A sífilis é uma doença sexualmente transmissível provocada por um microrganismo, a bactéria Treponema pallidum, que penetra através das membranas mucosas (como a vagina ou boca) ou através da pele. Esta atinge, numa questão de horas, os gânglios linfáticos, propagando-se, através do sangue, por todo o organismo. Além da transmissão por via sexual, a sífilis pode ser transmitida durante a gravidez, resultando daí a sífilis congénita, que pode causar defeitos congénitos e outro tipo de problemas no recém-nascido.

A doença teve o seu período de expressão máxima durante a 2ª Guerra Mundial, decaindo, posteriormente, em consequência da descoberta e posterior disponibilização da penicilina. A infeção por VIH (vírus da Imunodeficiência Humana) veio, mais tarde, dar nova expressão à doença. Ao instituir a prática de sexo seguro como a primeira linha de defesa contra a infeção do VIH, a luta contra a SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) acabou por ter efeitos na redução do número de infetados por sífilis.

Sífilis Treponema pallidum, bactéria responsável pela sífilis.

Nos países em vias de desenvolvimento a doença possui, a par da SIDA, uma grande prevalência.

Sintomas da Sífilis

Os sintomas expressam-se entre uma a treze semanas após o contágio. A infeção por sífilis passa por vários estádios: o primário, o secundário, o latente e o terciário. Há ainda a referir que algumas pessoas estão infetadas, mas não expressam sintomas.

Sífilis primária:

  • Feridas indolores.
  • Nódulos linfáticos aumentados.

Sífilis secundária:

  • Febre.
  • Fadiga.
  • Exantema.
  • Dores.
  • Perda de apetite.

Sífilis terciária:

  • Problemas no coração, cérebro e sistema nervoso.

Estádio primário

No estádio primário aparece, em regra, uma ferida única e indolor (sifiloma, também designado por cancro duro) no local da infeção, geralmente no pénis, vulva ou vagina. A lesão também pode aparecer no ânus, reto, lábios, língua, garganta, colo do útero ou dedos.

O sifiloma revela-se como uma pequena zona vermelha saliente que se converte numa ferida indolor (úlcera). Apesar de não sangrar, a ferida liberta um líquido claro altamente infecioso. Os gânglios linfáticos próximos costumam aumentar de volume, embora permaneçam indolores. O facto de não provocar sintomas expressivos conduz, com frequência, a que a doença seja ignorada. A lesão pode cicatrizar em cerca de três semanas ou pode demorar mais tempo, cerca de 12 semanas a cicatrizar.

Estádio secundário

O estádio secundário inicia-se com uma erupção cutânea, que tende a aparecer entre as seis e as doze semanas após a infeção.

  • Cerca de 25% das pessoas infetadas ainda apresentam a lesão inicial em fase de cicatrização.
  • Cerca de 80% dos doentes apresentam úlceras na mucosa oral.
  • Dos doentes, 50% apresentam gânglios linfáticos inflamados em todo o corpo.
  • Das pessoas infetadas, 10% manifestam inflamação nos olhos (inflamação normalmente sem sintomas).
  • Dos doentes, 10% apresentam inflamação bastante dolorosa nos ossos e articulações.

Nesta fase, alguns doentes apresentam inflamação renal, que pode conduzir ao aparecimento de proteínas na urina e inflamação hepática que se pode manifestar através da icterícia.

Um número reduzido de pessoas desenvolve meningite sifilítica aguda (inflamação da membrana que cobre o cérebro), que se traduz por cefaleia (dor de cabeça) e rigidez da nuca.

Podem aparecer condilomas planos, formações salientes em que a pele se junta a uma membrana da mucosa como bordos internos dos lábios e da vulva e nas zonas húmidas da pele. Estas lesões são extremamente infeciosas e podem revelar um aspeto achatado, de cor rosa-escura ou cinzenta. O pelo em volta das lesões costuma cair de forma não homogénea.

Pode haver sensação de mal-estar, perda de apetite, náuseas, vómitos, fadiga, febre e anemia.

Estádio latente

A doença entra num estádio latente, pelo que a pessoa não revela sintomas. A doença pode ficar latente durante anos ou décadas, podendo eventualmente não voltar a expressar-se.

Estádio terciário

A sífilis terciária é o estágio final da sífilis. A infeção propaga-se para o cérebro, sistema nervoso, coração, pele e ossos. Nesta fase, a doença não é contagiosa. Os sintomas podem ser ligeiros ou muito agressivos. Nesta fase a sífilis distingue-se entre: sífilis terciária benigna, sífilis cardiovascular e neurossífilis.

  • Sífilis terciária benigna: é muito rara nos dias de hoje. Aparecem, em vários órgãos, formações chamadas gomas, que crescem lentamente, saram de forma gradual e deixam cicatrizes. Estas lesões podem aparecer em quase todo o corpo, mas são mais frequentes na perna mesmo abaixo do joelho, na parte superior do tronco e no couro cabeludo. Os ossos podem ser afetados, provocando uma dor profunda e penetrante que se costuma agravar à noite.
  • Sífilis cardiovascular: pode aparecer entre 10 e 25 anos depois da infeção inicial. O doente pode desenvolver um aneurisma da aorta ou insuficiência da válvula aórtica. Estas perturbações podem causar dor no peito, insuficiência cardíaca ou morte.
  • Neurossífilis: afeta cerca de 5% de todos os doentes não tratados. As três classes principais são a neurossífilis meningovascular, a neurossífilis parética e a neurossífilis tabética.

Tratamento da Sífilis

O diagnóstico da sífilis é feito mediante análises laboratoriais. Nos estádios primário e secundário, é possível diagnosticar a doença colhendo uma amostra de líquido de uma úlcera da pele ou da boca e identificando as bactérias ao microscópio. A pesquisa de anticorpos também pode ser realizada mediante análises ao sangue. No estádio latente, a sífilis só se diagnostica através de provas de anticorpos efetuadas com amostras de sangue ou líquido retirado da medula espinhal (líquor). No estádio terciário, diagnostica-se a partir dos sintomas e do resultado de uma pesquisa de anticorpos.

Uma vez que nos dois primeiros estádios a sífilis é infeciosa, as pessoas infetadas devem evitar o conctato sexual até terem completado o tratamento (que deve ser extensível aos parceiros). Todas as pessoas que tenham mantido contacto sexual nos três meses anteriores ao aparecimento da lesão primária da infeção, correm o perigo de estar infetadas.

A sífilis em estádio secundário coloca em perigo todas as pessoas que tenham tido contacto sexual com o indivíduo infetado no mês anterior ao aparecimento dos sintomas, pelo que todas estas pessoas devem ser submetidas a pesquisa de anticorpos para a bactéria.

A penicilina é, em geral, o melhor antibiótico para todos os estádios da sífilis, e que se ministra em injeção intramuscular. No estádio terciário pode, contudo, ser necessário um tratamento endovenoso mais intenso.

A doxiciclina e a tetraciclina são antibióticos alternativos para os alérgicos à penicilina.

Cerca de metade das pessoas tratadas para os estádios iniciais da sífilis, especialmente no estádio secundário, revelam um quadro sintomático após 2 a 12 horas do início do primeiro tratamento (reação de Jarisch-Herxheimer), cujos sintomas são calafrios, febre, mal-estar, dores articulares, dores musculares, dores de cabeça, agravamento temporário das úlceras, náuseas e exantema e que desaparecem em pouco tempo.

Artigo revisto e validado por Isabel Braizinha, especialista em Medicina Geral e Familiar.

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