A pneumonia é uma infeção dos pulmões que afeta os alvéolos e os tecidos circundantes, podendo ser uma doença fatal em pessoas que sofrem de doenças crónicas graves. É a sexta causa mais frequente de todas as mortes e a infeção mortal mais comum que se adquire nos hospitais.
A pneumonia não é uma doença única, mas sim uma doença com muitas expressões diferentes, cada uma delas causada por um microrganismo diferente. De um modo geral, a pneumonia surge depois da inalação de alguns microrganismos. Pode, contudo, acontecer que os microrganismos sejam levados pela corrente sanguínea até aos pulmões ou migrados diretamente a partir de uma infeção próxima.
A pneumonia é a principal causa de morte nos países em vias de desenvolvimento.
Causas da pneumonia
Nos adultos, as causas mais frequentes da pneumonia são as bactérias, como o Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, Legionella e a Hemophilus influenzae. Os vírus, como os da gripe e da varicela, podem também causar pneumonia. O Mycoplasma pneumoniae, um microrganismo semelhante a uma bactéria, é uma causa particularmente frequente de pneumonia em crianças crescidas e em jovens adultos. Alguns fungos também causam pneumonia.
Grupos de Risco
Pessoas que sofrem de diabetes, insuficiência cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crónica, têm uma maior propensão para contrair pneumonia. Os idosos e as crianças surgem igualmente como grupos de maior risco para o desenvolvimento da doença, assim como todos os indivíduos que apresentam o sistema imunológico debilitado (como acontece nos doentes com HIV/SIDA, cancro e doentes transplantados). Pessoas debilitadas, acamadas, paralisadas ou inconscientes são mais suscetíveis à ação destes microrganismos.
A pneumonia também pode ser uma complicação do período pós-operatório, especialmente após intervenções ao tórax e abdómen e na recuperação de traumatismos.
Sintomas da pneumonia
Os sintomas da pneumonia são tosse produtiva com expetoração, dores no tórax, calafrios, febre e falta de ar. No entanto, estes sintomas dependem da extensão da doença e do microrganismo que a cause. O diagnóstico da pneumonia é feito através da auscultação e do RX do tórax. A análise da expetoração permite identificar o microrganismo responsável pela infeção.
Tipos de pneumonia
Pneumonia pneumocócica
A pneumonia pneumocócica tem início depois de uma infeção viral do trato respiratório superior (constipação, inflamação da garganta ou gripe) ter lesado os pulmões para permitir que os pneumococos infetem a zona. Após os tremores e calafrios, aparece geralmente febre, tosse com expetoração (frequentemente com sangue), falta de ar e dores no tórax ao respirar (do lado do pulmão afetado). Náuseas, vómitos, cansaço e dores musculares são sintomas igualmente comuns.
Staphylococcus aureus
Este tipo de pneumonia tende a desenvolver-se em indivíduos muito jovens ou de idade avançada e em indivíduos debilitados por outras doenças, o que justifica a grande taxa de mortalidade associada a este tipo de pneumonia. Os sintomas são os típicos da pneumonia, mas os arrepios e a febre são mais persistentes na pneumonia estafilocócica do que na pneumocócica. Pode ainda haver abcessos (acumulações de pus) nos pulmões e quistos pulmonares que contêm ar (pneumatocelos), especialmente nas crianças.
Hemophilus influenzae
É uma bactéria diferente do vírus influenza, que causa a gripe. As estirpes de Hemophilus influenzae tipo b provocam pneumonias graves (para além de meningite e epiglotite), sobretudo em crianças com menos de 6 anos. A difusão da vacina com o Hemophilus influenzae tipo b tem, contudo, contribuído para a redução da patologia. Espirros, corrimento nasal, febre, tosse produtiva e dispneia são os sintomas mais comuns. É ainda, frequente o aparecimento de líquido na cavidade pleural (o espaço compreendido entre as duas camadas da membrana que reveste o pulmão e a parede torácica) – chamado derrame pleural.
Doença do legionário
É provocada pela Legionella pneumophyla, uma bactéria que vive na água e que se propaga através dos sistemas de ar condicionado dos hotéis e dos hospitais. São mais comuns no fim do verão e início do Outono, afetando sobretudo pessoas de idade média e avançada. A infeção tanto pode provocar um quadro ligeiro, como ser potencialmente mortal. Os sintomas aparecem entre 2 a 10 dias após a infeção, sendo sobretudo cansaço, febre, dor de cabeça e dores musculares, aos quais se segue tosse seca que se transforma em produtiva. Os indivíduos com infeções agudas podem começar a sofrer dispneia intensa e têm, frequentemente, diarreia.
Pneumonia Viral
Muitos vírus podem afetar os pulmões, provocando pneumonia. Os mais frequentes em lactentes e crianças são o vírus sincicial respiratório, o adenovírus, o vírus parainfluenza e o vírus da gripe. O vírus do sarampo também pode causar pneumonia, especialmente em crianças desnutridas.
Nos adultos saudáveis, dois tipos de vírus da gripe, denominados tipos A e B, causam pneumonia. O vírus da varicela também pode provocar pneumonia em adultos. Nas pessoas com idade avançada, a pneumonia viral pode ser causada pelo vírus da gripe, da parainfluenza ou pelo vírus sincicial respiratório. As pessoas de qualquer idade com um sistema imune deficiente podem desenvolver uma pneumonia grave causada pelo citomegalovírus ou pelo vírus do herpes simples.
A maioria das pneumonias por vírus não se trata com fármacos. No entanto, certas pneumonias graves provocadas por vírus podem tratar-se com fármacos antivirais.
Pneumonia por Pneumocystis carinii
O Pneumocystis carinii é um microrganismo comum que pode residir inofensivamente nos pulmões normais, causando a doença em pessoas com sistema imunitário debilitado. Os sintomas surgem geralmente após várias semanas, sendo sobretudo febre, dispneia e tosse seca.
Pneumonia por aspiração
Partículas minúsculas provenientes da boca migram frequentemente para as vias aéreas, mas, de um modo geral, são eliminadas pelos mecanismos normais de defesa antes de chegarem aos pulmões. Quando essas partículas não são eliminadas, como no caso de uma aspiração de vómito, podem causar pneumonia. Debilidade, intoxicação alcoólica ou farmacológica e indivíduos sob o efeito de anestésicos apresentam um risco aumentado de desenvolver este tipo de pneumonia.
Tratamento da pneumonia
O tratamento passa pela administração de antibióticos adequados ao microrganismo em causa. Os indivíduos com bom estado geral podem fazer a terapêutica oral em casa. Idosos, indivíduos com dispneia marcada ou com doença cardíaca ou pulmonar pré-existente são habitualmente hospitalizados e tratados com antibióticos por via endovenosa. Pode haver necessidade de recorrer a oxigénio e ventilação mecânica.
Os exercícios de respiração profunda e a cinesiterapia para eliminar as secreções constituem uma forma de prevenir a pneumonia em pessoas que apresentam um risco elevado de contrair esta infeção (após intervenção cirúrgica ao tórax ou indivíduos debilitados). Os exercícios respiratórios são igualmente úteis uma vez que facilitam a expulsão da expetoração.
Artigo revisto e validado por Isabel Braizinha, especialista em Medicina Geral e Familiar.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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