É possível viver bem com as alergias?
- As alergias sazonais são maioritariamente respiratórias, como a rinite alérgica, e requerem uma atitude preventiva.
- Os especialistas aconselham que o acompanhamento médico se inicie no inverno.
- A prevenção das alergias passa por: diminuir a exposição ao pólen no exterior e ao pó e ácaros no interior de casa; certificar-se que não é alérgico ao pelo de animais domésticos; não fumar dentro do carro e de casa; e controlar a humidade na habitação.
- Muitas vezes os sintomas são semelhantes aos da constipação. Esteja atento e em qualquer sinal de alerta consulte o médico.
As mudanças de estação podem ser problemáticas para quem sofre de alergias, porque potenciam o crescimento dos pólenes. Mas nem tudo está perdido, pois apesar de as alergias não terem cura, é possível viver bem com elas.
A alergia consiste numa resposta exagerada do sistema imunológico a um determinado estímulo externo que, de outra forma, seria inócuo. Hoje em dia, já é possível apostar numa atitude preventiva em relação às alergias, principalmente aquelas que têm origem respiratória e que são as mais frequentes. “Uma em cada 3 pessoas sofre de rinite alérgica.”, explica Paula Leiria Pinto, imunoalergologista. Existem outros tipos de alergias não menos importantes, como as cutâneas ou as alimentares. No entanto, muitas das alergias associadas às estações do ano são respiratórias, sendo também aquelas que mais cuidados de prevenção requerem. Para quem sofre de alergias crónicas, Paula Leiria Pinto refere que “é muito importante as pessoas acautelarem-se e apostarem numa prevenção séria”.
A rinite consiste na inflamação da membrana da mucosa do nariz, levando a sintomas como irritação no nariz, na boca, nos olhos, na garganta, na pele ou em qualquer outra região do corpo. Os sintomas incluem espirros, olhos lacrimejantes e nariz obstruído.
Prevenir as alergias, como?
As estações mais propícias às alergias são a primavera e o outono. A prevenção das alergias é, antes de mais, uma estratégia que tem de ser partilhada entre o especialista e o doente. Segundo Paula Leiria Pinto, “a prevenção passa não só por assegurar determinados cuidados gerais, como também pela medicação”. Se a pessoa sofre de alergias respiratórias, é recomendável que recorra ao médico ainda no inverno de forma a iniciar desde logo a medicação e os cuidados necessários antes da entrada na primavera. “A nossa função enquanto médicos é fazer com que as pessoas alérgicas consigam passar uma estação como a primavera sem problemas de maior. É possível passar bem, sem crises, caso todas as medidas preventivas sejam respeitadas e feitas com tempo” alerta a especialista.
Medidas gerais e medicação
Segundo a especialista, existem medidas gerais que podem ser respeitadas antes de se avançar para a medicação. “Antes de qualquer outra coisa, é importante evitarmos a exposição a algo que, à partida, já sabemos que nos fará mal. O website da Rede Portuguesa de Aerobiologia dá-nos as previsões exatas dos níveis de pólen em cada dia. É uma boa ferramenta para as pessoas consultarem e tentarem proteger-se nessas alturas” assegura Paula Leiria Pinto.
Dentro de casa, existem várias medidas que podem ser adotadas para evitar as crises alérgicas. Em casa, o pó e os ácaros são os principais responsáveis pelas alergias. Uma vez instalados dentro das habitações torna-se difícil controlar o seu efeito em quem tem alergias. Contudo, existem truques que podem ser utilizados em casa para evitar crises alérgicas:
- Cobrir o colchão com um resguardo específico para aumentar a proteção contra os ácaros;
- Ter atenção em relação aos aquecimentos. As lareiras também podem lançar muito fumo e provocam irritação;
- Arejar sempre a casa. Se a sua casa estiver próxima de grandes redes viárias, o melhor é tentar arejar em alturas do dia que não estejam tão poluídas;
- Aspirar a casa com um filtro específico de alta eficiência na remoção de partículas;
- Ter em atenção a possíveis alergias ao pelo de animais domésticos. Por exemplo, existem muitas pessoas alérgicas ao pelo do gato e nesses casos a exposição ao animal pode causar um exacerbamento das queixas alérgicas. Se tiver sintomas constantes, é necessário fazer os testes para se certificar se é ou não alérgico ao pelo dos animais;
- Evitar fumar dentro de casa. O fumo do tabaco em casa ou do carro é uma das coisas que mais desencadeia o processo alérgico. Paula Leiria Pinto avisa que “nunca ninguém deve fumar no interior das casas e dos carros.”;
- Controlar a humidade no interior da habitação. Não podemos viver sem humidade, mas também não reagimos bem à humidade excessiva. É importante estimular a ventilação com cuidado.
Outras recomendações passam por utilizar óculos quando estiver muito vento, evitar fazer exercício físico nas horas em que há maior nível de pólen no ar e mudar regularmente os filtros do ar do carro, de forma a garantir que o ar no interior da viatura está sempre limpo. “Se, mesmo depois de todos estes cuidados, não for possível reduzir a exposição, teremos de recorrer à medicação”, refere Paula Leiria Pinto, reforçando ainda que “existem várias formas de medicação que variam muito de caso para caso. Para que a medicação seja eficaz, é necessário que a pessoa procure o médico, para que identifique as suas alergias e seja então iniciado o tratamento.
Quando devemos preocupar-nos?
Nem sempre damos atenção a alguns sintomas que são importantes e que, segundo Paula Leiria Pinto, se podem confundir muitas vezes com sintomas normais de constipação. É muito importante saber distinguir alergias de constipações ou outras doenças. “Espirros que não passam, uma tosse, a arrastar-se durante muito tempo ou o pingo no nariz que insiste em ficar, muitas vezes são sintomas que se confundem com constipações, mas podem indicar que somos alérgicos a alguma coisa.” Estes são os principais sinais de alerta, mas há outros: “As crianças e os adultos devem ter uma vida normal e plena. Devemos fazer todas as atividades que são normais. Se por algum motivo temos alguma dificuldade ou algo que nos incomode, devemos consultar o médico” adverte a especialista, realçando que atualmente “há muito subdiagnóstico e falta de tratamento apropriado e é fundamental que as pessoas estejam bem informadas sobre esta temática. Em qualquer sinal de alerta é preciso pedir ajuda e despistar se há realmente uma causa alérgica ou não”, conclui.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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