Cuidar do sorriso é muito mais do que cuidar da boca

Quotidiano
Última atualização: 19/08/2022
  • Ter uma boa saúde oral é fundamental não apenas para um sorriso bonito, mas também para a autoestima e saúde em geral.
  • Ter vergonha de sorrir ou, até, de falar devido à falta de higiene oral constitui um entrave na vida de muitas pessoas com importantes consequências físicas e psicológicas.
  • Atualmente existe uma diversidade de tratamentos para devolver a saúde oral e a autoestima, sendo fundamental também seguir os conselhos básicos para manter um sorriso saudável

Um sorriso bonito é fundamental para a autoestima, razão por que a saúde oral deve ser uma prioridade de todos. Está provado que sorrir faz bem – a nós e a quem nos rodeia – e ter uma boca saudável e bem tratada é meio caminho andado para potenciar esse estado de bem-estar e plenitude. A médica-dentista Sara Lisboa fala sobre a importância do sorriso.

Os benefícios de sorrir são muitos e embora o impacto físico, social e emocional do sorriso seja difícil de medir, a verdade é que o mesmo é facilmente percecionado por todos na vida quotidiana. Um sorriso sincero e descontraído pode desbloquear situações, promover entendimentos e gerar empatias. Mas e quando não se sorri por razões relacionadas com a saúde oral? De acordo com Sara Lisboa, médica-dentista, esta é uma situação que acontece com frequência e o impacto psicológico pode ser devastador. Por esta razão, sublinha a importância da saúde oral: “Nós não tratamos só a boca, por vezes tratamos até a autoestima da pessoa. Damos-lhe confiança para um sorriso, para encarar a vida de forma diferente e isso é fundamental.”

A boca e os dentes podem assumir uma dimensão gigantesca na vida de alguém, podendo, em casos extremos, ter impacto direto na saúde mental. Segundo a dentista, “há casos em que são os próprios psicólogos que, quando começam a perceber a origem do problema, sugerem a correção dentária, para dar uma nova forma ao sorriso”. Não é raro que situações como depressão ou ansiedade estejam relacionadas com a necessidade de intervenção da medicina dentária, “porque estas pessoas, muitas vezes, começam a esconder-se numa perda de dentes, que depois se vai transformando e evoluindo para coisas muito mais graves. Daí que um dos passos da sua melhoria seja também a recuperação da confiança na sua imagem”.

Vergonha e constrangimento

Ter vergonha de sorrir ou, até, de falar constitui um entrave na vida de muitas pessoas com importantes consequências. Sara Lisboa esclarece que é frequente que “queiram sorrir ou dar mais de si, mas sentem-se inibidas porque têm falta de dentes ou outra situação”. Uma das dimensões mais afetadas é a vida profissional, pois “funções relacionadas com o atendimento ao público são muitas vezes evitadas, levando a eliminar algumas hipóteses de trabalho”. Também os empregadores são muito sensíveis a esta questão e “quando se trata de contratar alguém para atender ao público preferem quem apresenta uma imagem mais clean, que transmita um sorriso e esteja à vontade”.

Além da falta de dentes, as situações que mais constrangimento e vergonha provocam passam pela coloração ou manchas dos dentes, os apinhamentos, as classes III (queixos proeminentes) ou o sorriso gengival. Em relação a este último, Sara Lisboa explica que acontece “quando a pessoa se ri e mostra muito a gengiva”. “É uma situação que até pode ser fácil de resolver, mas que leva a que as pessoas se vão escondendo e alterem a sua forma de estar para evitarem expor-se em demasia”, sublinha.

Sobrevalorização da imagem

A médica-dentista chama a atenção para o facto de atualmente se privilegiar cada vez mais “um sorriso estereotipado e tudo o que sai desta forma as pessoas olham e estranham”. Isto conduz a extremos, ou seja, chegam ao consultório “pessoas que têm a dentição completa e um sorriso branco, mas que não estão satisfeitas e querem mudar”.

Na origem desta situação está a “observação constante de imagens”, nomeadamente nas redes sociais. “As imagens podem até nem ser verdadeiras ou estar alteradas com Photoshop, mas as pessoas veem e querem”, refere, acrescentando que “há doentes que por vezes chegam sem nenhuma saúde oral, mas o que os preocupa é uma mancha num dente da frente”. Cabe, pois, ao médico-dentista “apontar o que precisa de ser feito, “ter um papel educativo e gerir expectativas”. Isto porque “nem tudo o que os doentes querem é possível, funcional ou correto”.

Tratamentos disponíveis

Atualmente, são muitos os tratamentos disponíveis para devolver a saúde oral e a autoestima de quem procura um sorriso sem falhas. Entre as muitas opções, Sara Lisboa destaca as mais frequentes, sendo que a escolha vai sempre depender “da pessoa, do problema e do orçamento disponível”:

  • Reabilitação oral – Com coroas, facetas ou restaurações em compósito;
  • Branqueamento dentário – Para afinar a coloração de dentes amarelados;
  • Ortodontia – Para casos em que haja um desalinhamento dentário ou esquelético acentuado;
  • Implantologia – Para corrigir a falta de dentes é possível recorrer a implantes e a coroas sob implantes ou, para situações mais extensas, a próteses híbridas (próteses com implantes);
  • Tratamentos gengivais ou periodontais – Para corrigir situações relacionadas com doença periodontal ou correção do sorriso gengival;
  • Prevenção – Aplicação de fluoretos e higiene oral.

