A cefaleia é o nome genérico dado a uma dor localizada na cabeça ou na região superior do pescoço (região cervical). O seu impacto é de tal forma importante, que as cefaleias foram consideradas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como sendo o transtorno neurológico mais frequentemente relatado nos cuidados primários e uma das 10 doenças causadoras de maior índice de incapacidade em todo o mundo.
A dor da cefaleia pode ser sentida num lado da cabeça ou em toda ela.
Tipos de Cefaleias
As cefaleias podem ser:
- Primárias – Segundo a Sociedade Portuguesa de Cefaleias, 90% das cefaleias são de origem primária, ou seja, a cefaleia é recorrente, tornando-se numa doença por si só. Existem dois tipos de cefaleias primárias:
- Cefaleias de tensão: Na sua origem poderá estar a diminuição da tolerância à dor ou a contração dos músculos em redor da cabeça. Embora as suas causas não estejam completamente esclarecidas, as cefaleias de tensão estão habitualmente associadas a situações de stress, cansaço, sono insuficiente ou não reparador e ansiedade.
- Enxaqueca: Pode iniciar-se em qualquer idade, mas manifesta-se geralmente em pessoas entre os 10 e os 30 anos de idade. Por vezes, desaparece depois dos 50 anos e é mais frequente nas mulheres do que nos homens. Mais de 50% das pessoas com enxaqueca têm história familiar da doença, o que supõe a existência de um fator genético que lhe está associado.
- Secundárias – A cefaleia secundária deve-se a outra doença subjacente, ou seja, a dor de cabeça é sintoma de um outro problema. O tratamento destas cefaleias passa pelo tratamento do problema que as origina (traumatismo craniano, meningite, hipertensão, sinusite, dores de dentes ou de ouvidos).
Causas das Cefaleias
As cefaleias de tensão advêm de situações, como:
- Cansaço.
- Stress.
- Falta de repouso (não dormir bem ou não dormir o suficiente).
- Má postura.
As enxaquecas podem ser desencadeadas por fatores como:
- Estímulos visuais (luz / movimento).
- Cheiros intensos.
- Tensão emocional/stress.
- Esforço físico, álcool, jejum prolongado, alimentos, etc.
- A enxaqueca manifesta-se quando as artérias que irrigam o cérebro se contraem e a seguir se dilatam, o que ativa os recetores da dor. Não se conhece a causa da constrição nem da dilatação dos vasos sanguíneos, mas uma concentração anormalmente baixa de serotonina no sangue, uma substância química que intervém na comunicação dos neurónios (neurotransmissores), pode desencadear as contrações.
- Raramente a causa subjacente da enxaqueca é uma malformação de um vaso sanguíneo; nesses casos, a dor de cabeça apresenta-se quase sempre do mesmo lado. No entanto, na maioria das pessoas as dores de cabeça ocorrem indistintamente num lado ou noutro.
Uma dor aguda e de manifestação recente pode ser sintoma de uma pressão elevada do líquido ocular (glaucoma), constituindo esta situação, sem dúvida, uma urgência médica.
A hipertensão pode provocar uma dor pulsátil na cabeça, mas é pouco frequente que seja a causa de uma cefaleia crónica.
Sintomas da Cefaleia
Cefaleias de tensão:
- Dor moderada sobre os olhos ou a nuca, ou então uma sensação de pressão forte (como uma fita apertada à volta da cabeça), que pode acompanhar a dor. Esta pode abranger toda a cabeça e por vezes irradiar, para trás, para a nuca até aos ombros.
- Piora ao longo do dia.
- Não se agrava com movimentos ou esforços.
- Uma dor aguda e de manifestação recente pode ser sintoma de uma pressão elevada do líquido ocular (glaucoma).
Enxaqueca:
- Cerca de 20% das pessoas manifestam sintomas de depressão, irritabilidade, inquietação, náuseas ou falta de apetite, que surgem cerca de 10 a 30 minutos antes de se iniciar a dor de cabeça (período denominado aura ou pródromo).
- Uma percentagem semelhante de pessoas perde a visão numa área específica (situação denominada ponto cego ou escotoma) ou apercebe-se de luzes dispersas ou cintilantes; com menos frequência sofrem uma distorção das imagens (os objetos parecem mais pequenos ou maiores do que na realidade são).
- Algumas pessoas têm sensações de formigueiro ou, com menor frequência, perda de forças num braço ou numa perna. É habitual que estes sintomas desapareçam pouco antes de se iniciar a cefaleia, mas, por vezes, misturam-se com a dor.
- Piora com o esforço.
- Náuseas, vómitos.
- Fotofobia (intolerância à luz).
- Sonofobia (intolerância aos sons).
- Osmofobia (intolerância aos cheiros).
- A dor da enxaqueca pode ser sentida num lado da cabeça ou em toda ela. Por vezes, mãos e pés podem arrefecer e adquirir uma coloração azulada. A enxaqueca pode aparecer de forma muito frequente durante longos períodos e depois pode desaparecer durante semanas, meses ou mesmo anos. Algumas pessoas sentem-se irritáveis durante uma crise de enxaqueca e procuram estar sozinhas, muitas vezes num quarto escuro.
Tratamento da Cefaleia
O diagnóstico é feito com base no tipo de dor que o doente apresenta. A dor permite perceber de que cefaleia se trata. Habitualmente não são necessários exames complementares de diagnóstico.
Para distinguir as cefaleias tensionais das perturbações mais graves, é necessário ter em conta a duração da dor, a sua localização, o que a provoca, o que a alivia e se está associada a outros sintomas, como enjoo, fraqueza, perturbações sensitivas ou inclusive febre.
A dor de cabeça de aparecimento recente – que desperta a pessoa durante o sono e é invulgarmente aguda, aparece a seguir a um traumatismo craniano, ou coincide com outros sintomas como formigueiro, debilidade, falta de coordenação, alterações da visão ou desmaios, é muito provável que não seja uma cefaleia tensional, necessitando portanto de investigação com exames complementares.
Cefaleias de tensão:
Deve ter-se em conta medidas não farmacológicas, tal como repor sono em falta, descansar, realizar exercício físico e tentar evitar situações de stress. Pode haver necessidade de recorrer a medicamentos analgésicos.
Nas situações agudas, as enxaquecas necessitam de medicação para alívio da dor, podendo haver necessidade de usar medicação a longo prazo, de forma a evitar a recorrência das crises. As cefaleias agudas podem responder aos analgésicos mais potentes, alguns dos quais contendo derivados opiáceos.
Enxaqueca:
- Caso não sejam tratados na fase aguda, os episódios de enxaqueca podem demorar várias horas ou dias a passar.
- É bastante frequente que as dores de cabeça sejam intensas e incapacitantes de forma temporária, especialmente se forem acompanhadas de náuseas, vómitos e mal-estar produzido pela luz intensa (fotofobia). Nesses casos é habitual que os analgésicos comuns não aliviem a dor de cabeça e esta possa diminuir somente após um período de descanso e de sono.
- Dado que as dores de cabeça e os principais sintomas da enxaqueca acontecem somente depois da dilatação das artérias contraídas, o pródromo é um sinal de alarme durante o qual se pode prevenir a dor com um medicamento.
- A cafeína em doses elevadas ajuda também a prevenir a dilatação vascular e muitas vezes administra-se juntamente com os analgésicos. Além disso, certos fármacos, tomados diariamente, podem prevenir a recorrência das crises de enxaqueca.
Artigo revisto e validado pelo especialista em Medicina Geral e Familiar José Ramos Osório.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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