Sabe por que razão a incontinência urinária afeta mais as mulheres?

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Última atualização: 15/12/2022
  • A incontinência urinária traduz-se na perda acidental de urina.
  • Cerca de 600 mil portugueses têm incontinência urinária, sendo especialmente comum em mulheres em idade avançada.
  • A taxa de cura da incontinência urinária é de 90%. Mudança de comportamentos, prática de exercício, medicação e cirurgia são alguns dos tratamentos disponíveis para gerir a incontinência urinária.
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A incontinência urinária caracteriza-se pela perda involuntária de urina. Mais de 600 mil portugueses lidam com a incontinência urinária, que afeta 20% da população portuguesa com mais de 40 anos. Isto significa que 1 em cada 5 portugueses acima dos 40 anos sofrem da doença.

As mulheres são as mais afetadas, numa proporção de 3 mulheres para cada homem na faixa etária dos 45 aos 65 anos. Isto é motivado por diversos fatores: a anatomia do sistema urinário feminino, por exemplo, torna-as mais suscetíveis a estes problemas, a par de eventos particulares da vida da mulher, como a gravidez, parto e menopausa, que afetam a bexiga, uretra, assim como os músculos que suportam estes órgãos.

A incontinência urinária é muito comum?

A incontinência urinária tende a ser pouco falada e é, portanto, difícil determinar a prevalência real. Porém, de acordo com a Sociedade Portuguesa de Ginecologia estima‑se que cerca de 50% das mulheres sofram de incontinência urinária, mas estima-se que apenas 25 a 61% destas procurem tratamento.

Porque afeta mais as mulheres?

Um dos motivos para a especial suscetibilidade das mulheres à incontinência urinária prende-se com as características do sistema urinário feminino. De notar em particular, os ureteres, que transportam a urina da bexiga para a uretra para que seja expelida, são mais curtos na mulher do que no homem. Como resultado, a distância entre a bexiga e a uretra é também mais curta, sendo mais difícil que os músculos da zona pélvica consigam parar o fluxo de urina.

A gravidez ou o parto podem interferir?

A incontinência urinária pode afetar até 50% das mulheres durante a gravidez, prolongando-se por vezes no pós-parto. Isto deve-se à ação da musculatura do pavimento pélvico que desempenha um papel importante no controlo do fluxo de urina, sendo normalmente capaz de parar o fluxo ou a urina durante a micção. Se estes músculos estiverem enfraquecidos, como acontece durante este período, pode dar origem a situações de incontinência urinária.

E a menopausa?

A menopausa surge associada à redução da quantidade de estrogénio, traduzindo-se numa maior secura e menor elasticidade da zona genital e trato urinário. A isto soma-se também a maior fragilidade dos músculos do pavimento pélvico, aumentando o risco de incontinência urinária e de sensações de urgência. Uma vez que a idade média de entrada na menopausa ocorre aos 51 anos, muitas destas mulheres passaram também por gravidezes e partos, o que potencia o aparecimento desta doença.

Que outras causas podem estar por trás da incontinência urinária?

Outros fatores podem estar também associados à incontinência urinária. São exemplo disso:

  • Excesso de peso. O excesso de peso exerce pressão sobre a bexiga, o que pode enfraquecer os músculos e assim contribuir para a dificuldade em reter urina.
  • Obstipação. A obstipação pode colocar stress ou pressão sobre a bexiga e os músculos do pavimento pélvico. Isto enfraquece os músculos e pode causar incontinência urinária ou fugas.
  • Danos nos nervos. O parto e problemas de saúde como diabetes e esclerose múltipla podem causar danos nos nervos da bexiga, uretra, ou músculos do pavimento pélvico, interferindo com o correto funcionamento do sistema urinário.
  • Cirurgia. Qualquer cirurgia que envolva os órgãos reprodutores da mulher, tal como uma histerectomia, pode danificar os músculos do pavimento pélvico. Se os músculos do pavimento pélvico forem danificados, isto pode causar incontinência urinária.

Por vezes a incontinência urinária é apenas temporária e está associada a ocorrências particulares como:

  • A toma de certos medicamentos. A incontinência urinária pode ser um efeito secundário de medicamentos como os diuréticos - muito utilizados para tratar a insuficiência cardíaca, hipertensão e certas doenças renais - e desaparece frequentemente quando se deixa de tomar o medicamento.
  • Consumo de cafeína ou alimentos ácidos. As bebidas com cafeína ou especialmente ácidas podem provocar inflamação da bexiga ou o seu enchimento rápido, causando perdas de urina. Limitar o consumo destes alimentos pode ser a solução.
  • Infeções. As infeções do trato urinário podem causar incontinência durante um curto período – ou até, no caso de infeções recorrentes, estar na origem de situações mais prolongadas de incontinência urinária. Ainda assim, o controlo da bexiga regressa frequentemente quando a infeção desaparece.

