Sabe qual a causa mais comum para as vertigens?
- A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) é a causa mais comum das vertigens;
- A VPPB pode afetar qualquer pessoa, em qualquer faixa etária, mas é mais predominante em faixas etárias mais altas;
- Estes episódios ocorrem devido à deslocação dos cristais de carbonato de cálcio, mas ainda não se apurou uma causa específica para ocorrer esta deslocação;
- A VPPB convém ser tratada por um profissional de saúde, de modo a permitir o paciente levar uma vida normal sem risco, havendo estratégias para lidar com episódios de vertigens.
A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) é a causa mais comum de vertigens e, embora possa afetar qualquer pessoa, é nas faixas etárias avançadas que mais se faz sentir. A VPPB é tratada sobretudo com manobras realizadas por especialistas.
Passamos o dia a dia a depender dele, mas só quando nos falta percebemos como é determinante para a nossa vida. Referimo-nos ao equilíbrio, que é o que nos permite um quotidiano sem problemas, desde o momento em que nos levantamos da cama de manhã até que nos voltamos a deitar à noite, passando por todas as atividades diárias, como preparar refeições, caminhar, conduzir ou trabalhar. Quando algo compromete o equilíbrio — por exemplo, uma tontura ou uma vertigem —, a nossa qualidade de vida é ameaçada e a sua causa deve ser determinada. Ainda que sejam frequentemente confundidas, as vertigens e as tonturas são coisas distintas: as primeiras acontecem quando a pessoa, estando imóvel e sem que nada à sua volta se mexa, regista uma falsa sensação de movimento, por exemplo, sente-se girar, rodar ou a ser puxada para um dos lados; já tontura é um termo habitualmente usado, sem precisão, para descrever um conjunto de sensações, como visão turva, desequilíbrio, instabilidade, flutuação ou até mesmo vertigem, o que motiva a confusão entre as duas designações.
A vertigem acontece quando há um problema num dos vários sistemas que contribuem para o sentido de orientação em relação ao nosso corpo, por exemplo, o sistema vestibular (responsável pelo equilíbrio e localizado no ouvido interno), enquanto a tontura acontece sem essa relação. Tanto a vertigem como a tontura são um sintoma de algo e não uma doença em si, logo, a causa deve ser investigada, até porque a sua ocorrência pode ser bastante incapacitante, especialmente quando surgem acompanhadas de náuseas e vómitos. Além disso, são sintomas que podem dar origem a problemas graves, nomeadamente, quedas ou acidentes.
O que é a VPPB?
A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) é a causa mais comum da vertigem vestibular, estimando-se que afete cerca de 20 a 30% das pessoas que procuram apoio em consultas especializadas em vertigens. Verifica-se quando ocorrem episódios de curta duração (em geral, menos de um minuto) de uma sensação de rotação, como consequência de movimentos da cabeça ou da alteração da sua posição (daí a designação “posicional”), por exemplo, quando a pessoa se vira, olha para cima, se deita ou se levanta da cama. Esta vertigem pode ser, ou não, acompanhada de náuseas, vómitos ou movimento rítmico e involuntário dos olhos (o que é designado por nistagmo), mas não surgem outros sintomas associados, como perda de audição ou zumbidos (acufenos).
Este tipo de vertigem designa-se ainda “paroxística”,
porque se manifesta na forma de episódios repentinos e rápidos, além de que é “benigna”, ou seja, não constitui um
risco grave para a saúde.
Quem pode ser afetado?
A VPPB é extremamente rara em crianças, mas pode surgir em adultos de qualquer idade, ainda que a maior parte dos casos surja a partir dos 60 anos.
Aparentemente, este
tipo de vertigem aparece de repente e sem nenhum nexo causal, ou seja, não é invulgar que a pessoa relate
que tudo começou numa determinada manhã quando se ia a levantar da cama e começou a “ver tudo a rodar”. Ainda assim,
várias correlações têm vindo a ser estabelecidas, nomeadamente com situações de trauma, enxaqueca, infeções do
ouvido interno, lesões na cabeça ou no ouvido, repouso prolongado na cama, cirurgia do ouvido, diabetes, osteoporose ou
redução do fluxo sanguíneo, entre outras.
O que é que desencadeia?
Os episódios de VPPB ocorrem devido à deslocação de cristais
de carbonato de cálcio (designados por otólitos ou otocónias), que existem habitualmente no ouvido interno,
onde desempenham um importante papel na manutenção do equilíbrio durante a movimentação corporal habitual. Quando
estes cristais se deslocam do local anatómico correto para os canais semicirculares (na maior parte das vezes para o
canal posterior), surge a sensação de rotação rápida e isto porque, quando essas partículas se movimentam, enviam
uma mensagem errada ao cérebro, dizendo-lhe que a pessoa está a rodar rapidamente, mas aquilo que se passa é apenas
uma simples mudança de posição ou movimento de cabeça.
Diagnóstico e tratamento
Tendo em conta que as causas das vertigens podem ser várias, a forma de se confirmar o diagnóstico da VPPB é através de uma manobra realizada pelo médico, o qual altera a posição do doente. A mais comum é designada por manobra de Dix-Hallpike, que consiste em pôr a cabeça em posição pendente, de forma a desencadear uma crise, o que permite ao médico não só observar o movimento rápido dos olhos, como também perceber qual o lado afetado.
De igual forma, o tratamento da VPPB é baseado, regra geral, em manobras de reposição dos cristais, nomeadamente as manobras de Epley (a mais comum), de Semont ou os exercícios de Brandt-Daroff. Estima-se que a taxa de sucesso se situe em cerca de 90% (quando realizados entre um e três tratamentos), mas é possível que as manobras tenham de ser repetidas. Já os exercícios destinam-se a ser realizados pela pessoa no domicílio, na frequência indicada pelo médico.
Não há evidência que justifique a prescrição de medicamentos para tratar a VPPB e há até quem defenda que estes podem piorar o desequilíbrio. Além disso, apenas em situações muito raras se considera a opção cirúrgica. Caso as vertigens sejam acompanhadas por náuseas ou vómitos, é possível que o especialista receite medicamentos para estes sintomas.
A VPPB costuma desaparecer espontaneamente ao fim de algumas semanas ou meses, mas os episódios podem reaparecer mais
tarde, continuando ao longo de meses ou anos. Felizmente, os sintomas tendem a diminuir ao longo do tempo, à medida
que o cérebro se vai adaptando aos sinais que recebe.
Procurar ajuda é crucial
É importante que se procure ajuda de um profissional de saúde (normalmente da área de otorrinolaringologia, como os
otoneurologistas), sendo que existem já diversas
consultas hospitalares especializadas em vertigens, reunindo todos os profissionais envolvidos no correto
diagnóstico e tratamento da VPPB.
Cuidados durante um episódio de VPPB
- Se o episódio de VPPB surgir ao levantar-se da cama, volte a deitar-se lentamente e aguarde até que a vertigem passe;
- Evite movimentos bruscos da cabeça ou mudanças acentuadas de posição;
- Assim que sentir a vertigem, e caso tenha alguém por perto, avise sobre o que se está a passar, com vista a que a pessoa o ampare e ajude a sentar-se ou a deitar-se, caso seja possível;
- Depois do desaparecimento dos sintomas, retome as atividades diárias, pois o movimento e o exercício são importantes para uma restauração mais rápida do equilíbrio;
- Se alguma vez lhe foi diagnosticada VPPB, integre o hábito de se levantar e deitar devagar e evite tarefas que impliquem olhar para cima.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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