Quando as crianças ressonam

Maternidade
Última atualização: 20/07/2022
  • O ressonar é um ruído que traduz a pressão que o ar exerce na faringe e, apesar de ser algo comum, pode também ser um sinal de que algo não está bem com o seu filho.
  • Existem vários tipos de ressonar, mas o importante é ter em atenção os sinais de alarme.
  • A Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono atinge cerca de um quinto das crianças que ressonam, o que a torna a perturbação respiratória do sono mais frequente.
  • Atualmente, existem vários tratamentos para solucionar este problema, mas o melhor é informar-se com um especialista e perceber qual a causa do ressonar do seu filho..
quando as crianças ressonam

Na origem da roncopatia infantil podem estar circunstâncias passageiras que não merecem cuidados especiais ou situações como a apneia do sono, que exigem tratamento específico. Neste artigo ensinamos a analisar o ressonar da criança e a perceber quando deve levar o seu filho a um especialista.

O ressonar corresponde ao ruído produzido, durante o sono, pela vibração do ar na faringe e deve-se a um aumento da resistência à passagem do ar nas vias aéreas. Segundo a Associação Portuguesa do Sono (APS), afeta 10 a 15% das crianças e, muitas vezes, não é devidamente valorizado.

Este aumento de resistência está na maioria das vezes relacionado com o aumento das dimensões das adenoides e das amígdalas. Mas, na origem desta perturbação do sono podem estar circunstâncias tão variadas como: constipações, desvios do septo nasal, alergiasasma ou sinusite crónica, malformações crânio-encefálicas ou obesidade infantil. Em suma, desde situações que levam à obstrução temporária das vias aéreas até aos quadros que merecem estudo e tratamento. Importa, pois, saber distingui-los.

Sinais de alarme

O facto de o ressonar ser habitual, é o primeiro indicador de que deve ser reportado ao seu médico, mas segundo a APS deve ser ainda mais valorizado se acompanhado de sinais como:

> Pausas respiratórias (apneias).
> Respiração ruidosa ou pela boca.
> Esforço respiratório.
> Sono agitado.
> Transpiração excessiva.
> Enurese noturna (perda de urina).
> Sonambulismo.
> Pesadelos.
> Dormir em posições estranhas e/ou queixas de insónia.

Outros sinais associados importantes manifestam-se durante o dia. É o caso da dificuldade ao acordar, dor de cabeça ou falta de apetite de manhã, sonolência excessiva (por exemplo, adormecer na escola) e alterações de comportamento (irritabilidade, hiperatividade ou agressividade, dificuldades de aprendizagem).

Causas e soluções

Perante as queixas, compete ao médico investigar a presença de fatores de risco de perturbação respiratória do sono, incluindo palato ogivado (céu da boca estreito e profundo), queixo pequeno ou recuado, dentição apinhada e, mais frequentemente, o aumento das dimensões das amígdalas e adenoides.

Com uma função na proteção contra infeções, as amígdalas e adenoides podem sofrer infeções por vírus ou bactérias. Tanto as amigdalites (que provocam dores de garganta, dificuldade em engolir, febre e aumento dos gânglios do pescoço) como as adenoidites (que se manifestam por febre, rinorreia purulenta e obstrução nasal) podem provocar rouquidão, mas são situações passageiras, tratadas habitualmente com anti-inflamatórios ou antibióticos.

Pelo contrário, o crescimento das amígdalas e adenoides, que atinge o pico entre os 3 e os 10 anos, é uma causa persistente de ressonar nas crianças e requer remoção cirúrgica quando o tratamento médico com corticoides nasais e anti-histamínicos orais não é suficiente. Podem também provocar sinusiteotites  de repetição e diminuição da capacidade auditiva, além de ser a principal causa de apneia do sono.

Apneia do sono

A Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) atinge, segundo aAPS, cerca de um quinto das crianças que ressonam, o que a torna a perturbação respiratória do sono mais frequente.

Caracterizada pela obstrução parcial ou total da passagem do ar nas vias aéreas superiores, provoca despertares durante a noite e, assim, a fragmentação do sono, diminuição do oxigénio e aumento do dióxido de carbono no organismo, que podem comprometer funções fulcrais como o desenvolvimento cerebral, a consolidação da memória e a capacidade de aprendizagem. Envolve, ainda, riscos metabólicos e cardiovasculares que se prolongam até à idade adulta, incluindo o de hipertensão arterial.

O diagnóstico pode ser só clínico ou requerer recurso a um estudo poligráfico do sono, um exame realizado num laboratório do sono durante uma noite inteira que permite avaliar a respiração e a atividade cerebral, muscular e cardíaca, entre outros parâmetros.

Tratamento depende das causas

A forma de tratamento depende das causas que estão na origem do ressonar: além do aumento dos adenoides e amígdalas, a SAOS pode ter origem em problemas que requerem correção dos dentes e maxilares, na rinite alérgica e/ou no excesso de peso ou obesidade, situação em que pode resolver-se através da adoção de uma dieta adequada e da prática de exercício físico. Em situações específicas, recorre-se à ventilação não invasiva (uso de uma máscara nasal ou oro-nasal com ventilador para auxiliar a respiração durante a noite).

Mesmo depois do tratamento a criança deve ser observada

Mesmo depois do tratamento, é fundamental levar novamente a criança ao médico, pois esta poderá continuar a respirar pela boca e nunca respirar pelo nariz durante a noite e até durante o dia. Esta respiração bucal terá consequências no desenvolvimento e crescimento do rosto e dos dentes. Poderá conduzir ao reaparecimento da perturbação respiratória do sono, com recorrência dos sintomas, ao desenvolvimento de novos problemas com impacto no desempenho escolar, comportamento e alergia.

O tratamento precoce dos sintomas associados ao ressonar é importante na promoção de um crescimento e desenvolvimento adequados da criança e ainda evitar consequências tardias.

Higiene do Sono é fundamental

Mesmo que seja uma medida não curativa, a Sleep Foundation considera que uma maneira de ajudar as crianças a dormir melhor é tomar medidas para melhorar sua higiene do sono, o que inclui os hábitos relacionados com o sono e com o meu ambiente.

Exemplos de melhorias na higiene do sono incluem definir um horário de sono consistente, reduzir a exposição à luz e o tempo à frente de ecrãs antes de dormir e configurar o quarto para ser o mais silencioso e confortável possível.

Mesmo não sendo tratamentos médicos, estas medidas podem ser benéficas, até porque nas crianças que ressonam, a má higiene do sono pode exacerbar o risco de sono fragmentado e problemas correspondentes relacionados com o comportamento, mente e saúde.

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pelo Conselho Científico da AdvanceCare.

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