O essencial sobre as intolerâncias alimentares

Nutrição e Fitness
Última atualização: 13/04/2023
o-essencial-sobre-as-intolerncias-alimentares

Fala-se cada vez mais de alergias e intolerâncias aos alimentos, mas nem sempre é fácil perceber do que se trata exatamente. Explicamos-lhe o fundamental.

Nos últimos 15 anos os casos de alergias e intolerâncias alimentares estão a aumentar a nível global, estimando-se que até 20% da população mundial possa ter intolerância alimentar, o que justifica a preocupação com este tema. Falámos com a nutricionista Rita Talhas.

O que é, afinal, uma intolerância alimentar?

Uma intolerância alimentar ocorre quando o organismo é incapaz de metabolizar algumas substâncias dos alimentos, o que pode acontecer devido a um défice das enzimas responsáveis pela sua digestão.

Em geral, o problema está associado à absorção da lactose — o açúcar do leite, presente no leite de origem animal — e do glúten, uma proteína encontrada no trigo, aveia, centeio, cevada, kamut e espelta, explica a nutricionista Rita Talhas.

Além da deficiência enzimática pode haver outros tipos de intolerâncias como a conservantes alimentares (sulfitos, benzoato sódico e glutamato monossódico, por exemplo) ou a compostos naturalmente presentes nos alimentos, como a cafeína, os salicilatos, as aminas e o glutamato. Por outro lado, alimentos como os queijos curados, o vinho tinto e o chocolate, “por terem substâncias vasoconstritoras, podem provocar cefaleias, náuseas e tonturas em pessoas suscetíveis”, refere a nutricionista.

Sintomas mais comuns

Os sintomas mais comuns de uma intolerância alimentar incluem:

  • Distúrbios gastrointestinais, como diarreia e vómitos
  • Dores nas articulações
  • Edemas (inchaço)
  • Enxaquecas
  • Mal-estar geral
  • Fadiga
  • Erupções cutâneas

“Se o alimento é consumido muito ocasionalmente, os sintomas podem ser imediatos ou ocorrer poucas horas depois. Mas se forem de consumo regular, pode não haver reação imediata e sim uma sintomatologia crónica”, explica a nutricionista.

O que fazer?

Elaborar um diário alimentar pormenorizado, registando simultaneamente os sintomas, é o ponto de partida para identificar os alimentos responsáveis pelo problema. Um dietista ou nutricionista pode orientar uma dieta de exclusão alimentar que, normalmente, dura duas a seis semanas.

Depois, segundo Rita Talhas, “faz-se uma reintrodução progressiva de cada alimento de forma a chegar a um diagnóstico correto”. Havendo intolerância, a solução passa usualmente por excluir ou diminuir a quantidade do alimento responsável para minimizar a incidência e intensidade dos sintomas. Além disso, em alguns casos de deficiência enzimática é possível usar suplementos de uma enzima produzida industrialmente para ajudar na digestão.

A boa notícia é que, por vezes, a intolerância alimentar é temporária. Algumas desaparecem após se abdicar do consumo do alimento ou substância durante algum tempo. Em qualquer caso, é importante o acompanhamento de um nutricionista para evitar carências nutricionais que possam tornar-se graves.

Alergia ou intolerância?

De acordo com a nutricionista, a diferença é simples. “Na alergia dá-se uma ativação do sistema imunitário em resposta a determinadas substâncias. Nas intolerâncias, na maior parte das vezes existe uma deficiência de algumas enzimas. Esta deficiência não permite a digestão de certo alimento ou causa apenas uma reação fisiológica que não provoca ativação do sistema imunitário (que é o que carateriza a alergia)”.

Como tal, as consequências também são diferentes: na alergia, sempre que se come o alimento, mesmo que em pouca quantidade, há uma reação: urticária, inchaço nos lábios, olhos e orelhas ou, em casos extremos, uma reação anafilática que pode levar à morte. Já a intolerância pode ter vários graus e, nalguns casos, os sintomas só se manifestam quando o consumo é elevado.

Cinco intolerâncias alimentares mais comuns

1. Laticínios

A lactose é um açúcar encontrado no leite e produtos lácteos. Este é decomposto no corpo por uma enzima chamada lactase. A falta destas enzimas provoca uma incapacidade de digerir a lactose, resultando em sintomas digestivos.

