Diagnóstico: tumor no ovário
- Os tumores benignos do ovário são mais frequentes em mulheres pós-menopáusicas e são geralmente assintomáticos, sendo diagnosticados em exames de rotina.
- O tratamento recomendado é a remoção cirúrgica e a vigilância por um ginecologista nos meses e anos subsequentes é recomendada.
- Conheça o testemunho de Eva Falcão, a quem foi diagnosticado um tumor benigno do ovário.
Como um exame de rotina teve um desenrolar inesperado que provocou emoções contraditórias, mas a esperança e o otimismo acabaram por imperar. Uma história com um desfecho feliz e que relata uma condição relativamente comum nas mulheres: o tumor benigno do ovário.
“Tumor no ovário”: sinónimo de cancro?
As palavras “tumor no ovário” podem ser assustadoras, porque podem surgir associadas ao conceito de cancro. No entanto, nem sempre as massas que são detetadas nos exames são, de facto, malignas.
Os tumores benignos do ovário são, assim, relativamente frequentes em mulheres na idade da menopausa: segundo um estudo francês, 14-18% das mulheres nesta idade são diagnosticadas com este tipo de tumores, número que baixa para 7% no caso das mulheres em idade fértil.
Quais os principais sintomas e como é diagnosticado?
A maioria dos tumores benignos do ovário são assintomáticos e são, por isso, detetados em exames de rotina (exame pélvico, ecografia) antes de qualquer tipo de manifestação. Por vezes podem, no entanto, despoletar alterações na menstruação (no caso das mulheres em idade fértil), desconforto ou dor na zona do abdómen, e, no caso de serem de um volume considerável, podem mesmo formar um alto palpável nesta zona.
O despiste de cancro do ovário é geralmente feito antes e após a remoção do tumor. As análises ao sangue permitem detetar os chamados marcadores tumorais, que são moléculas que identificam a presença de cancro. Após a sua remoção, o tumor é também examinado de forma a detetar características que identificam o cancro.
Quais os tratamentos disponíveis?
A remoção cirúrgica do tumor será recomendada. Esta cirurgia poderá ser feita por laparoscopia ou por laparotomia, dependendo, por exemplo, do tamanho do tumor e do grau de envolvimento ou afetação de outros órgãos.
Assim, a laparoscopia é menos invasiva, sendo feito um pequeno corte para a inserção de um tubo – o laparoscópio – que irá permitir visualizar e consequentemente remover o tumor. Já a laparotomia é mais invasiva, sendo a incisão maior através do abdómen, permitindo aceder diretamente ao tumor.
Por vezes, a remoção do ovário afetado poderá ser necessária, nos casos em que o tumor não puder ser removido sem a remoção do órgão. No entanto, o objetivo do médico ginecologista será sempre a preservação destas estruturas, preferindo uma abordagem conservadora quando esta for possível.
Vigilância
Após a remoção do tumor, é recomendada a vigilância e acompanhamento pelo ginecologista. Segundo um estudo publicado recentemente, os tumores benignos do ovário podem estar relacionados com um aumento do risco de cancro do ovário.
Alguns fatores de risco, como a obesidade e o consumo de tabaco, são comuns tanto ao risco de desenvolvimento de tumores benignos como malignos. Assim, parar de fumar e adotar um estilo de vida saudável e ativo são recomendações importantes para a prevenção da recorrência de tumores benignos do ovário.
O testemunho de Eva Falcão, 43 anos, Lisboa
“No decorrer de uma ecografia de rotina no âmbito de uma consulta de ginecologia, a médica apercebeu-se da existência de uma massa com um tamanho considerável. Massa da qual não existia qualquer vestígio nos exames anteriores. Sem conseguir definir se estava localizada no ovário ou no útero sugeriu que se fizesse uma TAC (Tomografia Axial Computorizada) para especificar a questão. A palavra «mioma» deixou-me um pouco alertada, mas assim que apresentei o relatório à minha médica assistente fiz a TAC (Tomografia Axial Computorizada) de imediato. O veredito foi perentório: era um tumor.
A seguir, foi tudo muito rápido. Ainda sem sabermos se seria maligno ou não, os médicos fizeram questão de serem extremamente cuidadosos para não causarem alarmismos. Fui enviada ao laboratório para fazer análises de imediato. A curiosidade foi o meu erro. Quando questionei o enfermeiro acerca da finalidade dos exames, a frase «valores tumorais» chegou como um murro no estômago. Refugiei-me na capela do hospital e chorei.
O primeiro momento foi de incredulidade. Afinal, achamos sempre que estas coisas só acontecem aos outros. Seguiram-se o desespero e o choro até secar as lágrimas. Depois refugiei-me na minha fé e disse para comigo «será mesmo o que Deus quiser».
O processo foi tão rápido que não chegou a ter grande impacto na minha vida. Mas, apesar dos esforços de toda a equipa médica que me foi assistindo a verdade é que aquela rapidez toda me alarmava.
A minha médica assistente entregou-me nas mãos de um ginecologista da sua confiança e o processo desenrolou-se com rapidez. Embora os valores tumorais indicassem que o tumor localizado no ovário era benigno, era uma massa com quase cinco centímetros de diâmetro que tinha crescido no espaço de um ano e que tinha de ser retirada através de uma cirurgia.
O médico era, de facto, extraordinário, e o processo foi célere. Percebi no final que só com o resultado da análise à massa extraída é que ele ficou verdadeiramente descansado.
Era mesmo um tumor benigno.
Fiz questão de manter segredo o tempo que me foi possível. Só precisei de revelar a situação à minha família já mais em cima da data da cirurgia, mas tive todo o apoio e carinho quer dos familiares mais próximos quer dos amigos a quem tinha contado. E dos colegas de trabalho que foram extraordinários com as minhas ausências para a realização de exames.
Em termos de vigilância, e embora só tenham passado 6 meses, tenho consultas e ecografias trimestrais para confirmar que está tudo em ordem.
Não é fácil para mim dar conselhos a quem tiver de passar por uma situação semelhante, considerando que cada caso é um caso e quem passa pelo período de ansiedade antes da confirmação de que afinal está tudo bem, é que, de facto, percebe o quão perdido se fica nestas situações. Mas fé e otimismo são essenciais.”
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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