Proteja-se do melanoma
- O melanoma é o tipo de cancro da pele mais perigoso que, apesar de ter uma incidência baixa em Portugal, devemos ter em consideração.
- O diagnóstico precoce é muito importante neste caso, portanto, devemos estar atentos a sinais de alarme.
- O tipo de pele de cada um e a quantidade de queimaduras que uma pessoa apanhou são fatores de risco para desenvolver este cancro.
- Ao notar algum sinal de alarme na sua pele, deve notificar o seu médico numa consulta.
- Saiba como aplica a regra ABCDE na vigilância dos seus sinais.
A pele é o maior órgão humano e devemos cuidar dela diariamente. No entanto, a prevenção no verão assume particular importância. O melanoma é o cancro de pele mais agressivo e grave, mas o diagnóstico precoce pode ser sinónimo de cura.
A forma mais perigosa de cancro de pele
O melanoma é um tumor maligno que surge sobretudo em pessoas na faixa etária entre os 40 e os 55 anos e deriva “dos monócitos, que são as células produtoras do pigmento da pele (da melanina) que confere o bronzeado”, começa por explicar João Abel Amaro, especialista em dermatologia.
Apesar de Portugal ter uma incidência mais baixa de melanoma quando comparado com outros países, é preciso estar atento. “As taxas de melanoma no nosso país são das mais baixas da Europa. Segundo o nosso registo oncológico, temos entre os 6 e os 8 novos casos por cada 100 mil. Já nos países nórdicos a taxa sobe, fixando-se entre os 15 e os 16 novos casos por cada 100 mil, sobretudo pelo facto das pessoas terem um tipo de pele mais sensível que a nossa”, refere o especialista. Em números redondos, pode afirmar-se que surgem “cerca de 800 novos casos em Portugal por ano”.
Importância do diagnóstico precoce
Quando se fala de melanoma, a má notícia é que o tratamento é muito complicado e “as taxas de sobrevivência baixas” quando o diagnóstico não é precoce. É por isso, que é cada vez mais importante estar atento aos sinais de alarme e acompanhar as campanhas de informação e de prevenção que vão surgindo em vários pontos do país.
“Muitas vezes o diagnóstico precoce pode ser o equivalente à cura”, sendo esta a boa notícia perante um mau prognóstico relacionado com a patologia. Existem ainda outros tipos de cancro de pele a que é preciso estar atento, pois a sua frequência é maior que o aparecimento do melanoma.
São aqueles que estão sobretudo ligados “à exposição prolongada ou crónica ao sol e/ou ao envelhecimento da pele” e surgem maioritariamente em pessoas com profissões que as obrigam a exporem-se demasiado, como por exemplo, agricultores, pescadores, trabalhadores da construção civil ou desportistas/atletas que praticam desportos ao ar livre de forma prolongada. Na verdade, o melanoma tem vindo a acentuar-se bastante nos últimos 40 anos, realidade associada sobretudo “às mudanças dos hábitos de vida”, sublinha o dermatologista.
Fatores de risco
João Abel Amaro adianta que “as pessoas que têm a pele muito clara, com tendência para sardas, que fica facilmente vermelha e bronzeia dificilmente, são consideradas pessoas de risco, assim como as pessoas que têm muitos sinais de cor preta (nevos melanocíticos)”. Ainda que nem todos os sinais de cor preta tenham obrigatoriamente que degenerar em cancro, “podem ser considerados marcadores de risco”. O risco aumenta quanto mais nevos a pessoa tiver.
“O melanoma pode aparecer num sinal preexistente que degenerou, o que só acontece em 1/3 dos casos. Em cerca de 2/3 dos casos o sinal aparece de novo, numa pele aparentemente sã. Surge uma espécie de pinta preta que a pessoa não tinha e que começa a crescer com alguma rapidez, de uma forma irregular, o que deve servir de alerta. No entanto, sinais de cor preta são absolutamente normais em 99% dos casos”, clarifica João Abel Amaro. Sabe-se que um dos fatores que pode predispor para o aparecimento do melanoma mais tarde são o número de queimaduras solares na infância, segundo a Fundação do Cancro da Pele. “Os escaldões aumentam muito o risco de uma pessoa vir a sofrer da doença 20 a 30 anos mais tarde.”
Sinais de alarme
Nos cancros de pele mais frequentes, “há uma ligação diretamente proporcional entre o aparecimento de novas lesões (quer lesões pré-cancerosas, quer cancerosas) e a dose cumulativa total da radiação solar recebida ao longo da vida. Já no caso do melanoma há a influência relevante de predisposição genética”, diz-nos o especialista.
O mais importante é estar atento aos seus sinais, sobretudo aos que não são fisiológicos, normais e caraterísticos do crescimento. “Outros sinais vão crescendo ou alterando, por exemplo, por altura da gravidez devido a questões hormonais, mas este fator não aumenta o risco.” Mais tarde, por volta dos 50, 60 anos, muitos desses sinais podem até regredir ou ficar mais claros, dando lugar às chamadas verrugas.
Consultar o médico
“Em caso de dúvida, se tiver muitos sinais deve consultar um médico dermatologista que é o especialista que pode indicar se existem alguns que são só para vigiar, se tem algum sinal suspeito para extrair ou se há sinais absolutamente inofensivos com que não tem de se preocupar”, sugere João Abel Amaro.
Em caso de diagnóstico de sinais atípicos numa consulta regular, é recorrente que o médico os fotografe e acompanhe a sua evolução. “Quando as pessoas estão devidamente alertadas conseguem perceber que algo se alterou”, indica o dermatologista.
Os adolescentes que tenham muitos sinais devem ser vistos pelo menos uma vez por ano, caso tenham sinais que justifiquem alguma vigilância. “No entanto, podem ter sinais absolutamente inofensivos que não justifiquem uma visita anual.” Tudo depende de cada caso. Se existirem antecedentes de melanoma na família, os familiares diretos devem ser observados. “Se a mãe ou o pai tiveram melanoma, os filhos devem ser avaliados para se perceber se têm fatores de risco”, adianta João Abel Amaro.
A regra ABCDE
É uma regra muito simples e que pode servir de alerta ao leitor. Há que estar atento a um sinal que se tenha alterado recentemente ou que surgiu há pouco tempo. “Se se alterou, há que verificar se o seu contorno é irregular, se tem uma cor sobretudo negra, não uniforme, e o diâmetro de uma esferográfica ou de um pionés. Também é importante verificar se o sinal não é plano e se ganhou relevo”, explica o especialista. Explicamos-lhe como pode aplicar a regra ABCDE na vigilância dos seus sinais (ainda que não deva ser aplicada aos sinais de nascença).
Assimetria
Trace um eixo vertical ou horizontal e verifique se uma metade é completamente
diferente da outra porque os sinais benignos são, por norma, redondos e absolutamente simétricos.
Bordo
Quando o sinal tem um bordo irregular ou mal definido.
Cor
Quando um mesmo sinal varia entre o negro, o azulado, o castanho e o acinzentado.
Diâmetro
Sinais com mais de 6,7 milímetros devem ser analisados.
Evolução
Significa que o sinal se alterou recentemente, por exemplo, na sua espessura.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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