Deverá evitar os laticínios e os seus derivados e optar por substitutos, como os leites vegetais.

2. Glúten

Glúten é o nome geral dado às proteínas encontradas no trigo, cevada e centeio. Várias condições estão relacionadas com o glúten, incluindo a doença celíaca, a sensibilidade ao glúten não celíaca e a alergia ao trigo.

Os sintomas da sensibilidade ao glúten não celíaca são semelhantes aos da doença celíaca e incluem:

  • Inchaço abdominal
  • Dor abdominal
  • Diarreia ou obstipação
  • Dores de cabeça
  • Fadiga
  • Dor nas articulações
  • Erupção cutânea
  • Depressão ou ansiedade

Tanto a doença celíaca quanto a sensibilidade ao glúten não celíaca são tratadas com uma dieta sem glúten, livre de alimentos e produtos que contenham glúten, incluindo:

  • Pão
  • Massa
  • Cereais
  • Cerveja
  • Bolachas
  • Molhos, especialmente molho de soja

3. Cafeína

A maioria dos adultos pode consumir com segurança até 400 mg de cafeína por dia sem efeitos colaterais. No entanto, algumas pessoas são mais sensíveis à cafeína e experimentam reações mesmo depois de consumir uma pequena quantidade. Essa hipersensibilidade à cafeína tem sido associada à genética, bem como à diminuição da capacidade de metabolizar e excretar a cafeína.

Pessoas com hipersensibilidade à cafeína podem apresentar os seguintes sintomas após consumir uma pequena quantidade :

  • Batimentos cardíacos rápidos
  • Ansiedade
  • Nervosismo
  • Insónia
  • Inquietação

Pessoas com sensibilidade à cafeína devem minimizar a sua ingestão evitando alimentos e bebidas que contenham cafeína, incluindo café, refrigerante, bebidas energéticas, chá e chocolate.

4. Sulfitos

Os sulfitos são produtos químicos usados principalmente como conservantes em alimentos, bebidas e alguns medicamentos. Também se encontram naturalmente em alguns alimentos como uvas e queijos envelhecidos. Além disso, são adicionados a alimentos como frutas secas para retardar o seu escurecimento e vinho para evitar a deterioração causada por bactérias.

A sensibilidade ao sulfito é mais comum em pessoas com asma, embora pessoas sem asma também possam ser intolerantes aos sulfitos. Os sintomas incluem:

  • Urticária
  • Inchaço cutâneo
  • Nariz entupido
  • Tensão arterial baixa
  • Diarreia

Alimentos que podem conter sulfitos:

  • Frutos secos
  • Vinho
  • Cidra de maçã
  • Legumes enlatados
  • Alimentos em conserva
  • Condimentos
  • Batata frita
  • Cerveja
  • Chá

5. Frutose

A frutose é um açúcar simples que se encontra em frutas e vegetais, além de adoçantes como mel, agave e xarope de milho rico em frutose. Em pessoas com intolerância à frutose, esta não é absorvida eficientemente no sangue. Em vez disso, a frutose mal absorvida viaja para o intestino grosso, onde é fermentada por bactérias intestinais, causando desconforto digestivo.

Os sintomas de má absorção de frutose incluem:

  • Refluxo gastroesofágico
  • Gases
  • Diarreia
  • Náuseas
  • Dor abdominal
  • Vómitos
  • Inchaço abdominal

Deve evitar o consumo dos seguintes alimentos ricos em frutose:

  • Refrigerantes
  • Maçãs
  • Sumo de maçã e cidra de maçã
  • Néctar de agave
  • Alimentos que contêm xarope de milho rico em frutose
  • Melancia, cerejas e peras

Este artigo foi útil?

Conselho cientifico

Conteúdo revisto

pelo Conselho Científico da AdvanceCare.

A presente informação não vincula a AdvanceCare a nenhum caso concreto e não dispensa a leitura dos contratos de seguros/planos de saúde nem a consulta de um médico e/ou especialista.

Downloads

Consulte os nossos guias para hábitos saudáveis:

Sympton Checker

Utilize a nossa ferramenta de diagnóstico de sintomas.

Programas AdvanceCare relacionados

Artigos relacionados