O impacto da menopausa na vida sexual do casal
- A menopausa acontece quando há uma queda da produção de estrogénios pelos ovários, hormonas que desempenham um papel fundamental para o funcionamento do organismo feminino.
- Quando a produção de estrogénios diminui é normal o surgimento dos sintomas associados à menopausa. Além dos afrontamentos, insónias e irritabilidade, nesta fase, a pele e as mucosas perdem hidratação e elasticidade, o que pode ter consequências a nível sexual.
- A diminuição do desejo, a atrofia vaginal e a incontinência urinária são alguns problemas que podem afetar a vida sexual do casal.
- É importante que saiba o que fazer para contornar esses sintomas, bem como conhecer algumas estratégias que podem melhorar a intimidade.
A menopausa é sinónimo de alterações no organismo feminino e representa o fim do período menstrual da mulher. Contudo, aliada a esta transformação, estão outras que têm repercussões tanto a nível físico e psicológico, afetando a vida a dois. Compreendê-las é o primeiro passo para transformar a menopausa numa nova etapa a nível sexual.
A menopausa caracteriza-se pela paragem da produção de estrogénios pelos ovários. Tendo estas hormonas um papel central para o funcionamento do organismo feminino, as consequências fazem-se sentir a diversos níveis, embora cada mulher seja afetada de forma particular.
Afrontamentos, insónias e irritabilidade são
algumas das manifestações mais comuns, mas esta é também uma fase em que o risco de osteoporose e de doença coronária aumentam e em que a pele e as mucosas perdem hidratação e elasticidade, o que pode ter consequências a nível sexual, nomeadamente:
Desejo
Devido à redução da produção de estrogénios, numa fase inicial o desejo pode aumentar, já que a produção de androgénios (hormonas masculinas) se mantém, bem como a sua função de promoção da libido. No entanto, tendo o desejo feminino uma forte componente psicológica, este efeito pode ser neutralizado por fatores psicológicos (por exemplo: preocupações a vários níveis, nomeadamente trabalho, idade, entre outros, a mulher estar convencida de que o desejo diminui, etc.), por fatores externos ou pela existência de doenças crónicas e pela toma de medicação (como os antidepressivos).
Atrofia genital
Esta resulta da falta de estrogénios e manifesta-se através de sintomas como a secura e a perda de elasticidade vaginal. Estes sintomas podem ainda ser responsáveis por dor ou hemorragia durante as relações sexuais (dispareunia) e infeções urinárias de repetição.
Incontinência urinária
A incontinência urinária é um problema que afeta cerca de um terço das mulheres com mais de 50 anos, segundo uma revisão recente sobre a menopausa, publicada no Przeglad Menopauzanly. De acordo a mesma revisão, os dados mais recentes mostram inclusivamente que “a incontinência em mulheres na pós-menopausa ocorre com mais frequência do que outras doenças da civilização, como diabetes, hipertensão ou depressão”.
De salientar que as perdas de urina podem ocorrer durante as relações sexuais, facto que pode dever-se ao
enfraquecimento da musculatura pélvica (sobretudo quando houve vários partos vaginais) e/ou a prolapso genital,
descida do útero, vagina, bexiga ou reto através da vagina.
O que pode fazer para contornar esses sintomas que afetam a vida sexual?
- Fale abertamente com um especialista sobre todas as alterações e preocupações que tenha. Além de avaliar a presença de infeções, ele poderá prescrever-lhe análises hormonais e avaliar as vantagens do tratamento hormonal para reduzir o impacto da menopausa. Deverá, ainda, avaliar as soluções para a incontinência urinária, que podem ser comportamentais ou passar pela medicação ou cirurgia pouco invasiva.
- Aceite o desejo sexual com naturalidade, sem o ocultar ou coibir. Comunique abertamente com o seu parceiro e aproveite esta etapa para se reaproximar dele, reservando tempo para si e para estarem juntos.
- Use lubrificante para reduzir o desconforto e a secura vaginal. Opte por um à base de água e sem glicerina, que pode provocar irritação. Outra opção é recorrer à aplicação local de um creme, anel ou comprimidos com estrogénios ou progesterona.
- Proteja-se das doenças sexualmente transmissíveis. O facto de já não poder engravidar pode contribuir para uma maior libertação sexual da mulher, mas é importante ter em mente que a secura vaginal aumenta a suscetibilidade para infeções, pelo que é ainda mais importante usar preservativo e garantir que o parceiro sexual é saudável.
- Fortaleça a musculatura pélvica praticando exercícios de Kegel: contraia os músculos que usa para parar de urinar durante 5 a 10 segundos e relaxe durante o mesmo tempo; faça 3 séries de 10 exercícios por dia. As aulas de Pilates também podem ser muito eficazes.
- Pratique exercício físico. Além do efeito global de melhoria da saúde e bem-estar, ajuda a manter o peso, contrariando a maior tendência para acumulação de gordura própria da menopausa, sendo um excelente aliado da autoestima e, assim, da libido.
Estratégias para melhorar a intimidade com o seu companheiro
Mesmo que o seu desejo sexual tenha diminuído, ainda pode demonstrar o amor e o carinho que sente pelo seu companheiro, sem que isso implique fazer sexo. Reserve um tempo para a intimidade e aproveite o tempo que passam juntos para realmente desfrutar, fazendo por exemplo uma caminhada, um jantar à luz de velas ou surpreendê-lo com uma sessão de massagens.
Além disso, deixamos-lhe outras dicas que podem melhorar a sua intimidade:
- Considere experimentar vídeos ou livros eróticos, masturbação e mudanças nas rotinas sexuais. Porque não?
- Use técnicas de distração para aumentar o relaxamento e aliviar a ansiedade. Estas podem incluir fantasias eróticas ou não eróticas, exercícios com sexo e música, vídeos ou televisão.
- Divirta-se com as preliminares, como uma massagem sensual. Estes podem fazer com que se sinta mais confortável e favorecer a comunicação entre o casal.
- Não se iniba! Diga ao seu parceiro o que é confortável e o que não é na relação sexual. O importante é que se sinta confortável.
A mente tem um papel central na sexualidade, pelo que além das alterações fisiológicas que ocorrem na menopausa, é muito importante a forma como a mulher as encara. Estar a par das alterações que ocorrem e das formas de lhes fazer face pode fazer a diferença para o bem-estar sexual nesta nova etapa da vida, que deve ser serena e tranquila.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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