Seis conselhos para garantir um sorriso saudável

Embora a medicina dentária esteja bastante evoluída, garantindo solução para a maior parte dos problemas, tal não substitui os adequados cuidados de higiene e adoção de um estilo de vida saudável. A dentista partilha alguns conselhos:

  1. Lavar os dentes duas vezes por dia (ou três, se possível), durante dois minutos;
  2. Os espaços entre os dentes têm de ser limpos com fita dentária, fio ou escovilhão (de acordo com o espaço existente);
  3. Quem tem estruturas mais complexas na boca, como implantes, ou doenças, como periodontite, deve manter os cuidados específicos aconselhados pelo médico-dentista;
  4. De seis em seis meses é aconselhada uma consulta de higiene oral e de manutenção;
  5. Redução da ingestão de alimentos e bebidas com açúcar. Sara Lisboa chama a atenção para a necessidade de se ensinarem estas regras às crianças, lembrando que “a última coisa a fazer à noite antes de dormir é lavar os dentes e não beber leite ou comer uma bolacha”. Quanto aos refrigerantes e bebidas isotónicas, sublinha o seu “elevado teor de açúcar”, o que “tem impacto na acidez da saliva e na mucosa oral e consequentemente no desgaste do esmalte e aumento da sensibilidade dentária, que são problemas que têm vindo a aumentar”;
  6. Cuidado com o tabaco, álcool e café – É conhecida a influência que estas substâncias têm na cor dos dentes, mas há que destacar também que, no caso do tabaco, “este entra na cavidade oral a uma temperatura elevada, o que constitui uma constante agressão à mucosa”. Já no que diz respeito ao álcool, a dentista realça que este “é uma das principais causas de cancro oral”.

Sorria muito. A saúde (e o amor) agradece

Dia Mundial do Sorriso assinala-se na primeira sexta-feira do mês de outubro e a celebração desta data deve-se a Harvey Ball, que criou em 1963 o famoso smile, o símbolo da cara amarela sorridente. Preocupado com a excessiva comercialização do ícone, o designer decidiu instituir um dia no ano para promover a troca de sorrisos e a prática de atos de bondade. Mas o objetivo principal é que o sorriso nos acompanhe o ano inteiro, até porque os benefícios são muitos:

Faz bem ao coração e reduz o stress – Sorrir tem o efeito de promover o relaxamento, porque o nosso sistema apreende a mensagem de que não há ameaças e pode descontrair. Como consequência, a pulsação diminui, a produção de cortisol (hormona relacionada com situações de stress e ansiedade) também reduz e a pressão arterial pode diminuir temporariamente. Isto é verdade mesmo em sorrisos forçados, como demonstra o estudo “Grin and bear it: the influence of manipulated facial expression on the stress response”, publicado por Tara Kraft e Sarah Pressman.

Aumenta a felicidade – Quanto mais se sorri, maior é a probabilidade de se ser feliz. Esta é uma crença universal, mas que tem vindo a ser estudada para perceber se tem algum fundamento científico e a resposta é afirmativa. De acordo com uma metanálise baseada em estudos sobre o tema, desenvolvidos ao longo de 50 anos, os investigadores concluíram que há alguma relação entre as expressões faciais – como o sorriso – e a experiência consciente das emoções, nomeadamente da alegria ou felicidade.

Melhora as relações amorosas  Se é fácil de perceber que sorrir para um companheiro pode aumentar a saúde da relação, já se torna mais difícil de compreender que o sorriso, só por si, ajuda a desenvolver melhores e mais longos relacionamentos. Mas foi isso que os investigadores Dacher Keltner e Lee Anne Harker descobriram ao compararem fotos dos livros de fim de curso com as situações amorosas de cada pessoa retratada aos 21 anos de idade. Concluíram que aqueles que sorriram de forma mais genuína e positiva eram os que mantinham casamentos mais saudáveis cerca de 30 anos depois.

Faz os outros sorrir também – Sempre que se sorri para alguém o mais normal é receber um sorriso de volta, o que faz com que o sorriso transmita uma mensagem universal de paz e harmonia, contagiante e facilmente compreendida por todos, independentemente da idade, cultura, raça, língua ou religião.

Alívio de dores, aumento da concentração, aumento da longevidade, reforço do sistema imunitário e exercício dos músculos do rosto são também benefícios associados ao sorriso. A isto junta-se a imagem que os outros criam da pessoa que sorri: mais simpática, disponível, boa profissional e competente, pelo que as motivações para sorrir são muitas e boas. Vamos sorrir?

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pelo Conselho Científico da AdvanceCare.

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