Sente-se especialmente cansado? Pode sofrer de astenia de primavera
- A astenia da primavera é uma síndrome, e não uma doença, que se carateriza por vários sintomas, entre os quais falta de energia e de apetite, irritabilidade ou dificuldades de memória.
- Esta síndrome resulta de vários fatores, sendo o ponto de partida a mudança da hora que acontece geralmente no final de março.
- Sincronizar o seu relógio biológico pode ajudar a ultrapassar esta condição que afeta mais as mulheres e reduzir os seus efeitos com uma alimentação adequada, boas rotinas de sono e exercício.
Passamos o inverno a sonhar com os primeiros raios de sol, mas a verdade é que a chegada da primavera nem sempre é vivida em total harmonia. Há quem associe os meses de março, abril e maio a um cansaço fora do normal ou sintomas de desmotivação ou até mesmo de depressão.
É habitual sentir-se especialmente cansado na primavera? Não se preocupe. Faz parte da metade da população que não escapa a uma síndrome que até já tem nome: a astenia da primavera.
Quais são os sintomas?
Os sintomas desta síndrome não são fáceis de gerir, mas a boa notícia é que a astenia não se trata de uma doença. Estes incluem:
- Falta de energia e de apetite;
- Dificuldades de memória;
- Irritabilidade;
- Diminuição da libido;
- Fadiga, fraqueza e desconforto geral.
Astenia resulta de vários fatores
A astenia da primavera é uma síndrome que ocorre devido a um conjunto de fatores, sendo o ponto de partida a mudança da hora que acontece geralmente no final de março. Apesar de ser apenas uma hora de diferença, o corpo precisa de se adaptar a uma rotina que lida agora com mais horas de sol. É normalmente nesse período, antes da adaptação total, que o corpo se sente mais vulnerável e sujeito à lista de sintomas já mencionada.
Além disso, esta mudança acontece também numa fase de grandes diferenças climáticas, mais ainda numa altura em que o conceito de meia-estação deixou de existir, o bom tempo associado à primavera parece chegar mais tarde e passamos de temperaturas frias para o bom tempo — e vice-versa, no outono — de uma forma brusca, dando menos tempo ao corpo para se adaptar.
Nem sempre a astenia é um problema sazonal associado exclusivamente à primavera, podendo derivar de problemas funcionais como o stress, a ansiedade ou estados depressivos, sendo estas manifestações associadas à chamada astenia funcional. Já a astenia orgânica pode derivar de problemas cardíacos, pulmonares, anemia entre outras patologias.
Sincronizar o seu relógio biológico pode ajudar
A astenia é um fenómeno que também pode ocorrer no outono com sintomas semelhantes, precisamente devido à mudança para o horário de inverno e, com isso, à redução das horas de luz, deixando para trás o bom tempo e dando lugar ao frio. Por esse motivo é importante sincronizar os seus hábitos diários com o seu ritmo circadiano, ajudando a alcançar e a manter a harmonia do organismo, a saúde e o bem-estar.
Ao contrário de alguns animais noturnos, como as corujas ou os morcegos, os humanos dormem quando escurece e acordam quando o sol nasce. Isso porque existem diferentes ritmos circadianos, que são as mudanças biológicas que seguem um ciclo de 24 horas e que controlam o ciclo sono-vigília.
Como observa a Associação Portuguesa do Sono, a mudança da hora nos relógios é fácil e nos equipamentos eletrónicos até é feita automaticamente, mas a do nosso relógio interno não é assim tão fácil. “O ritmo circadiano de cada um é regulado por vários fatores. A luz natural é um dos mais importantes, influenciando a secreção da melatonina que regula o grau de sonolência na preparação para a noite”, explica aquela Associação.
Quando o ritmo circadiano é perturbado, podem surgir distúrbios do sono, como insónia, síndrome das pernas inquietas ou despertares frequentes, e o risco de desenvolver certas condições e doenças como hipertensão, obesidade, excesso de peso, diabetes tipo 2, ansiedade, depressão e problemas cardiovasculares aumenta. Portanto, a melhor coisa que pode fazer para desfrutar de um ótimo estado de saúde e bem-estar é sincronizar o seu estilo de vida com o seu ritmo circadiano.
A adaptação a esta transição horária é variável entre as pessoas, podendo levar uma semana até que se consiga fazer o ajuste. Nas crianças, em particular, poderá corresponder a uma alteração dos esquemas horários de deitar e das sestas, sendo que aquelas crianças que têm tendência a acordar muito cedo poderão passar a acordar ainda mais cedo.
As mulheres são mais afetadas
Um estudo realizado pelo Centro de
Investigação sobre Fitoterapia Espanhol revela que mais de metade das pessoas sofre de cansaço generalizado
quando chega a primavera, com as mulheres entre os 35 e os 50 anos a encabeçar a lista da população mais afetada. Os
médicos envolvidos na investigação lembram que as mulheres são mais afetadas pelas alergias típicas desta época, que causam um
mal-estar generalizado e ajuda a perceber esta tendência para sofrer de astenia.
É possível reduzir os efeitos
A astenia é uma situação difícil de prevenir, mas existem formas de minorar os sintomas associados. A alimentação é o primeiro passo. É importante que a dieta seja equilibrada e rica em produtos da época. O ideal será apostar em alimentos mais energéticos, como a banana ou os frutos secos, por exemplo.
A prática de exercício físico vai complementar este trabalho feito pela alimentação, uma vez que aumenta a produção de endorfinas (neurotransmissores produzidos pelo cérebro) que promovem a sensação de bem-estar. A fechar este trio de receitas para diminuir a astenia está o repouso, fundamental para ajudar o corpo a restabelecer energias. É importante gerir o stress, planeando bem as tarefas do dia a dia, não descurando as horas de sono que, idealmente, deve ser de sete ou oito horas.
A astenia da primavera, apesar de afetar o bem-estar geral, é sazonal e passageira. Mas atenção, os sintomas não devem durar mais do que 10 a 12 dias. Caso perdurem, talvez seja boa ideia consultar um médico, para perceber se existe alguma patologia associada, nomeadamente anemia, depressão ou alguma perturbação da tiroide.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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