Ressona muito?
- A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) carateriza-se por paragens respiratórias de 10 a 30 segundos, durante o sono, devido a obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores.
- A sua incidência tem vindo a aumentar, afetando mais os homens do que as mulheres, e pode provocar várias complicações ao nível da saúde.
- O seu diagnóstico exige a realização de análises e de vários exames complementares, mas felizmente tem tratamento, que varia de acordo com a causa subjacente e da sua gravidade.
Passa o dia a bocejar? O seu cônjuge queixa-se do seu ressonar intenso? Por vezes, enquanto dorme, não consegue respirar? Já pensou que pode ter apneia do sono? Não se assuste, este problema tem solução.
O que é a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono?
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono, mais conhecida por SAOS, carateriza-se por paragens respiratórias de 10 a 30 segundos, durante o sono, devido a obstrução parcial (hipopneia) ou completa (apneia) das vias aéreas superiores.
Quem é mais afetado?
Evidências recentes revelam que a incidência da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) tem vindo a aumentar. Estima-se que um sétimo da população adulta mundial, ou aproximadamente um bilião de pessoas, sofra de SAOS, afetando 4% dos homens e 2% das mulheres.
Efeitos da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono provoca alterações cardiorrespiratórias e neurocognitivas. A nível sanguíneo,
a diminuição do oxigénio e o aumento do dióxido de carbono levam a alterações na circulação pulmonar e na circulação
sistémica e, neste último caso, desencadeiam a hipertensão arterial. O aumento do tónus
cardíaco conduz a arritmias cardíacas e a ausência de ventilação adequada leva a despertares frequentes com
fragmentação do sono.
Outras complicações decorrentes da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono são os
acidentes de viação ou de trabalho, por sonolência ou falta de atenção.
Diagnóstico
O seu diagnóstico baseia-se na presença de sintomas que sugerem a doença e implica a realização de exames
complementares de diagnóstico.
O médico deverá prestar especial atenção ao peso, perímetro de pescoço,
observação da boca (tamanho da língua, tamanho das amígdalas, observação de palato mole) e medição da tensão
arterial.
Numa abordagem inicial, os exames complementares que devem ser solicitados são:
- Análises ao sangue (hemograma, função da hormona tiroideia).
- Raio-x do tórax.
- Raio-x da região cervical (ou eventual TAC à faringe).
- Raio-x dos seios perinasais.
- Eletrocardiograma (e eventual ecocardiograma).
- Estudo polisonográfico do sono (exame essencial para o diagnóstico e avaliação da gravidade desta doença).
Como tratar
O tratamento da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono depende da causa da doença e da gravidade da mesma. As medidas terapêuticas podem organizar-se da seguinte forma:
1. Medidas gerais
Devem ser adotadas por todos os doentes com Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono e visam diminuir ou eliminar os fatores de risco para apneia durante o sono:
- Evitar bebidas alcoólicas.
- Evitar o uso de medicamentos para dormir.
- Perder o excesso de peso.
- Praticar exercício físico.
- Adotar um estilo de vida saudável.
- Evitar dormir de barriga para cima.
- Assegurar que se dorme um número de horas suficiente.
2. Medidas farmacológicas
De uma forma geral, não são adotadas medidas farmacológicas, a não ser no tratamento do hipotiroidismo quando este é a causa da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono.
3. Máscara nasal CPAP
É o tratamento específico mais frequente e eficaz para a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono e deve ser prescrito por um pneumologista, neurologista ou otorrinolaringologista. CPAP significa Continuous Postive Airway Pressure (pressão positiva continua das vias aéreas). Trata-se de um ventilador do tamanho de uma caixa de sapatos, podendo em alguns casos ser até mais pequena, que se liga a uma máscara nasal e/ou bucal através de um tubo flexível. Aconselha-se o uso de Continuous Positive Airway Pressure durante toda a noite.
Como funciona
O Continuous Positive Airway Pressure funciona de modo a “empurrar” ar para as vias aéreas com uma pressão contínua suficiente para impedir as apneias. A pressão é aferida de acordo com o grau de apneia de sono de cada doente. Desta forma, este respira melhor, o que permite um sono mais reparador e uma melhor qualidade de vida.
Inconvenientes
O ruído do ventilador, a obstrução nasal, fugas de ar pela máscara ou a marca da máscara no rosto são uns dos inconvenientes do Continuous Positive Airway Pressure. É útil haver um período de adaptação à máscara nasal antes do início do tratamento, devendo a escolha do tipo de máscara e dos seus acessórios ser personalizada.
4. Medidas cirúrgicas
A cirurgia não é um tratamento de primeira linha. O seu objetivo é abrir as vias aéreas o suficiente, de modo a eliminar ou a reduzir a obstrução a um nível clínico insignificante. A cirurgia mais frequente, a uvulopalatofaringoplastia (UVFP) consiste, muitas vezes, na reconstrução das partes moles (como a úvula e o céu da boca) ou das partes ósseas (maxilar inferior) da garganta. É realizada por otorrinolaringologistas e cirurgiões maxilofaciais.
Indicações
O sucesso da cirurgia é maior nos doentes com alterações exclusivamente na parte superior da garganta. Os indivíduos jovens e magros são, provavelmente, os melhores candidatos cirúrgicos. Nos doentes muito obesos e com um elevado nível de apneias, o Continuous Positive Airway Pressure nasal é a única terapêutica eficaz. Nas crianças, a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono decorre habitualmente de alterações anatómicas (amígdalas e adenoides aumentados ou alterações da configuração óssea da face), pelo que quase sempre têm indicação cirúrgica.
Após a cirurgia
É importante avaliar a existência de eventual doença residual, devendo o acompanhamento ser feito a longo prazo. Poderá acontecer que a pessoa deixe de ressonar mas mantenha apneias que serão responsáveis pelo sono não reparador e sonolência diurna.
5. Prótese bucal
Com indicações muito específicas, é um dispositivo que se coloca na boca com o objetivo de aumentar a via aérea superior durante o sono e, assim, eliminar a obstrução.
Saiba mais…
O tratamento mais adequado para um doente com Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono pode variar ao longo do tempo, particularmente se este perder peso ou se os seus sintomas diminuírem ou desaparecerem, pelo que é necessário haver um acompanhamento médico a longo prazo.
Fatores de risco
- Ser do sexo masculino.
- Ser obeso/a.
- Idade (>50 – 55 anos).
- Alterações craniofaciais (como o encurtamento do maxilar inferior).
- Perímetro do pescoço aumentado (superior a 42 cm no homem e, na mulher, superior a 40 cm).
- Consumo de álcool e sedativos.
- História familiar de Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono.
- Nas crianças, o aumento das amígdalas e adenoides e a obstrução nasal.
Sintomas frequentes
A roncopatia (ressonar intenso), a sensação de sono não reparador e as pausas respiratórias.
Queixas diurnas mais comuns
- Sonolência excessiva.
- Cefaleias.
- Irritabilidade.
- Dificuldade na concentração e alteração de memória.
- Impotência sexual.
- Secura da boca.
4 razões para consultar o médico
Marque uma consulta para avaliação de possível Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono se tem:
- Sono excessivo durante o dia.
- Ressonar persistente.
- Se notar que para de respirar durante a noite.
- Se quer voltar a dormir bem e a sentir-se enérgico durante o dia.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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