Sabia que existem diferentes tipos de incontinência urinária?

Estes são os tipos mais comuns de incontinência urinária:

  • Incontinência de urgência. É causada por contrações involuntárias da bexiga que ocorrem sem aviso prévio, empurrando a urina através da uretra. É acompanhada da necessidade de urinar frequente, assim como de uma vontade forte e repentina.
  • Incontinência de esforço. Caracteriza-se pela perda de urina durante a realização de esforços físicos como o exercício, tosse, espirros, risos ou realização de outros movimentos corporais que exerçam pressão sobre o abdómen.
  • Incontinência funcional. Ocorre quando, apesar do reconhecimento da necessidade de urinar, o doente tem dificuldade em chegar a tempo a uma casa de banho devido a condições físicas, como mobilidade limitada.
  • Incontinência de regurgitação. Acontece quando a bexiga não consegue expulsar a totalidade da urina e, por isso, um volume crescente de urina acumula-se no seu interior, excedendo a capacidade da bexiga para a reter.

Pode ainda verificar-se uma combinação de um ou mais destes tipos, recebendo assim o nome de Incontinência Mista.

Mas conhece todos os sintomas desta doença?

A par do sintoma óbvio de perda de urina – ligeira ou mais severa - algumas mulheres destacam ainda outros sintomas:

  • Pressão ou espasmos na zona pélvica que causam uma forte vontade de urinar;
  • Incontinência de esforço. Caracteriza-se pela perda de urina durante a realização de esforços físicos como o exercício, tosse, espirros, risos ou realização de outros movimentos corporais que exerçam pressão sobre o abdómen.
  • Frequência urinária excessiva e contrária ao habitual, inclusive durante a noite;
  • Urinar enquanto dorme.

Sabia que existem tratamentos disponíveis?

Apesar de não estar associada a um aumento da mortalidade, a incontinência urinária tem um impacto direto no bem estar dos doentes, estando por vezes associada a quadros de depressão e ansiedade e até isolamento social. No entanto, a vergonha, a falta de conhecimento sobre as opções de tratamento e até o receio são alguns dos responsáveis pelo facto de ainda poucas mulheres e homens procurarem apoio para a resolução desta doença.

Mas temos boas notícias: a taxa de cura é muito elevada, rondando os 90%. Em conjunto com o seu médico poderá criar um plano de tratamento, que será determinado em função das suas caraterísticas individuais. Entre elas destacam-se a sua idade, saúde geral e historial médico, tipo de incontinência e gravidade da doença, tolerância e reação a tratamentos, ou mesmo expectativas pessoais face à doença e preferências.

Alguns dos tratamentos disponíveis podem contemplar a realização de medicação para relaxamento dos músculos da bexiga, electroestimulação para fortalecimento da musculatura ou cirurgia, com resultados muito positivos.

O que pode fazer em casa?

A adoção de comportamentos saudáveis ao longo da vida pode ajudar a prevenir a incontinência urinária e até a tratar esta doença quando ela aparece. O seu médico pode sugerir alguns exercícios ou mudanças de estilo de vida para travar a incontinência urinária. Estes passos podem incluir:

  • A realização de exercícios de Kegel. Em determinadas situações, como no caso da incontinência de esforço, os exercícios de Kegel podem fortalecer os músculos do pavimento pélvico. Porém, eles não são solução para todas as situações e em alguns casos podem até agravar os sintomas. Por isso, deve sempre consultar o seu médico.
  • Treinar a bexiga. Através da adoção de algumas rotinas pode controlar a bexiga hiperativa ou a incontinência, indo à casa de banho em horários determinados. Comece por identificar a frequência com que vai à casa de banho todos os dias e procure espaçar, aos poucos, as idas à casa de banho. Aumentando gradualmente a quantidade de tempo entre estas idas à casa de banho, estará a treinar a sua bexiga para reter a urina durante mais tempo.
  • Perder peso. O excesso de peso coloca pressão acrescida na bexiga e nos músculos envolventes, podendo dificultar o controlo do fluxo de urina. Se tiver excesso de peso, procure o apoio do seu médico para em conjunto com especialistas definir um plano alimentar saudável e integrar o exercício físico na sua rotina.
  • Mudar os hábitos alimentares. As bebidas com cafeína ou álcool, assim como os refrigerantes e as bebidas ou alimentos acídicos podem piorar as perdas de urina, pelo que limitar o seu consumo poderá ajudar a solucionar este problema.
  • Tratar a obstipação. A mudança de hábitos alimentares, com a ingestão de alimentos ricos em fibra, poderá ajudar a diminuir a prisão de ventre e assim reduzir o seu impacto na incontinência urinária.

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