Saúde oral, saúde total
- Existe uma relação comprovada entre saúde oral e a saúde em geral, sendo a saúde oral um bom indicador de bem-estar e qualidade de vida.
- As doenças orais mais comuns são a cárie, o mau hálito ou a doença periodontal.
- A higiene oral e outras medidas, tais como uma alimentação equilibrada ou a redução do consumo de álcool e eliminação do tabaco, previnem o desenvolvimento da larga maioria das bactérias nocivas que quando se juntam formam a placa bacteriana
Se quer ter uma saúde de ferro, comece por cuidar bem dos seus dentes, gengivas e língua. A higiene oral é essencial em todas as idades, de forma a prevenir cáries e mau hálito, entre outros problemas.
Sem saúde oral não há saúde geral
“A saúde oral é um indicador-chave da saúde geral, bem-estar e qualidade de vida”, abrangendo uma série de doenças e condições que incluem cárie dentária, doença periodontal (gengiva), perda de dentes, cancro oral ou defeitos congénitos, como lábio leporino e fenda palatina, salienta a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Com efeito, “existe uma relação comprovada entre a saúde oral e a saúde geral”, considera a OMS, dando como exemplo a relação da diabetes com o desenvolvimento e progressão da periodontite. Além disso, existe um nexo de causalidade entre o elevado consumo de açúcares e diabetes, obesidade e cárie dentária.
Os dados mais recentes revelam números preocupantes relativamente à incidência dos problemas de saúde orais. De acordo com o Global Burden of Disease Study 2019, a cárie dentária não tratada em dentes permanentes é a condição de saúde oral mais comum. Além disso, as doenças orais afetam cerca de 3,5 bilhões de pessoas em todo o mundo, sendo que os cancros do lábio e da cavidade oral estão entre os 20 cancros mais comuns em todo o mundo, com quase 180.000 mortes anuais.
Saúde oral tem vindo a ganhar importância crescente
Felizmente que a saúde oral é um tema que tem vindo a ganhar uma relevância crescente. Em 2021, a Assembleia Mundial da Saúde aprovou uma resolução histórica sobre a saúde oral. Pela primeira vez, os membros da OMS anuíram que a saúde oral deve integrar a agenda das doenças não transmissíveis e que as políticas desenvolvidas neste âmbito devem ser incluídas nos programas de cobertura universal de saúde.
A resolução reconhece ainda o impacto global das doenças orais e a sua correlação com outras patologias. Assim, os países da OMS comprometem-se a sensibilizar as populações para os fatores de risco associados a uma má saúde da boca e a adotar uma abordagem preventiva ao invés da tradicional curativa. Para alcançar estas metas de prevenção será necessário envolver todos os agentes da sociedade, desde as famílias e as escolas, passando pelos locais de trabalho e pela inclusão da saúde oral, de forma abrangente e inclusiva, nos cuidados de saúde primários.
Entretanto, já em 2022, foi discutida a implementação da proposta estratégica para a saúde oral, a nível global, que inclui várias recomendações apresentadas pela Federação Dentária Internacional (FDI), nomeadamente a inclusão da saúde oral na resposta da OMS a emergências de saúde, e na nutrição materna e infantil, alinhando as metas com o seu documento Visão 2030.
Doenças não transmissíveis e fatores de risco comuns
Segundo a OMS, a maioria das doenças e patologias orais partilham fatores de risco modificáveis com as principais doenças não transmissíveis (doenças cardiovasculares, cancro, doenças respiratórias crónicas e diabetes).
Como já reforçado, a diabetes tem sido relacionado de forma recíproca com o desenvolvimento e progressão da doença periodontal e há também um nexo de causalidade entre o elevado consumo de açúcar e diabetes, obesidade e cárie dentária.
Os fatores de risco para as doenças do foro oral incluem: O tabagismo, o consumo de álcool e uma alimentação pouco saudável e rica em açúcares, fatores que estão a aumentar ao nível global.
Doenças orais mais comuns
A nossa boca é “habitada” por milhares de bactérias. Alguns destes microrganismos unicelulares têm como função proteger a boca, razão pela qual são chamados bactérias “boas”. Contudo, outros destes microrganismos unicelulares são denominados bactérias “nocivas”, que causam lesões nos dentes (cáries) mau hálito (halitose), assim como outros problemas e patologias. As cáries são um problema que afeta tanto crianças como adultos, sendo mesmo a doença oral mais frequente.
· Cárie
A cárie destrói o dente e as suas estruturas. O excesso de açúcar na dieta alimentar facilita o crescimento de bactérias da boca, que se fixam aos dentes formando a placa bacteriana. O aparecimento desta placa vai favorecer o aparecimento de cáries, de doenças das gengivas e a destruição dos dentes.
· Mau hálito
Outro dos problemas orais mais frequentes é o mau hálito (halitose). Em cerca de 90% dos casos, o mau hálito tem origem na boca, principalmente devido a comida que fica presa entre os dentes, à volta das gengivas e na língua, que ao decompor-se pode ser a origem deste problema. Ao produzir menos saliva, a boca é incapaz de “se limpar a si mesma” e, consequentemente, de eliminar as partículas de alimentos. Mas não se esqueça que o mau hálito pode também ser causado por determinados alimentos, como o café, o álcool ou o tabaco. Em certos casos, ainda que em menor número, o mau hálito pode ser um sinal de outras doenças, nomeadamente de estômago, brônquios, rim ou fígado.
· Doença periodontal (gengiva)
A doença periodontal afeta os tecidos que envolvem e sustentam o dente. A doença é caracterizada por sangramento ou inchaço das gengivas (gengivite), dor e às vezes mau hálito. Em sua forma mais grave, a gengiva pode se soltar do dente e do osso de suporte, fazendo com que os dentes se soltem e às vezes caiam. A OMS estima que as doenças periodontais graves afetem cerca de 14% da população adulta global, representando mais de um bilhão de casos em todo o mundo. As principais causas da doença periodontal são a má higiene oral e o tabagismo.
· Cancro oral
O cancro oral inclui o cancro dos lábios, outras partes da boca e orofaringe. A sua incidência global é estimada em 4 casos por 100.000 pessoas, sendo mais comum em homens e em idosos e varia fortemente de acordo com a condição socioeconómica. O tabagismo e o álcool estão entre as suas principais causas.
· Fissura de lábio e palato
As fissuras orofaciais, os defeitos congénitos craniofaciais mais comuns, têm prevalência global entre 1 em 1.000-1.500 nascimentos, com grande variação em diferentes estudos e populações. A predisposição genética é uma das principais causas. No entanto, a má nutrição materna, o consumo de tabaco, o álcool e a obesidade durante a gravidez também desempenham um papel. Se as fissuras labiopalatinas forem tratadas adequadamente por cirurgia, a reabilitação completa é possível.
Prevenção
A carga das doenças orais pode ser reduzida, e poderá “rir com saúde”, abordando fatores de risco comuns. Estes incluem:
- Uma boa higiene oral, que inclua a escovagem dos dentes a seguir às refeições e antes de dormir.
- Promover uma alimentação equilibrada, pobre em açúcares e rica em frutas e legumes, e privilegiar a água como principal bebida;
- Interromper o uso de todas as formas de tabaco;
- Redução do consumo de álcool;
- Incentivar o uso de equipamentos de proteção na prática desportiva e nas viagens de bicicleta e mota;
- Agendar consultas regulares no dentista ou higienista oral;
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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