopausa (a idade média é de 54 anos. Em Portugal, segundo a Liga Portuguesa Contra o Cancro, são diagnosticados, todos os anos, mais de 574 novos casos de cancro do ovário, a 8.ª causa de morte feminina no mundo, de acordo com a International Agency for Research on Cancer.
Ao contrário do que acontece com outros tipos de cancros, que permitem um diagnóstico em fase inicial, o cancro do ovário é uma doença silenciosa, e tende a dar sintomas em fases mais avançadas. O diagnóstico do cancro do ovário não é fácil, pelo que na maioria dos casos, quando o problema é descoberto, o grau de compromisso do organismo é já bastante elevado, o que condiciona a possibilidade do tratamento.
De forma geral, os sintomas aparecem quando a doença já se encontra metastizada para o abdómen (gânglios, grande epíplon e peritoneu), o que reduz muito as hipóteses de tratamento.
Combater o silêncio do cancro
Contornar a forma assintomática do cancro do ovário implica assim, o cumprimento de plano anual de visita ao seu médico especialista e a realização de exames de diagnóstico que permitam a deteção atempada da doença. Desta forma, mulheres acima dos 55 anos e mulheres que apresentem fatores de risco associados ao cancro do ovário, deverão ser especialmente cuidadosas em relação à vigilância.
Quais os fatores de risco?
As causas do cancro do ovário ainda não são conhecidas. Há contudo fatores de risco que se encontram associados à doença e que merecem especial atenção. Nomeadamente:
- Antecedentes familiares de cancro do ovário - o risco aumenta em função do número de familiares de primeiro ou segundo grau afetados (mãe, irmãs) sobretudo se em idade precoce.
- Mulheres com antecedentes de cancro da mama, útero ou colorretal, têm maior risco de cancro do ovário.
- Mutações genéticas herdadas – Podem encontrar-se mutações genéticas entre 5% a 10% dos casos de cancro do ovário.
- O risco aumenta a partir dos 55 anos.
- Uso de terapêutica hormonal de substituição após a menopausa.
- Uso de fármacos para tratamento da infertilidade (como os estimuladores da ovulação).
- Não ter filhos – As mulheres sem filhos apresentam um risco aumentado de cancro do ovário.
- Obesidade.
As mulheres que procederam à laqueação das trompas de Falópio ou que foram sujeitas à remoção cirúrgica do útero (histerectomia) revelam uma menor propensão para o desenvolvimento da doença.
Quais os sintomas?
A localização abdominal dos ovários conduz a que os sintomas da doença se revelem mais ao nível abdominal do que pélvico. De forma geral, as queixam são:
- Dor ou inchaço abdominal, pélvico, das costas ou pernas.
- Dor pélvica.
- Problemas gastrointestinais como indigestão, diarreia, prisão de ventre, gases ou arrotos excessivos.
- Náuseas.
- Cansaço permanente.
Mutação genética
Segundo o Centers for Disease Control and Prevention dos EUA, as mulheres que apresentem mutação dos genes BRCA1 e BRCA2 com um elevado risco genético comprovado, podem ser aconselhadas a realizar uma cirurgia profilática para remoção dos ovários (ooforectomia).
Vigilância pós-menopausa
É imperativo que as mulheres pós-menopáusicas realizem consultas de rotina e façam os exames de diagnóstico de forma assídua. Uma vez que os cancros do ovário, do endométrio, da mama e o cancro colorretal afetam sobretudo mulheres com idade mais avançada.
Tratamentos disponíveis
Como salienta a Liga Portuguesa Contra o Cancro, existem várias opções de tratamento para o cancro do ovário que podem ser discutidas com o médico. A maioria das mulheres é submetida a cirurgia e quimioterapia, sendo que a radioterapia raramente é utilizada.
- Tratamento local: a cirurgia e a radioterapia são tratamentos locais, que removem ou destroem o cancro do ovário na pélvis. Quando o cancro atinge outras zonas do organismo, o tratamento local pode ser utilizado para controlar a doença nessas áreas específicas.
- Quimioterapia intraperitoneal: a quimioterapia pode ser administrada diretamente no abdómen e na pélvis através de um tubo fino. Os fármacos destroem ou controlam o cancro no abdómen e na pélvis.
- Quimioterapia sistémica: este tratamento é designado por sistémico, uma vez que os fármacos entram na corrente sanguínea e podem afetar todas as células.
Antes de iniciar o tratamento, poderá colocar ao médico algumas questões
É natural que tenha imensas dúvidas antes de iniciar qualquer tratamento. Desta forma, deixamos algumas questões que poderá colocar ao seu médico para um tratamento mais informado.
- Qual é o estadio de evolução da minha doença? O cancro disseminou-se para fora dos ovários? Em caso afirmativo, para onde?
- Quais são as minhas opções de tratamento? Recomenda a quimioterapia intraperitoneal para o meu caso? Porquê?
- Será adequado participar num ensaio clínico?
- Irei necessitar de mais do que um tipo de tratamento?
- Quais são os benefícios esperados para cada tipo de tratamento?
- Quais são os riscos e possíveis efeitos secundários dos tratamentos? O que é possível fazer para controlar os efeitos secundários? Estes problemas irão desaparecer depois do tratamento acabar?
- O que posso fazer para me preparar para o tratamento?
- Terei necessidade de ficar no hospital? Em caso afirmativo, durante quanto tempo?
- Qual é o custo estimado do tratamento? O meu seguro irá cobrir este tratamento?
- De que modo o tratamento irá afetar a minha atividade normal?
- O tratamento irá provocar uma menopausa precoce?
- Serei capaz de engravidar e ter filhos, depois do tratamento terminar?
- Com que frequência deverei realizar exames médicos completos após o tratamento?
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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