Obstipação: o que é?
- A obstipação está normalmente associada a maus hábitos alimentares, falta de exercício físico e/ou alterações emocionais.
- A baixa ingestão de fibras é a causa mais comum para o surgimento da obstipação.
- Os sintomas mais frequentes incluem a dificuldade na eliminação de fezes, uma evacuação pouco frequente e persistência da sensação da vontade de evacuar.
- O tratamento desta perturbação intestinal passa pela adoção de uma rotina de vida com hábitos mais saudáveis.
É difícil encontrar quem nunca tenha sofrido de obstipação, também conhecida como prisão de ventre ou intestino preso. Neste artigo, veja como pode melhorar o seu estilo de vida para que deixe de sofrer desta perturbação intestinal.
O que é a obstipação?
A obstipação é uma perturbação intestinal frequente, causada, em geral, por maus hábitos alimentares, falta de exercício físico e/ou alterações emocionais. Os sintomas são: dificuldade na eliminação de fezes, evacuação pouco frequente e persistência da sensação da vontade de evacuar, mesmo após tê-la feito.A evacuação “normal” é feita sem muito esforço, sem dor, aproximadamente quatro vezes por semana. Independentemente do seu padrão intestinal, a verdade é que, “quanto mais tempo demorar antes de conseguir ir à casa de banho, mais difícil se tornará a passagem das fezes”.
Quem é mais afetado?
Pessoas de todas as idades podem sofrer ocasionalmente de obstipação. Contudo, como observa a Cleveland Clinic, existem dois tipos de situações que favorecem o surgimento da obstipação crónica:
- Ser idoso. As pessoas mais velhas tendem a ser menos ativas, têm um metabolismo mais lento e menos força de contração muscular ao longo do trato digestivo do que quando eram mais jovens.
- Ser mulher, especialmente durante a gravidez e após o parto. As mudanças hormonais tornam a mulher mais propensa à obstipação. O bebé dentro do útero pressiona os intestinos, retardando a passagem das fezes.
A “prisão de ventre” pode ter inúmeras causas:
Além disso, esta é uma condição que pode ter várias causas associadas, nomeadamente:
- Lesões do tubo digestivo (tumores, aderências, etc.).
- Lesões orgânicas inflamatórias ou tumorais (colite ulcerosa, doença de Crohn, tuberculose intestinal, fissura anal, hemorroidas).
- Comprometimento dos nervos por neuropatias previamente estabelecidas (diabetes, hiperparatiroidismo e hipotiroidismo).
- Alterações do sistema nervoso central (traumatismos cranianos, tumores cerebrais, doença de Parkinson, esclerose múltipla).
- Doenças psiquiátricas e congénitas e principalmente a baixa ingestão de fibras.
Falta de ingestão de fibras é a causa mais frequente
A baixa ingestão de fibras é, sem sombra de dúvida, a causa mais frequente da obstipação. Nos dias de hoje, as pessoas ingerem cada vez menos fibras. Internacionalmente recomenda-se um consumo médio diário de 20 a 35 gramas. Contudo, dificilmente se ultrapassa 12 gramas por dia, como salienta a Patient. Ao baixo consumo de fibras aliam-se ainda outros fatores, como: ingestão de alimentos que deixam poucos resíduos (carnes, ovos, peixes grelhados, pão branco e arroz), vida sedentária, retenção da vontade de evacuar (habitualmente por falta de tempo, falta de condições ou por vergonha) e o uso indiscriminado de laxantes.
Sintomas e complicações
Além do desconforto causado, a obstipação conduz a uma maior retenção de gases, com distensão e dor abdominal, podendo levar à formação de fecaloma (as fezes tornam-se duras, exigindo assistência médica) e ao agravamento de doenças como hemorroidas, trombose hemorroidária e fissura anal aguda. Relativamente ao uso de laxantes, todos são prejudiciais. Na sua maioria, revelam-se nocivos à mucosa do cólon devido ao seu efeito de irritação. O uso abusivo e prolongado pode criar uma inércia intestinal e o órgão passa a funcionar somente com a ingestão de doses cada vez mais elevadas. O seu uso contínuo pode levar à desidratação e ao desequilíbrio de sais minerais, entre outras consequências.
Como tratar
De uma forma geral, obtém-se uma grande melhoria ao optar pela adoção de uma dieta diária rica em fibras e resíduos. Para que isso se concretize, recomenda-se a ingestão de legumes, verduras cruas, alguns tipos de fruta, pão integral, farelo de trigo e aveia, e dois a três litros de líquidos por dia. Em paralelo, deve criar-se o hábito da prática regular de exercício físico (que estimula a função intestinal) e de um horário para ir à casa de banho, de preferência após alguma refeição. Ao adotar estas medidas está também a contribuir para a diminuição dos níveis de colesterol. Lembre-se que quanto mais cedo iniciar um tratamento, mais rápida será a melhora. Por si só, a obstipação não é uma doença mas um sintoma que pode levar a outras patologias intestinais, como diverticulite, apendicite e até cancro do cólon. Assim, pessoas com obstipação crónica, dependentes de laxantes, que apresentem alterações no ritmo de funcionamento intestinal, perda de sangue nas evacuações, afilamento fecal, e falsa vontade de evacuar, devem procurar ajuda médica.
A melhor solução para tratar da obstipação poderá começar a fazer exercício físico e ter uma boa alimentação que contenha uma boa percentagem de fibras.
Converse naturalmente com o seu médico
Conversar com o seu médico — ou qualquer pessoa — sobre os seus movimentos intestinais (ou a falta deles) não é o mais agradável dos tópicos. Mas, saiba que os médicos são profissionais de saúde treinados para abordar e discutir praticamente todos os tópicos de saúde com os seus pacientes.
Por isso, se não está a conseguir prevenir ou tratar a obstipação, consulte o médico. Na consulta, é natural que este lhe faça perguntas sobre o seu histórico médico, movimentos intestinais e o seu estilo de vida e rotinas.
Histórico médico
- Quais são suas doenças/condições de saúde atuais e passadas?
- Perdeu ou ganhou algum peso recentemente?
- Já fez alguma cirurgia do trato digestivo anterior?
- Que medicamentos e suplementos toma para outros distúrbios e para o alívio da obstipação?
- Alguém na sua família também sofre de obstipação ou doenças do trato digestivo ou histórico de cancro do cólon?
- Já fez alguma colonoscopia?
História do movimento intestinal
- Com que frequência evacua?
- Qual o aspeto das suas fezes?
- Se notou algum sangue nas suas fezes?
- Se notou sangue na sanita ou no papel higiénico depois de se limpar?
Hábitos e rotinas de estilo de vida
- Que alimentos e bebidas ingere?
- Qual é a sua rotina de exercícios?
Exame físico
O seu médico também realizará um exame físico, que inclui a verificação dos seus sinais vitais (temperatura, pulso, pressão arterial). Este fará igualmente uma palpação do seu abdómen para verificar se há dor, sensibilidade, inchaço ou caroços.
O médico poderá ainda considerar necessária a realização de um exame retal de forma a verificar a existência de alguma massa atípica.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
Downloads
Consulte os nossos guias para hábitos saudáveis: