Ulcera Gastro-duodenal

As úlceras gastroduodenais ou pépticas são “feridas” que surgem no revestimento interno (mucosa) do tubo digestivo (esófago, estômago, duodeno, intestino delgado e cólon) e que resultam no desaparecimento deste revestimento. Estas úlceras podem ter diferentes denominações consoante o local que é afetado:

  • No interior do estômago – úlceras gástricas.
  • No interior do esófago, a parte mais estreita do tubo digestivo e que une a boca e faringe ao estômago, sendo um canal de passagem dos alimentos – úlceras esofágicas.
  • No interior da parte inicial do intestino delgado, designada de duodeno – úlceras do duodenais.

No caso do estômago, o ácido e pepsina libertados, bem como a bactéria Helicobacter pylori, contribuem para este processo.

Ulcera Gastro-duodenal Úlcera gástrica crónica.

Na ausência de tratamento adequado as úlceras podem aumentar de tamanho e tornarem-se mais profundas.

Causas de Úlcera Gastroduodenal

Existem duas situações comuns que podem desencadear uma úlcera:

  • A infeção pela bactéria Helicobacter pylori é responsável pela maioria dos casos de úlcera do estômago ou do duodeno – estima-se que corresponda a 85% das complicações.
  • O segundo fator que mais provoca este tipo de lesão é o uso continuado de ácido acetilsalicílico (Aspirina) ou de medicamentos anti-inflamatórios, como o ibuprofeno.

No entanto, existem outros fatores de risco que merecem especial atenção:

  • História familiar de cancro do estômago ou úlceras.
  • Consumo de bebidas alcoólicas e hábitos tabágicos.
  • Maus hábitos alimentares, com uma dieta pobre em fruta e vegetais.
  • Sistema imunitário fragilizado.
  • Ter mais de 40 anos.
  • Toma de medicamentos que podem fragilizar o sistema digestivo e afetar a coagulação.
  • O stress pode potenciar a produção de ácidos que desgastam as paredes do estômago.

No que respeita ao uso de condimentos, não existe evidência científica que relacione o consumo de comidas picantes e a úlcera.

Sintomas de Úlcera Gastroduodenal

As manifestações da doença dependem do seu estado e evolução. A sintomatologia mais frequente inclui:

  • Sensação de ardor no centro e parte superior do abdómen, provocada pelo contacto entre o ácido gástrico e a zona lesionada.
  • Mal-estar durante a digestão.
  • Enfartamento, náuseas e vómitos.
  • Perda de peso.
  • Mudanças de apetite.
  • Em estados mais avançados, podem surgir fezes escuras e com odor mais intenso. Esta manifestação ocorre quando há hemorragia da úlcera e resulta da digestão do sangue no estômago e intestino.

Tratamento de Úlcera Gastroduodenal

Para confirmar o diagnóstico e localizar a úlcera (ou úlceras), o doente é submetido a endoscopia ou, menos frequentemente, a radiografia com bário. Na presença de uma úlcera o tratamento principal consiste na inibição da secreção ácida através da toma de um inibidor da bomba de protões (por exemplo, omeprazol, pantoprazol, esomeprazol, entre outros). Outras medidas incluem o repouso e a suspensão do consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e fármacos como os anti-inflamatórios não esteroides e a aspirina. Se também for identificada a bactéria Helicobacter pylori, normalmente está indicada a sua erradicação através da toma de antibióticos e inibidor da secreção ácida. Também pode ser aconselhada uma dieta que privilegie refeições leves e quentes e restrinja alimentos ácidos, gordos ou de difícil digestão.

Artigo revisto e validado pela médica Lídia Roque Ramos (serviço de gastrenterologia).

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