Nutrição e cancro da mama: o segredo está à mesa

O cancro da mama

Em Portugal, todos os anos são detetados cerca de 7 000 novos casos de cancro da mama e são registadas cercas de 1 800 mortes relativas a esta doença, segundo a Liga Portuguesa Contra o Cancro. O tratamento desta doença pode passar por muitas valências – cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia, entre outros. Estes tratamentos deixam os doentes fragilizados por variadas razões, mas todo têm um efeito no organismo num todo. Quando os doentes entram em remissão, o maior objetivo é manterem-se nesse estado. É sempre importante termos comportamentos preventivos nesta situação, quer seja fazer um autoexame à mama ou manter uma boa alimentação. Uma alimentação saudável e diversa dá ao corpo a nutrição necessária para o funcionamento normal do organismo.

Já, para as mulheres com um risco acrescido de vir a desenvolver cancro da mama, devido a terem história familiar deste cancro ou uma mutação genética herdada conhecida que aumenta o risco deste cancro, a American Cancer Society sugere:

• Aconselhamento genético e testes para risco de cancro da mama (se ainda não tiver sido feito);
• Medicamentos para diminuir o risco de cancro da mama;
• Cirurgia preventiva (profilática);
• Observação cuidadosa para procurar sinais precoces de cancro da mama.

Principais orientações para a prevenção e remissão

As principais linhas de orientação nutricional para a prevenção e remissão do cancro da mama focam-se nos seguintes pontos:

• Controlo do peso corporal (evitar o excesso de peso ou obesidade);
• Aumento do consumo de fibra dietética e alimentos com baixo índice glicémico;
• Redução do consumo de gordura (especialmente saturada) e açúcar simples (sacarose);
• Controlo dos níveis séricos de colesterol , uma vez que a elevação do colesterol no sangue parece inibir a capacidade e mediação de resposta do sistema imunitário face às células cancerígenas.

Para facilitar a escolha e minimizar as tentações nutricionais existentes no mercado, aprenda a interpretar o rótulo nutricional e evite o consumo de alimentos em que primeiros ingredientes no rótulo sejam: gorduras, óleos, sal, açúcar (sacarose), mel, melaço, ou ainda outras formas de açúcar (exemplo: maltose, glicose, frutose, dextrose, xarope de açúcar). Se tiver dúvidas, recorra ao descodificador de rótulos disponibilizado pela Direção-Geral de Saúde, que permite uma rápida interpretação do que deve fazer ou não parte da sua dieta.

Não esqueça a higiene e segurança dos seus alimentos

Não negligencie os cuidados de higiene e segurança alimentar, uma vez que os alimentos são também portadores de microrganismos e toxicidade patogénica. Na confeção dos seus alimentos, a melhor opção são os cozidos, guisados sem molho e ao vapor. Estes métodos mantêm toda a riqueza nutricional e evitam aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos provenientes da incorreta confeção (exemplo: a exposição a elevada temperatura no churrasco, grelha ou na chapa). Lembre-se que a variedade e moderação são a chave de uma alimentação saudável, pois nenhum alimento é completo de forma isolada.

Alimentos a privilegiar

Os vegetais e frutas protetoras são geralmente ricos em betacaroteno e outros carotenoides como alperce, manga, papaia, cenouras, espinafres, tomate, abóbora. Privilegie o seu consumo, sempre com moderação e bom senso, como com qualquer alimento. Se não tiver nenhuma contraindicação, pode e deve promover igualmente o consumo de agrião de água, couve-de-bruxelas, couve-flor, brócolos, nozes/avelãs/amêndoas, morangos, amoras, mirtilos e framboesas, cebola, alho fresco, curcumina, alecrim e gengibre.

Os nutrientes essenciais

Aumente o consumo de fibra, através da ingestão de cereais integrais (arroz integral, flocos de aveia, pão de mistura ou integral) e diariamente privilegie o consumo de leguminosas/hortícolas variadas e fruta fresca com baixo índice glicémico (maça, pera, mirtilo, cereja e ameixa, entre outros). Evite também o consumo de gordura saturada (carne vermelha, manteiga, iogurte/queijo gordo, natas, entre outros). Preferencialmente, consuma gordura monoinsaturada e polinsaturada, provenientes do azeite, frutos secos, abacate, peixes ricos em ácidos gordos ómega-3, como a sardinha, salmão, atum e cavala.

Comportamentos a evitar

Uma das evidências científicas mais fortes e transversais a qualquer doença oncológica, seja na prevenção ou remissão, diz respeito ao consumo de aditivos e álcool. Uma vez que a ingestão de bebidas alcoólicas tem uma associação positiva na incidência e prevalência de casos de cancro. Deverá por isso ser evitado ou moderado, o seu consumo. Evite dietas restritivas, já que pode acabar com falta de alguns nutrientes. Uma alimentação diversa e equilibrada ultrapassa este problema.

É importante manter sempre um peso adequado

Durante o diagnóstico da doença oncológica e respetivos tratamentos, a perda de peso com intenção não é recomendada, pois pode condicionar o prognóstico e tolerância aos tratamentos. Adicionalmente, durante períodos de prevenção e remissão, o peso corporal correto assume novamente um papel fundamental. Com uma associação positiva para recorrência e sobrevivência no cancro da mama, deverá por este motivo manter sempre o peso mais adequado para a sua estatura e respetivo Índice de Massa Corporal Normal, entre os 18,5 e 24,9 kg/m². Não se esqueça que existe uma forte evidência entre a presença de excesso de peso e obesidade durante a vida adulta e a incidência de novos casos de cancro da mama pós-menopausa.

A nutrição assume um papel fundamental no tema do cancro, por isso, comece já hoje a adotar atitudes preventivas ao seu alcance, privilegiando sempre a variedade e a moderação. E acima de tudo, o seu bem-estar.