Intolerância à lactose?
- A intolerância à lactose acontece quando o açúcar que está presente no leite e nos seus derivados – a lactose – não é bem digerido pelo organismo;
- A intolerância à lactose traduz-se em sintomas após a ingestão de alimentos ou bebidas que têm na sua composição este tipo de açúcar, nomeadamente distensão abdominal, cólicas ou diarreia.
- Conheça os alimentos e as bebidas que contêm lactose, os fatores de risco e a importância de um diagnóstico e tratamentos adequados.
Todos nós já ouvimos falar de intolerância à lactose, mas será que sabemos realmente o que significa? Descubra aqui o que é este problema, bem como os primeiros passos a dar para aumentar o seu bem-estar.
Neste artigo explicamos-lhe tudo o que acontece quando o organismo tem dificuldade em processar o açúcar que está presente no leite e nos seus derivados - a chamada intolerância à lactose -, bem como os sintomas e sinais de alarme e formas de tratar este problema, que é cada vez mais frequente ao nível mundial. Conversamos com a nutricionista Paula Carmo Martins.
O que é a intolerância à lactose?
Por vezes, o açúcar que está presente no leite e nos seus derivados – a lactose – não é bem digerido pelo organismo, devido à incapacidade do intestino delgado produzir quantidades suficientes de lactase, a enzima necessária para processar a lactose. Perante esta situação dizemos que existe uma intolerância à lactose.
Quais os sintomas?
Esta insuficiência enzimática provoca uma intolerância à lactose, um intolerância alimentar que se traduz em sintomas após a ingestão de alimentos ou bebidas que têm na sua composição este tipo de açúcar, nomeadamente:
- Distensão abdominal (inchaço);
- Náuseas;
- Cólicas;
- Flatulência;
De acordo com Paula Carmo Martins, esta é uma condição extremamente comum. Uma metanálise recente refere que cerca de 70% da população sofre de intolerância à lactose. Esta intolerância alimentar poderá surgir logo nos primeiros anos de vida, quando já há uma propensão genética. Noutros casos, surge mais tarde, “quando a intolerância é desenvolvida ao longo da vida, devido a determinadas doenças gastrointestinais ou cirurgias”, explica a nutricionista.
Quais os alimentos e as bebidas que contêm lactose?
A lactose está em todos os leites e produtos lácteos, mas também pode ser encontrada em outros alimentos e bebidas. O leite e os produtos lácteos podem ser adicionados a alimentos embalados, enlatados, congelados, embalados e preparados. Fica uma lista dos produtos que podem conter lactose:
- Pão, panquecas, biscoitos, bolachas e bolos.
- Alimentos processados, incluindo cereais matinais, batatas fritas de pacote, margarina, salgados.
- Carnes processadas, como bacon, salsicha, cachorro-quente e carnes frias embaladas.
- Substitutos de refeição à base de leite líquidos e em pó, smoothies e proteínas em pó e barras.
- Cremes de café líquidos e em pó não lácteos e coberturas batidas não lácteas.
Verifique a lista de ingredientes nos alimentos embalados. As seguintes palavras significam que o produto contém lactose:
- Leite
- Lactose
- Soro de leite
- Coalho
- Derivados do leite
- Leite em pó
Além disso, uma pequena quantidade de lactose pode ser encontrada em alguns medicamentos prescritos e vendidos sem receita médica. Converse com seu médico sobre a quantidade de lactose nos medicamentos que toma, especialmente se normalmente não tolera mesmo pequenas quantidades de lactose.
Fatores de risco
Com o processo de envelhecimento há também uma diminuição gradual da produção da enzima lactase, o que leva a que a idade avançada seja um importante fator de risco, assim como a etnia, visto a intolerância à lactose ser mais comum em negros, asiáticos e hispânicos.
O tipo e a quantidade de bactérias presentes na flora intestinal de cada pessoa também poderão estar relacionados com o desenvolvimento da intolerância à lactose. Por outro lado, explica a especialista, algumas patologias que afetam o intestino delgado podem causar alterações na produção de lactase. As gastroenterites virais ou bacterianas, os tratamentos com quimioterapia, a diabetes em fase mais avançada, a doença celíaca ou a doença de Crohn são alguns exemplos.
Diagnóstico e tratamento
“Um correto diagnóstico é fundamental, porque os sintomas podem ser confundidos com outro tipo de patologias do trato gastrointestinal”, alerta Paula do Carmo Martins. O diagnóstico inclui a história clínica e queixas do paciente, mas também poderá envolver a realização de exames complementares, como o teste de tolerância à lactose, entre outros.
A redução da quantidade de lactose ingerida é também uma das primeiras estratégias aconselhadas pelos especialistas e também umas das mais eficazes para diminuir alguns sintomas. Depois de confirmada a intolerância à lactose, deverá ser iniciado o tratamento. Este passa por retirar todos os alimentos que contenham lactose da dieta alimentar, durante um determinado período de tempo. Nesta fase, a intervenção e o acompanhamento de um nutricionista é fundamental.
“É importante haver uma avaliação nutricional porque, com frequência, esta é uma fase de moderado risco nutricional, com uma baixa ingestão de cálcio, que aumenta o risco de osteoporose, bem como de perda de peso e desnutrição”, justifica Paula do Carmo Martins. É também o nutricionista que aconselhará os alimentos a evitar e as quantidades adequadas de lactose a ingerir, de acordo com o perfil de cada pessoa.
Manter os níveis de cálcio e de Vitamina D é essencial
Se é intolerante à lactose, certifique-se que ingere as quantidades de cálcio e vitamina D recomendadas diariamente. Embora o leite e os produtos lácteos sejam as fontes mais comuns de cálcio, saiba que existem muitos alimentos que não contêm lactose que também são excelentes fontes de cálcio. Exemplos incluem:
- Peixe como salmão ou sardinha
- Brócolos e vegetais verdes folhosos
- Laranjas
- Amêndoas, castanhas do Brasil e feijões secos
- Tofu
- Produtos com rótulos que mostram que adicionaram cálcio, como alguns cereais, sumos de frutas e leite de soja.
A vitamina D é igualmente fundamental para a sua saúde geral, pois ajuda o seu organismo a absorver e usar o cálcio. Por isso, deve privilegiar o consumo de alimentos que contenham vitamina D, nomeadamente ovos e determinados tipos de peixe, como salmão. Alguns cereais e sumos de laranja prontos para o consumo também têm vitamina D adicionada. Além disso, estar ao ar livre à luz do sol ajuda o seu organismo a produzir vitamina D.
Existe ainda a possibilidade de utilizar suplementos alimentares de cálcio e vitamina D, mas deverá primeiro conversar com o seu médico ou nutricionista.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
Downloads
Consulte os nossos guias para hábitos saudáveis: