Prevenir o cancro está ao seu alcance

Cancro
Última atualização: 10/04/2023

As opções que tomamos no nosso dia a dia podem fazer a diferença na prevenção de determinadas doenças, até mesmo quando se trata de cancro. Veja o que pode fazer e o que está ao seu alcance para minimizar os riscos.

Como uma roleta russa, é assim que a maioria das pessoas encara a doença mais temida: o cancro. Pode afetar qualquer um, é certo. No entanto, é uma patologia que começa com um descontrolo celular motivado por danos no nosso ADN. Para além da genética, inúmeros fatores externos podem contribuir para estes danos. Ou, por outras palavras, a vida que levamos aumenta os riscos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o cancro é a segunda principal causa de morte em todo o mundo, responsável por cerca de 9,6 milhões de mortes, ou uma em cada seis mortes, em 2018.

Segundo aquela organização, entre 30% e 50% das mortes por cancro podem ser evitadas modificando ou evitando os principais fatores de risco e implementando estratégias de prevenção baseadas em evidências existentes. A incidência do cancro também poder ser reduzida através da sua deteção precoce.

Apesar de todos os esforços, a prevalência desta patologia continua a crescer globalmente, exercendo uma enorme pressão física, emocional e financeira sobre indivíduos, famílias, comunidades e sistemas de saúde.

Ao longo dos últimos anos, estudos internacionais têm analisado e comparado os dados de vários tipos de cancro, o que permitiu identificar fatores associados à sua ocorrência, como o tabagismo ou o excesso de peso. “Há também evidência de aumento da incidência de cancro com a exposição prolongada a terapêutica hormonal e o aparecimento de cancros da pele com a exposição solar”, exemplifica Ana Maria del Rio, oncologista.

Apontamos as principais medidas a tomar.

Deixar de fumar

Na lista das causas de cancro que pode prevenir o tabaco lidera. De facto, o contacto com o tabaco está associado, por exemplo, a 19% dos casos de cancro registados anualmente no Reino Unido. Para além de todos os benefícios conhecidos para a saúde, deixar de fumar reduz o risco de cancro nas vias respiratórias, mas também na bexiga, no estômago, no rim ou no colo do útero.

Manter o peso certo

Quando mais elevado for o índice de massa corporal (IMC) maior é o risco. Além do cancro da mamaútero, rim e colorretal, a Agência Internacional de Pesquisa contra o Cancro (IARC) identificou outros oito tipos associados ao excesso de peso e obesidade, entre os quais: estômago, fígado, pâncreas, ovários e tiroide. No organismo, a gordura em excesso aumenta a inflamação e a produção de hormonas (estrogénios, testosterona e insulina), o que contribui para a doença, explicaram os autores. Ter um peso saudável é fundamental.

Proteger-se do sol

Embora o cancro da pele surja mais na idade adulta (pelo efeito cumulativo dos raios solares), a prevenção deve começar na infância. Evitar o sol e usar um creme solar com um fator de proteção igual ou superior a 30 na praia ou atividades ao ar livre é regra de ouro. Para Ana Maria del Rio, esta é uma recomendação com importância redobrada em Portugal. “No nosso país, deve-se insistir na proteção da pele, o que inclui evitar exposição solar entre as 11 h e as 17 h” realça. Frequentar solários é também desaconselhado.

Mexer-se mais

Praticar exercício físico reduz o risco de cancro da mama nas mulheres, concluiu um estudo recente realizado em Espanha: nas mulheres que não praticavam exercício regularmente a probabilidade de ter a doença era 71% superior. Cento e cinquenta minutos por semana é a referência defendida pela Organização Mundial da Saúde e usada neste estudo. Comece já! Bastam 30 minutos diários de atividade física moderada para cumprir estes mínimos. E quanto mais fizer, melhor será para a sua saúde.

Comer bem

Siga uma dieta pobre em gorduras, sal e açúcar e aposte em alimentos frescos, ricos em vitaminas, fibra e antioxidantes. A carne vermelha e processada deve ser evitada, segundo a American Cancer Society, e o consumo de bebidas alcoólicas reduzido. Como exemplifica a oncologista, Ana Maria del Rio: “Está bem demonstrada a associação de cancro com o uso do tabaco e de bebidas alcoólicas, como no caso do cancro do pulmão, da laringe, do esófago, pâncreas e urotelial.”

Vigiar a saúde

Sintomas, alterações e o seu historial clínico e familiar são dados importantes em consulta. Faça os exames de rastreio previstos: mamografia a cada dois anos após os 45/50 anos (rastreio do cancro da mama), citologia para rastreio do cancro do colo do útero (a cada três anos), e a colonoscopia após os 50 anos (rastreio do cancro colorretal para ambos os sexos). A prevenção passa ainda por prevenir infeções, como a hepatite B, associada ao risco de cancro do fígado, ou o papiloma vírus humano, cuja vacina já integra o Programa Nacional de Vacinação e está indicada para as raparigas de 10 anos. Desde outubro de 2020, os rapazes nascidos a partir de 2009 também já podem fazer a vacina gratuitamente.

A médica recomenda

O cancro não é uma, mas “múltiplas doenças com múltiplas etiopatogenias. Contudo, sabemos que um estilo de vida saudável, menos stress, alimentação saudável, o combate à obesidade e o exercício físico reduzem a probabilidade de aparecimento. Como última recomendação, além da melhoria de hábitos, como prevenção, insiste-se na vigilância, uma vez que após o diagnóstico de um cancro, habitualmente o prognóstico é tanto melhor quanto mais precoce for o estádio.”

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pelo Conselho Científico da AdvanceCare.

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