Intolerância ao glúten: por que surge?

Nutrição e Fitness
Última atualização: 17/08/2022
  • O glúten é o conjunto das proteínas insolúveis presentes em vários cereais.
  • Quando o organismo é completamente intolerante ao glúten, estamos perante a doença celíaca, situação em que até o simples contacto com utensílios que tocaram alimentos com glúten pode afetar o doente.
  • É fundamental identificar os sintomas da intolerância ao glúten e da doença celíaca e se pertence a um grupo de risco, fazer o rastreio.
  • O diagnóstico é um passo fundamental para uma vida futura mais saudável.

Os alimentos sem glúten e as dietas que subtraem este elemento estão muito na moda. Saiba o que é o glúten, como pode afetar a sua saúde e a forma de saber se é ou não intolerante.

O que é o glúten?

O glúten é o conjunto das proteínas insolúveis presentes em vários cereais, sobretudo no trigo, no centeio e na cevada. Pode também ser encontrado noutros cereais como o malte, em menores quantidades.

Quando o contacto do glúten com o intestino provoca uma reação do sistema imunológico, estamos perante a doença celíaca. Neste caso, a intolerância ao glúten é total e permanente. Em certos casos, até o contacto com utensílios que tocaram alimentos com glúten pode afetar o doente.

Num doente celíaco, o glúten desencadeia uma reação imunológica contra o seu próprio intestino delgado, causando inflamações e lesões na mucosa. O intestino só regenera quando o glúten é totalmente eliminado da alimentação e, sempre que houver contacto, as inflamações regressam. Por isso é verdade quando se diz que um celíaco não pode ingerir nenhum alimento com trigo, centeio, cevada, malte ou qualquer outro ingrediente que contenha glúten.

Doença celíaca: Prevalência e incidência

Segundo a Celiac Disease Foundation, uma metanálise de 2018 revelou que a prevalência mundial atual da doença celíaca é de 1,4% com base em exames de sangue e 0,7% com base em resultados de biópsia. A prevalência foi maior em indivíduos do sexo feminino do que no masculino, e foi significativamente maior em crianças do que em adultos. 

Em Portugal, o estudo mais recente, também de 2018, obteve uma prevalência de 1:162 pelo que se estima que 1% da população portuguesa seja celíaca. Contudo, como salienta a Associação Portuguesa de Celíacos, crê-se que existam apenas cerca de 15.000 celíacos diagnosticados, o que indica que esta seja uma condição largamente subdiagnosticada. Assim sendo, e de acordo com aquela Associação, estima-se que existam entre 85.000 a 100.000 celíacos por diagnosticar em Portugal.

Atualmente, a incidência desta condição no nosso país é mais frequente em adultos do que em crianças e 25% dos novos casos diagnosticados ocorre em indivíduos com mais de 60 anos, concluindo a Associação Portuguesa de Celíacos, que “a doença celíaca já não é de todo uma patologia característica da pediatria, como antes se achava”.

Sintomas da intolerância ao glúten e da doença celíaca

Podem surgir consequências devido à ingestão de alimentos com glúten. O termo intolerância é usado quando há dificuldade na digestão do glúten. Assim, os sintomas mais frequentes desta intolerância alimentar verificam-se sobretudo a nível digestivo e intestinal e podem incluir:

  • Inchaço abdominal;
  • Dor de barriga;
  • Flatulência;
  • Prisão de ventre;

Indiretamente, e porque o funcionamento dos intestinos influencia praticamente todo o organismo, pode ainda surgir fadiga, irritabilidade ou dores de cabeça frequentes, entre outros sintomas. A intolerância ao glúten pode ser facilmente gerida bastando, na maioria das vezes, reduzir a ingestão dos alimentos com glúten tanto em frequência como em quantidade.

Algumas pessoas têm alergia ao trigo, que é erradamente confundida com a intolerância ao glúten. Os sintomas deste tipo de alergia incluem comichão, dores de estômago e o chamado pingo no nariz. Também pode causar eczema ou outros problemas de pele.

Já quanto existe uma intolerância total ao glúten (doença celíaca), os sintomas podem ser mais severos:

  • Nas crianças: Diarreia, flatulência, distensão abdominal, cólicas abdominais, gorgolejo, emagrecimento, desnutrição ou atraso decrescimento.
  • Nos adultos: Anemia, osteoporose marcada e /ou precoce, dermatite herpetiforme, estomatite aftosa recorrente, infertilidade e abortos recorrentes, alterações neurológicas e psiquiátricas ou alterações na função da tiroide.

Quem deve ser rastreado?

Além dos indivíduos com clínica compatível, a Associação Portuguesa de Celíacos, recomenda o rastreio a todos aqueles que apresentem doenças que, reconhecidamente, se relacionem com a doença celíaca, tais como:

  • Diabetes mellitus tipo 1;
  • Tiroidite autoimune / hipertiroidismo ou hipotiroidismo;
  • Dermite herpetiforme;
  • Ataxia;
  • Síndrome de Down, de Turner ou de Williams;
  • Deficiência seletiva de IgA.

Devem ainda ser rastreados os familiares de primeiro grau de celíacos (pais, irmãos ou filhos). Pois, de acordo com estudos realizados, o risco de reaparecimento da doença após o primeiro caso num dos pais ou irmãos é cerca de 10 vezes maior. Quando esta surge em parentes mais afastados, o risco tende a diminuir. Isto significa que se um membro tem a doença celíaca, é possível que 1 membro entre 10 membros também possa desenvolver a patologia.

Diagnóstico

Apenas um médico poderá fazer um diagnóstico correto e apurar se uma pessoa sofre de intolerância ao glúten ou mesmo de doença celíaca. Se pensa ter algum destes problemas, antes de eliminar o glúten da sua dieta consulte o seu médico pois o diagnóstico deve ser iniciado quando a pessoa ainda não está a fazer uma alimentação dieta isenta de glúten.

Segundo a Associação Portuguesa de Celíacos, antes de mais nada, o médico irá completar a observação clínica com um conjunto de análises que lhe permitam conhecer as consequências das perturbações da absorção intestinal. É frequente a apresentação de sintomas como perda de peso, anemia, baixa densidade mineral óssea e deficiências em vitaminas e minerais.

 

Por outro lado, quando o doente celíaco não faz dieta aparecem, por vezes, em circulação anticorpos contra os componentes do glúten que podem ser analisados (testes serológicos).

 

Para completa segurança será necessário analisar de forma direta o que se passa no intestino, a partir de fragmentos que se obtêm através de uma sonda especial conduzida sem dor até ao local que se quer estudar. A isto se chama biópsia, através da endoscopia digestiva alta, e é ela o passo fundamental do diagnóstico. Além disso, a os testes genéticos para pesquisa HLA DQ2 e HLA DQ8 são uma ferramenta útil no diagnóstico uma vez que valores negativos para ambos os marcadores indicam a exclusão da doença.

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